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Desgraça

  O amor Algumas poucas vezes lindo Outras muitas vezes não Fere, machuca Até mesmo mata O amor é uma desgraça Muita gente enganada Sofrendo pelos cantos Chorando nas madrugadas Coitado de quem ainda acredita Em histórias românticas Nessas bobas mentiras Paixão Um golpe do coração Mas tem ainda quem cai Nesse papo furado Nesse jogo roubado Amor Arma engatilhada O telhado esperando uma pedrada É melhor nem tentar Entre viver e correr o risco Prefiro a frieza da solidão Amor O olhar atrapalhado por um cisco

Djavan

  Não deixe para amanhã O "eu te amo" de hoje Acompanhado de flores E um cartão Todo dia é um bom dia Para ouvir palavras bonitas Coisas do coração Pressa Tudo passa rápido É preciso ter pressa E ir logo ao que interessa Ser feliz Um dia tudo acaba Aí pode ser tarde demais Pode ser nunca mais Escolha o alvo Mire e atire Acerte em cheio Bem no meio Pé na porta Antes de ir embora Não pense o que vão pensar Não pense no mundo lá fora Não deixe para amanhã Faça poesias, declarações Cante uma canção Cante Djavan

Incoerências

  Show de rock Em um convento Festa à fantasia Em um velório Choro de despedida Na chegada O sol batendo forte Na janela fechada Nem tudo faz sentido Nem tudo é bonito O jardim tem flores Mas também tem bichos O sucesso e o fracasso Andam lado a lado Repartindo sonhos Como cartas de um baralho Os espantalhos Não são inimigos dos pássaros São aliados Apenas ocupam o mesmo espaço Agora esqueça Essas ideias loucas Poucas e boas

Luiza

  Sou tudo e mais um pouco Tudo menos hipócrita E o que não gosto O que não faz bem Fica atrás da porta Encontrei todo mundo Mas não encontrei quase ninguém Incoerências dessa vida E nessa vida vou sempre muito mais além Quem melhor me vende Sou eu, sou eu Conheço bem o sucesso Não é bem o que quero E nem o que preciso Prefiro o tal de Jesus Cristo E todo dia escolho caminhar Mesmo sem saber onde vou chegar Só quero ser feliz Eu sou, eu sou A prova viva do amor Eu não estou só Hoje tenho voz

Carnaval

  Nem sempre sou igual Uns dias choro Nos outros faço Carnaval Brindo com copo de plástico Comemoro datas erradas Sou o maluco da pesada O que topa umas paradas Nem sempre sou igual Nem sempre sou legal Estudo o dicionário Para usar palavras certas Nas piores horas Gosto de pensar no ontem Porque não entendo o agora Cansei de tanta alegria Dos outros e da minha E esse negócio chamado vida Sou apenas mais um artista

Os Passos do Poeta

  Vou seguir os passos do poeta Vou para o Leblon Vou invadir uma festa Dançar com o garçom Quebrar garrafas Fazer uma cena Beijar velhas interesseiras Convidar para um cinema Vou sair sem dar tchau Declamar poesias em ruas escuras Vou para praia ver gente nua Observar o amor e outras loucuras Vou rasgar um blues Uivar nos telhados Tocar minha gaita Namorar retratos Vou fingir costume Viver longe do anonimato Vou ouvir o poeta E suas frases diretas Quebrar o gelo Vou ficar no meio Entre curvas e retas

Filho Meu

  Meu filho é Muito melhor do que eu Nem tem comparação Tem a calma que eu não tenho Nunca tive Tem o mundo na mão Meu filho Conhece o melhor caminho Traça seu próprio destino Sabe tudo que eu não sei O que nunca vou saber É tudo que sonhei Meu filho Encanta conhecidos Sorri para desconhecidos Amigo dos amigos Sabe conversar Não precisa de grito Não precisa gritar Meu filho Tem a bondade dos anjos Não tem vergonha do pranto Só sabe ser feliz Meu filho Ainda uma criança Mesmo namorando Não cabendo na cama

Sem Fé

  Não ter religião Ter fé E ser o que quiser Cada uma das cores Os bons amores O que a gente é Amor é afeto Múltiplo, sincero Trabalho em dupla Em grupo, sem consulta Honra ao mérito O pecado está nos olhos No mau hálito da alma Ninguém é culpado Paixão de apaixonado O ouro que é do tolo Já não brilha tanto Não sai do seu quadrado Acreditar Crer naquilo O impossível não existe Ousadia é amar Beijar Escapar do medo De mãos dadas É assim que a gente resiste Mesmo com cara de segredo

Ritmo Perfeito

  Pela rua Olhando céu Caçando estrelas Procurando lua Lua de mel E no fundo uma canção Trilha sonora Quem ouve chora Nossa emoção Uma flor por um beijo Sua voz no silêncio Amor desafiando o tempo E quem não acreditou O destino contou Toda verdade Toda nossa verdade O ritmo perfeito Ainda temos o direito De viver em paz Na beleza da paz E todo mundo sabe Tudo que a gente faz

Primeiro Olhar

  Quero sentir de novo O delicioso prazer De olhar seus olhos Como na primeira vez Vou voltar no tempo Para o exato momento Que o amor invadiu A paixão tomou conta O mundo cinza coloriu Tudo é bom Tudo é muito bom Mas nada se compara Nada tem a mesma graça Destino com hora marcada Nem tenho boa memória Só lembro dia, mês e ano O que tinha em cada canto A cor da sua roupa O tempo que parou Cada gesto seu Mas não tenho boa de memória Vivo voltando no tempo O primeiro encontro Quando nasci, renasci Fiquei sem palavras Quando apenas tive certezas Que a vida é uma caixinha de surpresas

  Da janela lateral Vejo uma esquina Uma criança tímida Plantas e animais Vejo nuvens chegando Meu povo cantando Vejo Minas Gerais O vento que sacode meu cabelo Balança seu vestido cor de girassol E essa dor aqui em meu peito É todo medo de um dia ficar só Vamos montar um clube Criar canções Escrever nos muros Procurar o trem azul Nos trilhos das estações Aqui é América do Sul De Milton, Borges e mais alguns Das mais lindas paisagens Das mais belas poesias Os heróis não envelhecem Nem os sonhos, nem os mestres Da janela lateral...

Amargos

  Reunião de amigos Os inimigos da sociedade Os mais odiados Abençoados na maldade Uma casa nada Santa Almas armadas Espinhos da planta Gritos na escuridão Acompanhados, juntos Dentro da mesma solidão O beijo tem gosto amargo Ordens que vem do alto Cortina de fumaça O tempo de vez em quando passa Protagonistas Segunda categoria Morte ou vida Noite e dia Liberdade esquecida Celas e grades Cada um com sua verdade