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Sei Bem

  E quando você olha assim Sei muito bem o que quer falar O que vai falar E quando você olha assim Sei tudo que vou ouvir Sei bem o que fiz Já conheço E como conheço Seus gestos Suas expressões Broncas em silêncio Todas suas emoções Tenho amor, tenho juízo Nada se conquista com um grito Cada um em seu lugar Embaixo dos seus olhos Sob seu olhar Conheço os seus passos Principalmente o próximo Sei do que é capaz Tudo o que faz Não precisa mostrar quem manda Todo mundo sabe Quem realmente comanda E quando você olha assim...

Ladeiras

  Está tudo errado Tudo com cara de pecado O medo tomando conta Eu procurando um lado Desço ladeiras Sem segurar em nada Sem capacete, sem proteção Ter coragem É um ato solitário Imaginário Mesmo distante da solidão E quando estou em casa É na janela que tudo passa Pouca alegria, muita tristeza Vontade que não acaba O passado Morto e enterrado Ressuscitou Invadiu meu espaço O inferno Estragando o que estava certo O mal voltou

Partiu

  Viveu até o fim Foi até o limite Não desistiu Até onde deu Acabou, morreu Sempre do alto Disfarçou a sua solidão Distraído Tropeçou, caiu no chão Rezou Pediu aos Santos Para o seu Deus Lutou Brigou com os problemas Não deu Acabou, morreu Aqui jaz Uma frase Uma lembrança O melhor momento Depois de tantas danças Ciclo fechado Depois da vida Um epitáfio

Canção

  Última canção Para fechar o show da vida Para fechar a cortina E ser aplaudido Última canção Para ter gosto de quero mais Chave de ouro Para esquecer os desgostos Antes da despedida No palco que fui artista Um final cheio de emoção Sensação de missão cumprida E de braços abertos Recebo toda luz Boas vibrações O brilho das estrelas Sou uma estrela A principal entre tantas atrações Não tem bis Essa é a última canção

Vivo

  Todo sorriso vivo Só quer sobreviver E viver na paz Felicidade É um trem que contagia Alegria está na cara De quem sabe levar a vida Dinheiro compra quase tudo Mas não é tudo O bom mesmo é caminhar No sentido contrário Saber o momento exato Acreditar Que tudo pode ser diferente Até um pouco mais bonito Todo sorriso vivo Abre portas Evita conflitos Ser feliz é isso Criar boas memórias Deixar histórias Um rastro de boas vibrações Olhares cruzando olhares Emoções

Desgaste

  O amor não acaba Mas desgasta Afasta aos poucos Realidade nua e crua Não é vontade minha Muito menos sua Mas é o que acontece O que não mata engorda Cansa, incomoda O fim diante dos olhos Sinais tão claros Talvez uma questão de horas Hoje é de um jeito Amanhã também Hoje é igual ontem Todo dia tem O feitiço do tempo O mesmo vai e vem O que era sólido Esfacelou Escapou entre os dedos Quase acabou Extenuado Pobre coitado de quem acreditou

Falado

  Conversa vai Conversa vem Virei assunto Em sua boca doce Sabe de tudo Segredos absurdos Sei que quer experimentar Seu olhar fala em silêncio Sei o seu pensamento O que falta é coragem Um segundo de loucura Um movimento E você fala, fala Já nem disfarça Essa sua vontade perigosa Quer conhecer, saber Um pouco mais Comandar com um estalar de dedos Quem sabe hoje Mais tardar amanhã cedo Estou em seu caminho Sempre em sentido contrário É só dar um sorriso Sei o que você quer E você sabe o que eu faço

Tudo de Novo

  Guardo livros Discos, fotografias Cartas mal escritas Tenho um pé no passado Sou filho da nostalgia Guardo lembranças Das boas e ruins Sou fã do início Nada de meio ou fim Canto canções Do século que já passou Do cantor que já morreu Tenho um baú de velharias Álbuns de figurinhas O que foi meu Quero viver tudo de novo Os bons momentos Jogar o mesmo jogo Tempo que eu era feliz Qualquer dia de agosto Lá atrás o tempo não passava Hoje escapa entre os dedos Não sou mais nada Realmente não sou nada O futuro é uma tentativa frustrada

Lentes

  Lentes por todos os lados Lentes seguindo meus passos Perseguição barata Minha cara estampada Nos portais, nas capas Sou alvo, sou vítima Da curiosidade alheia E tudo tem limite Minha privacidade Minha pequena aldeia Não existe perfeição Costumo deixar rastros Mas não é da sua conta Não interessa O que fiz O que eu faço Um pouco de paz Não é pedir muito É só o que preciso Seu flash cega Sua invasão perturba Não estou disponível Apesar de estar na rua Lentes por todos os lados Tire o meu rosto do seu retrato

O Lado de Lá

  Depois de cada despedida Mistério que só aumenta O que tem do outro lado? Será que existe outro lado? Ninguém volta para responder Onde estão todos? Onde estão vocês? Pessoas queridas Vidas esquecidas Apenas lembranças Nas nuvens, céu azul Uma última dança Rezo para alguém Que eu não vejo Que esteja bem Que esteja em algum lugar Um bom lugar Depois de fechar os olhos Chão de terra vira jardim Uma imensa escuridão Quem vai acertar o mistério? Ninguém fica sério Diante da solidão Quem vai ser o próximo que não vai contar o segredo?

Profissão Cazuza

  Sou o salvador da pátria O futuro da nação Sou ainda uma criança O desenho na televisão No alto dos meus 12 anos Desafios e planos Vou mudar o Brasil Já escolhi minha profissão Todas, qualquer uma Médico, engenheiro Arquiteto, bancário Advogado, pedreiro Operário Eu sou mesmo um artista Um jovem, muito jovem Idealista Agora preciso crescer Ser útil para aparecer Vou salvar o meu país Ainda sou uma criança No alto da minha insignificância Tentando ser feliz

Plugado

  Pluguei um fone Para ouvir o mundo Ouvir tudo O que estão dizendo Os maiores segredos Palavras proibidas Frases bonitas O que ninguém pode saber O que vai acontecer Meu fone plugado Ouvindo notícias Ouvindo recados Pedras estão rolando O tempo passando Gritos de alerta Gente bem embaixo da janela Meu fone é É um estetoscópio Escuto coração Pulmão Da mãe natureza Escuto o som Do feio toda beleza