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Mostrando postagens de março, 2023

Respeito

  O silêncio tem falado por mim O silêncio tem falado por nós Estamos juntos, estamos sós Cômodos frios, frigorífico Medo e castigo Dois cigarros, um filho Fechamos todas janelas Escondemos o amor Escondemos da plateia O vento parou de soprar Não existe mais papo Não existe mais ideia Restos de comida Panelas queimadas Pratos em cima da pia Um chega e o outro sai Já ligamos o tanto faz Será que ainda tem jeito Ou melhor dar um tempo? Será que ainda temos Um pingo de respeito?

Armas e Almas

  Armas que desarmei Perdão, desculpa, eu errei Almas que desarmei Com um olhar de nada sei Guerras são quentes Pessoas são frias Tudo tão estranho Acabou a magia Corpos em uma vitrine Para combinar com seu vestido Dedos de todos os tamanhos Traga seu anel Apresente seus planos Sou o Rei da dúvida Não tenho respostas Não conheço todas perguntas Mas acho melhor assim Bem melhor Seu rosto é o meu disfarce Tenho cara de verdade Sou aquele instante Antes de você enlouquecer O primeiro segundo depois de morrer

Sangue

  Vejo sangue na parede Vejo sangue em minhas mãos Marcas de uma vida Que por sinal anda tão chata Não existe mais graça Em quase nada, quase nada Acordo na tristeza O dia promete ser ruim Pelo menos tenho sua presença Seus olhos olhando para mim Resisto, mas sei o quanto é bom Por isso logo digo sim E quando o prazer termina Novamente tudo escuro Tenho tanto medo O soco no estômago Nem sempre é um murro Pessoas atravessando destinos Descobrindo novos caminhos Uns acompanhados, outros sozinhos Vejo sangue na parede Banho não mata sede

Filme

  Todo dia o mesmo filme Com um final diferente A mesma escova Descobrindo um novo dente Assim eu vou, vou Dois passos para trás Outros muitos para frente Conhecidos caminhos desconhecidos Pobres de nós, pobres meninos Uma nova velha canção Para cantar em um Karaokê Fazer sucesso entre amigos Ir até o amanhecer Enxergar tudo de novo Tudo novo na tela da tevê Hoje é inédito Amanhã já não vai ser Histórias repetidas Nas melhores línguas Agora outra vez E de novo aquele filme O final eu já sei Agora sim eu sei

Tempo

  Gosto de acordar E olhar o seu olhar Despertando O silêncio da manhã Traz respostas prontas Para dúvidas que não tenho Nem sempre tem sol Mas sempre tem tempo Todo o tempo E quando mais um dia termina Ainda temos clima Para enganar o sono Nunca estamos prontos Para tristezas e despedidas Viver de amor é uma rotina Vamos para mais um amanhecer Entre lençóis, cobertas Palavras, juras e mentiras Vamos enlouquecer Será que ainda vou acordar? Será que ainda vou olhar o seu olhar?

Janela

  Janela fechada Sonho interrompido O mundo lá fora Amanhã vamos sair Amanhã Portas trancadas Chaves escondidas Eu quero continuar vivo Quero continuar com vida Quem vai cuidar das plantas? Quem vai lavar o quintal? Deitar para não levantar Dormir para não acordar Tenho frio, tenho febre Nada aqui segue Não sei mais chorar O relógio está parado Não me reconheço no retrato Você diz que é frescura Minha dor que não tem cura Cansei de morrer Dentro da minha loucura A janela ainda está fechada

Cinco Minutos

  Tentei um beijo Você pediu uma prova de amor Cinco minutos para vir aqui Cinco minutos para convencer Cinco minutos para fazer desistir Ou pular comigo para o infinito Vai ser tão bonito Vem agora, vem comigo Ou fique aí embaixo Nem precisa subir Espere de braços abertos Segure firme quando eu cair No paraíso ou no inferno Tudo que preciso Tudo que eu mais quero O mundo sentindo nossa falta A gente no espaço sideral Dois apaixonados, astronautas Uma prova de amor Beijo roubado Qualquer rima com flor Cinco minutos Nem mais um segundo Café sem açúcar Cafuné, beijo na nuca

Castigo

  Cofre sagrado Boca, lábios Segredo guardado O X da questão Seus mistérios Tudo tão sério Maldição Corpo violado Retrato mal falado Noites em claro Regra desrespeita Noites frias Flor despedaçada O sol apagou Lua não acendeu Brilho sumiu Cofre abriu O grito não foi ouvido Lágrimas de sangue Pior castigo Sobreviver é um alívio

Brilho

  No brilho dos seus olhos Enxergo todos seus sonhos Ou quase todos Sinto o seu poder Vou enlouquecer Uma taça de cristal Veneno para refrescar Suas palavras claras Sempre tão claras Tudo em seu devido lugar Eu sei o meu lugar Lençol que desliza Seu corpo, minha brisa Suave arrepio Desejo por um fio Estou aqui Eu ainda estou aqui Até você decidir Meu próximo passo O que eu faço Sob os seus pés Som dos violinos Anjos tortos aflitos Querendo observar Sentir seu perfume Não ligo em dividir O mesmo espaço O mesmo ar No brilho dos seus olhos

Signo

  Somos do mesmo signo Nascemos em um dia de outono Está chegando seu aniversário O meu também Você tem um pouco mais de trinta Eu com quase metade de cem Temos gostos distintos E isso é bonito O contrário de um grito É o silêncio que fico Quando dou de cara De cara com o seu olhar Até temos coisas em comum Curtimos cantores mortos Restaurantes por quilo Não gostamos de barulho Odiamos fotos Quero conhecer seus filhos Parece que foi ontem Nosso último encontro Era uma tarde quente Teve cerveja, teve sorvete Teve papo sobre a gente Falamos de passado Falamos de futuro Éramos inocentes

Casal

  Vamos nos casar Olhar nos olhos Declarar o amor Vamos sorrir E até chorar Para sempre Todo o sempre Ou enquanto durar Vamos para o sim Mais um Igual o primeiro Três mil beijos Três mil beijos depois Chegamos até aqui É sim, claro que sim Vamos morar nos sonhos Acordar já no boa tarde Estamos juntos, prontos Temos alguns planos O futuro esperando Muito de nós, muito Nossa música não é a mesma Que cantamos na semana passada Nosso filme predileto não tem final feliz A vida é assim, é É claro que sim

Silêncio

  O silêncio produz ideias Loucas, boas, absurdas Planos mirabolantes Vontades dilacerantes O silêncio aumenta o desejo Tudo muito bem pensado O gosto e sabor do contato Pronto, sempre pronto No ponto certo Tudo que gosto e quero O momento exato Um abraço de olho aberto Cheiro e sabor Para todo o sempre Era vício, era amor Eu não era doente Nunca fui, nunca serei E hoje eu sei Que o tempo não volta Mas tudo que é bom Nunca foge da memória De novo, mais um pouco Não tem jeito, eu aceito Lutar contra sempre foi um erro O silêncio produz ideias Que tal mais estas?

Chuva

  Água da chuva Água do mar Água para tomar Para ferver, para banhar De hora em hora Para curar Sede de prazer Beber você Chuva molhou Água do mar Um pouco mais Salgado paladar Todo minuto Todo segundo Água de enlouquecer Mais um copo Beber você Água fresca Água Santa Para o Santo Todos os cantos Sou água Procurando planta

Sem Cara

  O sol caiu mais uma vez Ainda não acordei  Pesadelo sem fim (Vai ter fim) Observo o mar Só posso olhar   Aqui da minha janela Lindo céu, linda paisagem Cuidando da alma O corpo já era Último cigarro  Últimas lágrimas  Não tenho mais cara Noites tristes Roupas largas Escrevo cartas, poesias Conto minha vida Deixo minha história  Tenho pressa  Pode ser amanhã  Pode ser agora Mamãe disfarça sua tristeza Sua esperança não é certeza  O sol caiu mais uma vez

Incontrolável

  Quando o desejo É mais forte que o juízo Quando o corpo vira um grito Sempre tão difícil de segurar Zumbi do prazer Aceitando a loucura Antes de enlouquecer Corpo sem controle Cérebro teimoso É aceitar, não reclamar Ser feliz não tem preço Virar um adereço Eu não vou lutar contra Eu não vou lutar Não sei dizer não Nem quero De olhos fechados O que tem de mais sagrado Eu entrego Estou rendido Agora é com você Nem errado, nem certo Arrependimento é sentimento Completamente inevitável Mas o sabor do momento Qualquer instante, qualquer tempo Incontrolável

Menino Luz

  Quase criança Quase adulto Quase tudo Tudo que sempre sonhou Tudo que vai ser Gigante sem limites Gigante que não para de crescer Alegria que não tem remédio Papo reto, sempre certo Deixando o mundo mais feliz Especialista em sorrisos Em fazer sorrir Soprando e fazendo ventania Abrindo espaço Todo dia uma nova vida Todo dia um pedaço De estrada construída Na paz de quem nasceu Já sabendo o futuro Enxergando luz Fazendo luz Derrubando barreiras e muros Parece até difícil Mas não para quem enxerga no escuro Ainda criança, ainda tão adulto...

Poeta Solidão

  Solidão é o alimento De todo poeta Morto ou vivo É o grito de libertação É o que faz bem Lenço que seca lágrimas Do coração de alguém Todo poeta é triste Quando não tem tristeza Como inspiração Sua caneta afiada Lindas palavras Rimas com coração O poeta não sabe brincar Chega com os dois pés no peito Conhece o ponto fraco Tem precisão cirúrgica Sabe cada movimento Tudo vira poesia Desejo, ódio, medo O tempo e os seus segredos Solidão que alimenta O poeta que ainda está aqui Ou em outro planeta

Brilho

  O sol está brilhando Mesmo escondido Ainda está brilhando Estou longe dos seus olhos Mesmo longe Ainda estou amando Você Para sempre Com você para sempre Presente ou ausente Ao seu lado ou distante O amor é sempre igual O nosso igual é diferente Escrevo cartas imaginárias Penso em cada palavra Apago, reescrevo Ensaio no espelho Sei muito bem O que eu não vou saber falar Sonhos tão reais Para eu continuar vivo Continuar sonhando O mundo é de paz Mas prefiro o conflito O sol ainda está brilhando

Inimigo Irmão

  Meu inimigo Era meu amigo Até hoje pela manhã Não suporto Quem pensa diferente Sou o dono da razão Estou sempre certo Do lado certo Você sempre errado Sou o melhor O mais esperto Você fala Eu fico surdo Sou oposição De quase tudo Tudo que você diz Eu não erro Nunca, jamais Sou o melhor Você o pior Eu faço guerra Com seu pedido de paz Vou marchar Em sua cabeça Ofuscar seu brilho Com minha estrela Meu inimigo Era meu amigo

Nome

  Tenho vários nomes Todos escolhidos por você Um é amor e outro é prazer Hoje o meu nome Eu ainda não sei Fico ansioso Com o que vai escolher Sempre no alvo Acertando em cheio Bem no meio da minha testa Mais um nome que resta Qual será que vai ser? Fico no aguardo Pode pensar e escolher Sílabas saindo de sua boca Palavras soltas pelo ar Seu chamado uma ordem Seu pedido um desejo Tudo que você fala Tem o sabor de um beijo Do meu jeito Do jeito que eu quero Minha maneira de entender O seu modo de chamar Não posso demorar Sua voz invadindo Tomando conta do meu instinto Aceito também um apelido

Mudanças

  Chuva fina virou temporal Tempestade tropical Vento fresco virou furacão Balançou, caiu tudo no chão Enquanto isso fico aqui esperando Seu chamado, seu novo plano Palavras bonitas Mensagens carinhosas São sempre bem-vindas Mas pode chegar com o pé na porta Falando grosso, exigindo minha volta Chicote, faca, porrete Canivete, navalha, corrente Ser o seu súdito Ser feliz por um triz Você é o motivo dos meus problemas Os cigarros mastigados Todos os copos virados Seja solução ou minha desgraça de vez Eu aceito, já aceitei

Geladeira

  Na geladeira ainda tem carne O que sobrou do meu coração No dicionário ainda tem palavras Que não usei no pedido de perdão Sou especialista em restos O que sempre perde o momento certo O prato já está em cima da mesa Quem vai devorar quem? Garfo, faca, colher, tigela O sabor da sobremesa Os números estão na calculadora Somando meus sentimentos No corpo várias frases Explicando nossas fases Contando todas histórias feias Roupas velhas e lavadas Cada uma em seu cabide O tempo passa e eu triste Bem mais, muito mais que triste Estamos pregados nas paredes Estamos dentro dos copos vazios Vivemos em gargantas com sede Cansei das minhas próprias besteiras Ainda tem carne na geladeira

Hipocrisia

  Atitude vale mais que palavras Pare de escrever cartas Faça alguma coisa na prática Alguma coisa que preste Hipocrisia é doença grave Não cai bem e fede Todo discurso é bonito Pena que é da boca pra fora Prometer é de graça Não deixe para depois Faça logo agora Chega de papinho Conversa fiada Conversa que não serve para nada Você e essa turminha do bem Fingimento que não engana ninguém Até o boi resolveu dormir Melhor do que ouvir Blá, blá, blá de esperar trem O bom e velho silêncio Tão comentado e pouco praticado

Bobeira

  Perdendo meia hora Por alguns minutos de prazer O silêncio do seu olhar Puxa, atrai, arrasta O mistério fazendo graça Coração vadio, por um fio Um livro bom, mesmo sem capa Sem tempo para meias palavras Sem tempo para palavras inteiras Bocas ocupadas, interditadas Mãos com sangue e suor Mil por hora Sufoco, sufocado Desejo vigiado O bom do perigo É esquecer de tomar cuidado Feche essa porta Não diga o seu nome Isso já não importa Valeu a pena esperar Perder meia hora

Culpados

  Quem são os culpados? Os culpados são vocês No canto da sala Caixa de lápis de cor Todas suas cores Linhas e rabiscos Estou em risco Não sei explicar Corro perigo Mãos deslizando Arrepio estranho O pior conflito Medo e prazer Desenho proibido Saber viver É sobreviver Não esquecer Quem são os culpados? Os culpados são vocês Uma letra é um pássaro O papel é áspero Não quero tirar retrato Quem vai cuidar de mim?

Distração

  Foi só distrair, relaxar Para acontecer Quebrei esquinas Passei por ruas, avenidas Procurando por um olhar O melhor olhar O seu olhar Apertei o passo Segui o rastro Olhei para cima Para baixo Para os dois lados Radar sempre ligado Observando os carros Rodando, circulando Rostos e retratos Por todos os cantos Ocupando espaços Quando tudo era escuridão Um brilho intenso apareceu Tristeza não é sentença O que já parecia morto Não morreu Foi só distrair, relaxar Para simplesmente acontecer E aconteceu

Bamba

  Meu país É samba, é rock Terra dos poetas Dos miseráveis ricos Dos felizes pobres Meu país Casa sem paredes Sexy, vulgar Heróis improváveis O pão e o Diabo Farinha e carne seca Meu país Remédio doente Benguelas contentes Sorrisos de marfim Estrelas mortas Doces histórias Não que vira sim Outro ponto de vista O avesso do avesso No palco da vida O fim é o começo Palhaço triste Sempre de partida O meu país

Tudo

  Falei de você Falei o seu nome Contei seus pecados Até seu sobrenome Falei de você Sobre sua vida O que te dá prazer Contei das feridas Seus dramas Suas qualidades Suas brigas loucas Seu gosto pela maldade Falei de você Seu charme natural Sua boca boa Beleza fora do normal Suas fotos na galeria Falei de você na terapia

Estrelas

  Contei todas estrelas do céu Contando novamente para confirmar Enquanto espero sua presença Enquanto espero você voltar O universo é tão pequeno Poucos dias, muito tempo Diante dos meus olhos Fotografando os piores momentos Escuto sua voz Chegando lá de longe Ficando cada vez mais forte Realidade distorcida Essa não é minha vida Ainda estou aqui Está chovendo Não vejo lua Não vejo mais estrelas Só amanhã Que o céu esteja limpo Que tudo esteja bem Vou contar outra vez Enquanto espero você voltar