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Cinderela

  Cinderela tropeçou Caiu no asfalto quente Quebrou o salto Ficou arrasada Quase três dias doente Mas Cinderela se recuperou Foi ao shopping e gastou O que tinha, o que não tinha Pagou tudo no cartão Depois chorou E até que um dia Cinderela encontrou um amor Idas e vindas Promessas e juras Tristeza e dor Não foi como imaginou Caiu nas mãos de um errado Comeu o pão do Diabo E só chorou Um dia o silêncio tomou conta Três facadas Sangue escorrendo na calçada O que sobrou Sonhos e uma sandália

Mundinho

  Mundo tão pequeno Do tamanho do meu quarto Paredes e retratos O som que vem lá de fora Que ocupa todo espaço Pulo janelas Caio no colo da sorte Do prazer tão forte Minha natureza Desejo que alimenta Minha alma Tranco a porta Desfaço o laço Separo os brinquedos Escondo os medos Pés descalços Um passado brilhante Ovelha negra Terrível amante Nas cores vivas Nas bocas malditas O tesão é insinuante

Descanso

  Trabalho para descansar Descanso para trabalhar Mais importante que o trabalho É o não trabalho É saber aproveitar Viver cada instante Sorrir em qualquer lugar E ganhar dinheiro Mas também ser feliz O equilíbrio perfeito Entre o experiente E o aprendiz Virar a página de um livro Sem pressa Ler o próximo capítulo Depois uma reza Agradecer por tudo Tudo em ritmo de festa Ganhar tempo Controlar bem o tempo Saber fazer o tempo O tempo da paz

Último Natal

  Você já pensou Pode ser o seu último Natal Ou o último de quem você ama Nossa vida é um drama Uma tragédia sem precedentes Viver e não saber Tudo sobre o amanhã É ter medo E não entender o motivo Mas é continuar Pois não existe outra maneira De correr esse perigo E o futuro Nem é tanto tempo assim Um jardim de dúvidas Músicas sem lógica Sem refrão e fim Beije, se despeça Diga até logo Pode não ter volta O último Natal A última história

Novos Sonhos

  Faz tempo que a gente não olha Um no rosto do outro Faz tempo que a gente não ri Um da cara do outro Será que você está bem? Eu não estou Mas tudo bem Tudo bem Precisamos nos encontrar Pela última vez Só mais uma vez Precisamos nos perdoar Antes que seja tarde demais E quando eu partir Dessa para uma quase melhor Vou sempre voltar Em seus pensamentos Nos seus sonhos loucos Vários momentos O vento estranho Que balança cortinas Que arrepia Que seca lágrimas Sou eu, sou eu, sou eu

Chinelada

  Já é quase Natal E você discutindo chinelo Coisa de maluco De maluco velho Já é quase Natal Dia de tanta fé E você louco Reclamando do que eu uso no pé Uva passa no arroz Pavê ou "Pacomê" Fruta na maionese Chinelo para jogar ou vender Discussões importantes Antes de enlouquecer Inteligência virtual Burrice natural Não solta tiras Não fede e nem cheira Direita e esquerda Todo dia uma besteira Chinelo para bater na bunda Chinelo com prego Para uma dor mais profunda Direita ou esquerda Diga logo você Que lado está O saci-pererê?

De Próprio Punho

  Gosto dos riscos Dos rabiscos do seu corpo Das cores vivas Seu jeito louco Sua cara de verão Sabor de qualquer estação Desejo constante Toda fome, toda sede Tentação Seus passos arrastados Na areia escaldante O prazer como nunca antes No vai e vem Sua beleza impressionante Bastou um olhar Um único olhar Para apaixonar Não querer largar Ficar aos seus pés Faço rascunho Dos seus riscos De próprio punho

Ciclo

  E lá vou eu De novo para o mar Imaginar que estou bem Estou curado E lá vou eu Fingir que não sinto nada Adoro ser enganado O vento tão forte O corpo tão fraco E tudo que faço Sorrir Fechar os olhos e fugir O sal Já não tem o mesmo efeito O mesmo poder Mas ainda tempera o meu ser Enquanto existe tempo Eu tenho tempo Para todo dia renascer Em posição fetal Escuto o som dos sinos Os gritos da alma Um sonho de liberdade Está terminando, está chegado Fim de mais um ciclo

Cor

  Vermelho ou laranja? Espatódea ou outra planta? Guaraná ou Fanta? Cabeça de fogo ou tocha humana? Minha barba que era ruiva Agora é branca O mundo é cruel Foi feito para todos Mas nem todos vão para o céu E eu nem sou deste planeta Sou de Marte Só estou de passagem Esperando o som das trombetas Sangue nos olhos Calor da fogueira Rubra rosa Chão de terra Carne crua Corpo do avesso Timidez e medo Qual é a cor do sol?

O Tempo

  O bom do tempo É que ele passa Apaga Tudo de ruim O problema do tempo É que ele passa Arrasta Tudo fica perto do fim Parei de viver Faz um tempão Deixei meu sorriso Fui embora tão jovem No auge da beleza e da sedução Nem todo mundo tem minha sorte Nem todo mundo conhece a morte Fica sempre para depois O corpo vai derretendo É a força do tempo Deixei alguns poucos rastros Fui um relâmpago Tão rápido Um meteoro Uma luz no espaço

Engraçadinha

  Chorar na chuva É mais fácil Disfarça tudo Esconde os fatos E o pensamento Que tanto fala Grita por espaço Observo olhares Percebo os desejos Cada um tem sua história Todos têm os seus segredos Vontade que excita Tesão que ninguém explica Por baixo dos panos Outros quentes planos A próxima vítima Um crime sem culpados Caçadores cheirando sua caça Loucos incontroláveis Prazer que não acaba Engraçadinha fazendo graça Chorar na chuva Engana, disfarça

Contrário

  Vivo no sentido contrário Algumas vezes errado Mas prefiro correr o risco Não nasci para morrer no precipício O inimigo está por todos os lados E eu criando o meu próprio pecado Escuto gritos Mas mantenho distância O calor, o perigo Prazer de um filho Sensualidade de uma dança Bocas procurando beijos Ousados, apaixonados Quentes em segredo Nem todo mundo entende Nem todo mundo decifra o tempo Na hora do amor Ninguém é inocente O corpo sente Toda deslealdade De uma alma doente Continuo no sentido contrário...