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Mostrando postagens de outubro, 2022

Oz

  Você ainda mora em Oz? Naquele lugar mágico Onde o vento bate forte Você ainda mora em Oz? Do caminho dourado Da menina Dorothy Você mudou Não fiquei sabendo Agora fuma um cigarro Anda por ruas de terra Mata um leão por dia Vive declarando guerra Eu sei o que você gosta Homem de lata de cerveja Coragem sobre a mesa Ainda sou um espantalho Sem cérebro, sem medo Saudade daquele tempo Seu amor, seu beijo Seu cabelo vermelho Bruxa de Oz Matou Dorothy com veneno Fugiu para um bar Tomou cicuta com tempero Viajou dentro de um ciclone Não casou, não passou o papel Não ganhou sobrenome

Volta

  Gosto quando você volta Retorna e surge do nada Adoro sua presença Poder exalando, chegando Gritando em silêncio Poucas palavras Comandando com o olhar Colocando tudo, tudo Em seu devido lugar Eu gosto quando você volta Pé na porta, sem medo Impondo respeito Mostrando quem manda Quem nunca deixou de mandar Na sua escola sou aluno Sempre junto, muito junto Todos os assuntos Nada para depois, você e eu Simplesmente nós dois Sou o seu maior desejo Aquele mais secreto O que você nunca esquece Por isso sempre aparece Sempre Estou aqui de braços abertos Ou para atrás Olhando o chão, olhando o teto Sou uma criança Pegue em minha mão Mostre o caminho Indique qual direção Juro olhar para os dois lados Antes de atravessar seu coração

Obscuro

  Tenho sede Quando escovo os dentes Tenho raiva Quando pedem calma Tenho dor Quando quebro o ritmo Tenho medo Quando olho o relógio Não sou previsível Só um pouco sensível O lado B de um velho disco Eu tenho uma arma Revólver que não dispara Flor de plástico Sem cheiro, sem água Televisão fora do ar Não faz sentido Pai mesmo sem um filho O lado obscuro da vida Já passei por ele Quase voltei Ao contrário do poeta Morri ano passado Mas esse ano ainda não sei Continuo fazendo planos Continuo chorando

Caras

  O retrato da minha cara É o retrato de várias caras Minhas, todas que eu tive Todas que já tive até aqui Minhas feições, emoções Tudo que esse corpo encontrou Tudo que esse corpo sentiu O que eu fui até aqui O meu pensamento É tudo que pensei Tudo aquilo que sempre pensei O que passa dentro dessa cabeça. Tudo que eu vi, que vivi Nem tudo eu lembro Nem tudo consigo lembrar Mas cheguei até aqui De alguma maneira eu cheguei Cheguei nesse lugar O meu sangue vermelho Já não é mais o mesmo Está todo alterado Minhas células, meus cabelos Loucura do tempo Cada minuto que passa Folhas de outono Pelo chão de uma praça Virando, transformando Adubo da terra Tudo que foi um dia volta Gente que não aprende Amanhã de novo erra O retrato da minha cara...

Taças e Vinhos

  Cigarros e carros Colecionando pecados Dinheiro guardado Em bolsos errados O gosto é amargo Veneno no prato Não tenho lado Mas estou ao lado De quem faz bem Brilho da noite Prédios e torres Corpo indefinido Do alto caindo Balas e gritos Estranhos amores Beijos quentes Bombons e flores Crime perfeito Coragem e medo Loucura sensual Roupas no chão Sangue nas mãos Manchete no jornal Taças e vinhos Rastros pelo caminho

Brilho

  Um lindo sorriso Nunca está sozinho Anjos abençoando Amor de pai, de filho Simplesmente o amor Escuridão virando luz Luz curando toda dor Vou beber sua paz Mergulhar em sua vontade De viver um pouco mais Eu quero estar, ficar Em suas veias, sua teia Meu lar Brilho que cega Que explode em meu peito Paralisa os movimentos E por um tempo Faz tudo girar, girar É sempre assim Quem não está morto Quer apenas amar Um lindo sorriso Nunca está sozinho

Cuidar

  Eu vou cuidar Vou cuidar Até o último olhar Eu vou cuidar Até o seu último olhar Vou ser suas mãos Seu próximo passo Seus olhos, sua coragem Luz ao amanhecer Amor nunca vai faltar Vamos pra sempre dançar Sob o sol do meio-dia Sob a luz do luar Seu choro, suas lágrimas Sou a melhor palavra O remédio que vai curar E quando não tiver mais jeito Vou perdoar os seus defeitos Abraçar o seu abraço Espalhar seu perfume pelo ar Ainda temos um pouco de tempo O tempo não é inimigo Adoro sorrir o seu sorriso Eu vou cuidar...

Triste Alegria

  Muitos sorrisos em uma foto Muita tristeza escondida Mágoas dentro de uma ferida Por baixo dos panos Toda dor do mundo Desde sempre, anos e anos Cabelo colorido Piercing no umbigo Quem tem muitos Não tem nenhum, não Não tem nenhum amigo Meio, fim, começo Sem ordem definida O grito escondido Guardado dentro do peito Quem tem coragem Também tem medo O desespero tem várias caras Até cara de tudo bem Amanhã vai melhorar Será que o amanhã vai chegar? Silêncio, silêncio Nos retratos e na vida

Carol e os Paralamas

  Lembro claramente Carolina ouvindo Paralamas Aparelho nos dentes Sonhando ser feliz Lembro perfeitamente Carolina na aula de matemática Era da turma do fundão Mas tinha um bom coração Minha cara Carolina Não dei nem tchau Por onde anda Carol, Carolina? Alguém ligou, avisou Carolina foi vista Dançando despreocupada No asfalto quente Agora tenho uma pista Acho que vou encontrar Carolina O que Carolina anda escutando Pitty, Pablo ou Nando? Certeza que ela ainda ama Os discos antigos dos Paralamas Mulher desde menina Doce Carolina No caderno suas poesias Lembro claramente Lembro perfeitamente O sorriso de Carolina

Planta

  Sou uma planta Que nasce na barriga Dessa gente estranha Ando na ponta dos pés Atravesso paredes Escrevo cartas ao contrário Tomo ácido para matar a sede Eu sei, eu sei que sou Sou estranho também Mas nunca fui da sua laia Sempre fiz o bem Cito verdades para os mentirosos Como todo o pão da manhã Conto o final das tramas Disfarço todos os meus dramas Faço da sua orelha meu divã Tenho meus defeitos, alguns Mas não sou do mal Não carrego maldade no coração Toda flor tem seu espinho Sei muito bem onde piso Sou anjo sem asas pelo chão Planta que nasce na barriga Dessa gente estranha

Desprezo

  Todo meu amor Para o seu desprezo Todo meu desprezo Para sua falta de amor Assim eu vou Pelo caminho, até sozinho Quem não está comigo É inimigo, é traidor Corpo que não é fechado Apenas bem guardado Por Deus, nosso Senhor Não sei ler, nem escrever Só sei rezar Em voz alta, com o olhar Ando descalço, pés feridos Armado com boas palavras Não sou Santo, sou pecado Atravesso destinos, faço o meu Amanhã não existe Ontem já esqueci Hoje simplesmente morri Venha de joelhos pedindo perdão Implorando Beije minha mão Vou olhar do alto Quem sabe chamar até de irmão

Santa

  No retrovisor da vida Eu vejo crianças e Santas Uma luz tão linda Toda fé divina Cores, doces e plantas Não tenho força, nem velocidade Apenas aceito, fico parado Esperando o atropelo do tempo Sou mesmo um abençoado Pedras, espinhos e chagas No véu da madrugada Uma oração, mil palavras Canto da noite, toda noite Observando pegadas Nem sempre o céu é azul Nem sempre estou limpo Sou um pecador confesso De joelhos peço Cuide de minha alma doente Estou cansado de ser gente No retrovisor da vida Vejo choro, despedidas

Algodão

  O que é isso em seu cabelo? Parece neve, branco gelo É o tempo invadindo seu corpo Os nossos Amor não tem idade Amor em qualquer idade Estamos juntos, sempre Todo dia, todo dia é dia Aprender e ensinar Os desafios da vida O que é isso em seu cabelo? Parece giz, algodão Observarmos o espelho Mudamos tanto, muito Melhoramos, aprendemos Controlamos todos os medos Maduros, experientes Juntos na dor, na vontade de viver Arrumo sua roupa Você beija minha boca O fim só existe Quando o coração para de bater E quando tudo acabar Quando o vento soprar Nos separar Simplesmente vivemos

Muralha

  Na muralha da China Nas ruas de uma grande cidade Em becos e esquinas Juro que vou procurar Todos os cantos Em todos os lugares Em qualquer lugar Lembro sua voz Não esqueço nunca Toda sua alegria Seu sorriso cheio de vida Vou dar minha vida Sua mão alisando meu cabelo Um afago, seu carinho Abraço para aquecer Hoje está tão frio Moro dentro do vazio Onde está você? Não eram amigos Não eram colegas Aquela gente estranha Dentro do meu quarto Não sobrou quase nada Seu perfume, seu retrato Tristeza que vem Tristeza que não vai Onde está o meu pai?

Retratos

  Nessa passarela Eu vejo gente, vejo carne Várias caras, várias cores Mas no fundo, lá no fundo São todos iguais, iguais Todos têm fome Todos querem mais Nessa passarela Vejo almas, pensamentos Vontades e desejos Perfume para disfarçar O cheiro de merda Merda invadindo o ar Nessa passarela Conflitos, interesses Puros, inocentes Pecados, pecadores Amantes, futuros amores Nessa passarela Eu vejo tudo O retrato do Brasil Filhos do mundo Sorriso, nariz torcido O mais alto nível Toda mesquinharia Mortos que ainda estão vivos Quem é você nessa passarela?

Formas

  Mil possibilidades Mil formas de amar De ser amado De sentir o amor Mas esconda bem Não conte para quase ninguém Onde está o seu prazer? Norte, sul, leste, oeste Na ponta dos dedos Até o último fio de cabelo O suor tempera e dá gosto Cada um com seu bom gosto Na janela esperando um toque Na página virada de um livro Tesão é quase uma questão de sorte Beijo que derrete um corpo inteiro Paz falsa, desejo verdadeiro Tirando o pé do acelerador Para o mundo girar bem devagar O fetiche de apenas observar Mil possibilidades Escolha uma, umas Quantas você quiser

Dom

  Eu tenho o dom de chorar Qualquer coisinha Em qualquer lugar Eu tenho o dom de sofrer Qualquer motivo Vontade de morrer Viver é conviver com dor Saber que amanhã pode piorar O louco enlouquece Quando é impedido de enlouquecer O grito que não sai da garganta Sou vaso sem nenhuma planta Ando por aí, longe Bem longe Gosto de esquecer, não saber O caminho de volta É sim, Um caminho sem volta Gol sem goleiro Chute para fora Para o alto Desvio do sol Moro dentro da sombra Sou um vendaval Eu tenho o dom de chorar

Um Crime

  Seu rosto na televisão Retrato do meu coração Meu mundo na tela Imagens aéreas Vou levar você para prisão Crime, um crime Faca em meu peito Meu pescoço, seus braços Nada perfeito Refém do bom gosto Meu corpo, um louco Tudo em rede nacional Pedaços de mim Suas digitais Os mortos são todos iguais Meu rosto na televisão Uma lembrança História contada, mal contada Uma manchete jogada Um drama familiar Esse caso não tem mordomo Quem você vai culpar?

Platinada

  Cidade platinada Crimes e suspeitos Cheiros e temperos Doces madrugadas Cachorros, borboletas Amor de quinta Um tesão de sexta Modernos ultrapassando Seres ultrapassados Desviando dos esfarrapados Essa cidade Seu perfume suave Nariz entupido Briga de irmãos Questão de classe Alto da passarela O mundo lá embaixo Sob saltos, sob pés Morcegos sem asas Ratos com fome Ninguém sabe nada Na cidade platinada

Primeiro de Abril

  Conte uma mentira Adoro ser iludido Faça mil pedidos Vou realizar alguns Dinheiro, cigarro Um simples isqueiro Faça uma declaração Completamente falsa Nota de três, outra vez Conte uma mentira Fale da minha beleza Que canto bem Que deixo boas lembranças Gosta da minha dança Não precisa ser sincera Quero apenas me iludir Só assim para eu ser feliz Monalisa mostrando os dentes Flor de plástico perfumada Taubaté e sua grávida Só mais uma mentira Eu quero acreditar Seus elogios, suspiros Depois do silêncio Olhos abertos, bem abertos Depois do amor, depois de amar O prazer é uma mentira Muito bem contada

Feira

  Feira de quarta-feira Para quem tem fome Para quem tem sede Onde vende fruta Vende irmão Feira do rolo, da enrolação Quem não cola Não sai da escola Que tal um pastel Na hora de ir embora? Peitos e bundas Artistas e suas bandas Raquete para matar mosquito Esmola no meio da rua Tudo na base do grito Hoje tem feira Do livro, das palavras Para falar besteiras Já vai começar a feira Ainda é noite Ainda é lua cheia É quarta-feira...

DR

  Falou, falou, falou Escutou, escutou, escutou Boca que fala, orelha que escuta DR no carro, no meio da rua Tentou um beijo, um abraço Papo chato, papo que gruda Entra por um ouvido Sai por todos os poros Não adianta insistir Errou, errou, errou O silêncio sempre uma saída Mas não aprendeu, agora já deu Todo mundo olhando Um casal chorando Motivos diferentes Plateia palpitando Torcida organizada Muita gente errada Esperando um fim E o mundo acabando Todo caso de amor Um dia pode terminar É preciso ter classe Antes que seja tarde Depois não adianta reclamar

Noite

  Caso não tenha percebido Já anoiteceu A noite caiu forte Desabou sobre nossas cabeças Então vamos aproveitar Nadar no asfalto Beijar o mar, beijar no mar Vamos olhar estrelas Depois correr, correr, correr Simplesmente festejar O relógio parou, não quebrou Ainda temos tempo É tempo de ser feliz Vamos nessa, vamos Agora, sem pressa Vamos... Tomar água de coco Deitar na areia, namorar Roubar flores, rosas, viajar Ideias loucas, boas, vamos voar Não percebemos Mas não amanheceu Duas da tarde, ainda é noite Parece que o sol morreu Fim dos dias, nossos dias Aproveitamos enquanto deu Vivendo o hoje Pois não vai ter amanhã

Amo

  Eu amo quem tem sangue vermelho Quem respira e sente cheiro Quem ainda não deixou de sonhar Pés no chão em ruas de terra Perfeição é defeito de quem não erra Eu gosto de quem é normal Quem tem cara de festa Um braço por um amor O corpo entregue, sem dor Qualquer negócio barato Já conheço o estrago Mas, mas... Duas taças, algumas bocas Gente alegre, poucas e boas Morangos, balas, chocolates Juras, promessas e frases Eu amo quem tem sangue vermelho Quem respira e sente cheiro

Boca Aberta

  Quando você surge Fico assim, meio assim Logo penso, penso O que vai ser de mim? Quando você aparece Com muitas vontades Com muitas ideias Já sei o meu fim O prazer inexplicável O prazer é inexplicável Um negócio que arrepia Dá calor em noite fria Nem queira entender Cada um com seu gosto O meu gosto é você Boca aberta Sem palavras para descrever Apenas sentir, saber De novo aquele tal de prazer Grito em silêncio Em silêncio eu fico Ouvindo seus pedidos Anotando seus recados E quando tudo acabar Não esquecer de agradecer O lado bom do nosso prazer Quando você surge Eu sempre fico meio assim Não nasci para resistir

Simples

  Banho quente no inverno Banho frio no verão Pequenos prazeres Um prato quente Arroz e feijão Não preciso de muito Não quero conhecer o mundo Sou feliz assim Pés na areia Chinelo e bermuda Vento no rosto Essa minha vida curta Não preciso de muito Sou feliz com pouco Quero apenas conversar Sob o brilho do luar Ouvindo Belchior Tomando chá ou guaraná Chute de bico Bola de borracha Até piada sem graça Para quem não quer muito Quem quer apenas gargalhar Ter um pouco de paz Ficar longe das loucuras Fugindo de todos, fugindo de tudo Embaixo das cobertas Senha do Wi-Fi Não preciso de mais nada Ou só um pouquinho mais

Guerra

  Meu tanque é um Fusca Meu coturno um chinelo Meu canhão um violão A fronteira que atravesso É o limite do seu coração Abraçado na bandeira Metralhando com o olhar Em minha trincheira Fazendo guerra para conquistar O território inimigo Novas amizades Bomba de chocolate Camuflado, escondido Resolvendo conflitos Negociando paz No tabuleiro da vida Rei derrubando Rainha Gritos, medos, gemidos Tudo, nada ou tanto faz Todo ditador foi derrotado pelo amor

Retratista

  Atrás das lentes Um sorriso bonito Conquistando, iludindo Dedo no botão, um click Máquina de retratar Tudo mais bonito Luz, um flash O brilho do seu olhar Mil poses, closes Um retrato, uma foto Um instante O importante é emocionar Qualquer cenário Em qualquer cenário Na rua, um jardim Dentro do quarto Roupas espalhadas Jogadas para o alto Ternos e vestidos Capturando alma, almas Conquistando o olhar Com seu único olhar Derretendo geleiras Provocando Certezas, incertezas Toda cor em preto e branco