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Mostrando postagens de março, 2021

Patriotas Idiotas

  Vejo poderosos rindo Fumando seus charutos Derrubando seus cachimbos Abraçados em bandeiras São patriotas, idiotas Frutas podres em uma feira Vejo loucos varridos Falsos bonzinhos, esquisitos Nas filas, nas telas Bem na minha frente Conto os mortos, conto os doentes Pobre dessa gente Não existe lado certo Não existe lado algum O prato continua vazio Vivo no meio de uma guerra Aqui já foi um tal de Brasil Discurso bonito Herói, salvador da pátria Viver é ter sorte, é ter raça Não espero quase nada Estou de passagem Já passei pela linha de chegada Será que vai ter amanhã? Não conte comigo

Ana Terra

  Ana é terra, é bela É chão É força divina Mulher tão fina Poesia e tesão Em noite quente No espelho é gente Pouca luz, sedução Ana e suas palavras Boas palavras O corte da espada Som, brilho, fúria Suave loucura Classe e elegância Beleza na penúria Testemunha dos fatos Amante dos gatos Entre paredes, o ato Amor em pedaços O ponto fraco, desejo Ter sorte é ganhar o seu beijo Ana é terra É fera, é Ana

Inveja

  Invejoso bom, bom mesmo Fala o seu nome dez vezes por dia Invejoso bom Acorda pensando, dorme sonhando Quer ter o que você tem Tem cara de amigo Faz mal fingindo fazer o bem Intimidade forçada Abraço de amor Facada nas costas Inimigo camuflado, Judas Todo cuidado com o traidor Nem todo abraço é de amor Invejoso quer sangue O sangue dos outros Invejoso faz planos Gosta de roubar vidas Está sempre no mesmo retrato Quer comer no mesmo prato Dividir o sabor da comida Só quero viver na paz Viver em paz Longe de sanguessuga Longe desses animais Distante de qualquer filho da...

Chorei

Hoje chorei Está virando rotina Lágrimas em minha vida Tristeza que surge da nada Hoje chorei Igual Elis, atrás da porta Corpo ferido, chorei Eu não era assim Nem sei o que vai ser de mim Entre viver ou morrer Quero apenas parar de sofrer Mais uma vez, mais uma vez chorei Não queira entender Não tire conclusões precipitadas Quem chora quer carinho Um pouco de amor Suas broncas, todas Eu deixo para depois Agora só quero um ombro Onde eu possa desabar Tem hora que a melhor saída É simplesmente chorar Amanhã vai ser outro dia Espero ainda estar aqui O tempo joga contra Preciso dormir, dormir Descansar de tudo e de todos Chorar para quem sabe depois sorrir Quem sabe

Orelha

  Gosto da sua orelha Que escuta meu sussurro Meu grito, meu gemido Gosto de cada curva da sua orelha Onde minha voz desliza Invade, mergulha Sua orelha é um cofre Segredo guardado, trancado Que esconde meu nome Um labirinto sem saída O amor da minha vida Pobre Beethoven, pobre maestro De ouvido no piano Mais nada, sem nenhum plano Sem palavras perigosas Vou lamber sua orelha Refrescar minha conversa quente Vou declamar uma poesia De um lado, do outro Para agradecer seu bom gosto Sua ousadia, sua alegria Martelo, bigorna, estribo Quem tem orelha Tem mais que um amigo Seu silêncio nunca é passivo

Verdade ou Mentira

  Já nem sei O que é verdade ou mentira E nem quero Conhecer sua versão Dos fatos, dos atos Dos pratos sujos Só acredito na sinceridade de um cão Que fala mil coisas Usando palavras repetidas O palco foi feito para todos Até mesmo para os artistas Nem mocinho, nem vilão O culpado é sempre o mordomo Quem bate o martelo Ajuda pregar o prego Fechar a tampa do caixão Frio e calor No meu corpo tanto faz Estou anestesiado, paralisado O passo seguinte é automático Mas pelo menos é para frente Sou cavalo, não olho para o lado Vou soprar fumaça Encontrar graça nas nuvens Vou criar uma cortina Abrir, fechar Ultrapassar os limites Esconder meu corpo Beije meu corpo Antes que seja tarde Antes tarde do que nunca Fique comigo enquanto estou louco

Jaú

  Vou para Jaú Buscar o silêncio Aquela paz estranha Cuidar das árvores, das plantas Entender o tempo das flores Que nada pode ser acelerado Para lembrar dos meus antepassados Entender o quanto é sincero O amor de um jardineiro Por seu jardim, o seu tesouro Amor que vale mais que qualquer dinheiro Tenho inveja da galinha d'angola Anda em bando, chocando Sem medo e esperando Toda cor da primavera E tão linda quanto ela Só a lua, nua, cheia Meia-noite e meia Depois de dois sóis Um toque de beleza Para saber que tudo é uma fase Isso sim é uma certeza Minha ansiedade é uma piscina sem água Todo dia aprendo, tento controlar Na risada de um lindo cachorro O gosto e o bom sabor de paquerar Mistério da vida de um animal Vou para longe, vou Para sentir saudade dos amigos Vou chato para virar uma pessoa mais legal

Anjo

  Anjo da guarda distraído Deixou o Cupido acertar meu coração Agora dobro qualquer esquina Sem verso, sem rima Basta um olhar para virar paixão Anjo da guarda que não guarda Dá trabalho e atrapalha Vou cortar suas asas Fazer comer restos e migalhas O amor não tem limites É alegre, mas também é triste Dou risada para não chorar Minha vida amorosa é uma piada Uma comédia sem graça Não tem mais salvação Não tem mais nada Estou renunciando, desistindo Entregando os pontos Prefiro ficar pelo caminho Só não tomo veneno Porque não sei brindar sozinho Sou um problema sem solução Uma música sem refrão Um ser incompleto, imperfeito

Solidão

  Braços esticados Vontade de um abraço Uma palavra, um olhar Aqui sempre tão triste Sozinho, isolado Feito prisioneiro, guardado Sempre pronto para amar Paredes do quarto Sorrisos só no porta-retrato Lá fora calor, aqui tão frio Penso em coisa errada Desisto, perco a coragem Mas tudo continua tão vazio O que adianta ter porta se eu não posso passar? Vejo o sol, vejo a lua Saudade de um banho de chuva Saudade de viver Por enquanto é tentar sobreviver Silêncio que explode Minha cabeça, meu peito Dor generalizada, dor que vem do nada Não sei onde começa, onde termina Todo dia tem cara de fim Agora muito mais Dormir e não acordar Acordar só para chorar

Fantasminha

  Já disse e repito Quando eu morrer Juro que aviso Seu coração, sua alma Chego de fininho Dentro de um sonho Juro que aviso E quando você acordar Para confirmar, eu vou soprar Causar um arrepio em seu corpo Vou provocar suas lágrimas Um choro estranho e bobo Mas nunca vou dizer adeus Sempre estarei por perto Embaixo da cama ou no teto Vou ser o fantasminha camarada O que beija o seu beijo Pela manhã, tarde, noite Ou na saudade da madrugada Vou te esperar Com roupa de gala Em um lindo lugar Ao som dos violinos Com flores para alegrar o espírito

Periferia

  Pernas por todos os lados Um vai e vem danado Ritmo frenético, gente no asfalto O mundo inteiro mora aqui Rua é o lugar para se divertir Menino sem camisa Menina descalça Pinga no boteco Mulher falando alto Fogos, tiros, rapaziada festeira Cadeiras na calçada Pura realidade brasileira Periferia, periferia Onde não tem hora Onde noite parece dia É o planeta Periferia Pipas cortando nuvens Avião buzinando, gritando Sirene ligada, tem gente de farda Muito respeito com o senhor Churrasco na laje, embaixo da trave Uma prece, oração Rua enfeitada, gol da seleção Periferia, periferia Onde não tem hora Onde noite parece dia É o planeta Periferia

Tudo de Novo

  Todo dia o mesmo dia Toda noite igual o dia Toda hora é a mesma hora Todo segundo é alguém que chora Chora, chora, chora Tristeza constante, cortante Vou e volto, volto e não vou mais Prefiro minha casa, minha cama Giro e estou no mesmo lugar Livro sem capítulo final Novela que não termina Disco com uma só canção Ano bissexto sem Natal Dormir e ter pesadelos Acordar e continuar sofrendo Tempo, tempo, tempo Um só momento, sempre o mesmo Imagens distorcidas, vidas perdidas Louco por fora, afogado por dentro Desespero é olhar o relógio Saber que daqui a pouco Ainda é pouco, nada vai mudar O medo está tomando conta Já não adianta mais gritar Todo dia o mesmo dia

Pedras

  Fui para rua Sonhando com aplausos Fui xingado, humilhado Atacado, apedrejado Tentei fugir e fui cercado Chorei, apenas chorei Olhei para o céu querendo voar Para o chão pensando mergulhar Mas não teve jeito Virei vítima da revolta Dessa gente louca, hipócrita O sangue que explode Espirra em meus carrascos Suja braços, pernas, almas Suja o sujo, o mal lavado Quem não tem pecado Não pode estar ao meu lado Espero todos vocês no inferno No forno, no fogo No caminho com brasas Sem anjos, sem asas Apenas com dor, muita dor O grito de desespero Não existe mais amor Eu era o problema Mas o problema não acabou Agora já posso dar risadas Gargalhadas, rir de quem matou Meu corpo, meu corpo

All Star ll Quando Tudo Passar

  Eu vou voltar Sem medo, sem tempo Um dia vou voltar Para os braços do povo Para festejar, eu vou Chegar cantando, pulando Calçando meu All Star Eu vou voltar Camisa colorida, alegria Sorriso aberto Dentro de um bar Em qualquer rua de Laranjeiras Noite de lua cheia Mesa e cadeira Meu amor, minha aldeia Vou sair por aí abraçando Falando alto, gritando Anunciando minha volta Bebendo uma, duas e outras Vou dar as caras, sem máscara Com saúde para dar e vender Vou chamar Colombo Dar farelo aos pombos Beijar até amanhecer Vou colocar o papo em dia Viver é festa, folia

Espelho

  No reflexo do espelho Poder exalando, muito Uma fera, besta fera Sangue nos olhos, nas veias Tigre, tigresa Brasa, Brasil, brasileira Numa noite feijão Na outra sobremesa Por baixo dos panos Panos que são os planos do prazer Doce sabor de viver O corpo que ninguém percebe Mas que mexe, mexe Para viver antes de morrer Vontade, desejo de ser Ser e acontecer De escapar dessa jaula Animal ferido, preso Com fome e com sede Do tesão ninguém sai ileso Liberdade é mais do que ter espaço É poder ir para lua sem medo Voar sem receio Rir do mundo, com o mundo Amor próprio sempre vem primeiro

Namorados

  Dentro de uma música Em um pedaço de refrão Numa letra, numa poesia Amor na palma da mão Casal de namorados Por todos os cantos Praticando o pecado São os namorados Na cama, na rua, no asfalto No chuveiro, na frente do espelho No aperto de um carro Caras e bocas, bocas e beijos Frutas mordidas, desejos Não tem descanso, intervalo É o tesão dos namorados Correndo para o mesmo lado Procurando o calor do abraço Namorados, caminhos cruzados Poses, posições e gritos Cenas bonitas de dois filhos Pai, mãe e Cristo São os namorados O amor é lindo, lindo Está sim decidido O amor é lindo Está decidido

Chão do Céu

  O céu é o chão do céu Aviões entre nuvens Gigante invadindo o espaço Pernas, mãos e braços Ele vai, vai, lógico que vai Não conhece o melhor caminho Mas sabe o seu destino Voz baixa que enfrenta qualquer grito Passos largos, rápidos Sempre bem calculados Em todo canto, por todos os cantos Por todos os lados Um chute de três dedos no ângulo O gigante em movimento O tempo passou voando Um dia virou ano E já são tantos anos Páginas de um livro De leitura obrigatória Livro da vida, alegria notória Lá vai o menino Agora é gente grande Tocando o céu, gigante

Gatunos

  Já é madrugada Gatos pela cidade Portões fechados, trancados Correntes e cadeados Noite com som de blues Luzes acesas, algumas Mas ainda está escuro Gatos em cima dos muros Toda esquina uma surpresa Hábitos noturnos, soturnos Sou ladrão de corações Roubar é da minha natureza E quando você pensa Que estou em suas mãos Eu já estou longe Dos seus olhos, mas não da sua mente A noite ainda vai ser longa Não posso ficar parado Quem sabe amanhã eu volto Guarde meu retrato falado Não me confunda com qualquer gato Já amanheceu Hora de descansar o cérebro Recuperar o reflexo Uma, três, sete vidas No telhado, miados e sexo Tom, Frajola, Garfield Félix, Mingau, Pintado Pacato, Guerreiro Gatunos, forasteiros

Calado

  Eu falo, muito Meu corpo fala, muito Minhas mãos estão falando O tempo todo conversando Em qualquer parte do mundo Os dedos poliglotas Apontam para os idiotas Mostram o caminho O destino é o precipício Meu corpo fala, grita Está gritando em silêncio Neste exato momento Apanhando, sofrendo Sinais, libras Palavras em movimento E leve com você O meu sorriso fechado Meus lábios grudados Escute o som do vento Por telepatia bato papo com os anjos Com flores tímidas e mudas Dos loucos e chatos quero distância Entre o certo e o errado Prefiro olhar, apenas olhar Ficar completamente calado

Medo do Futuro

  Eu tenho medo do futuro Futuro que não conheço Tenho medo de não conhecer Sou um pássaro sem asas Uma parede sem casa Quero apenas sobreviver Contagem regressiva Cronômetro da vida Alta velocidade Largada em busca da partida O inevitável fim O fim, o fim é sim Inevitável O futuro é um sonho Que eu sonho alcançar Com todos os dedos Com toda minha força Mas nem sempre consigo Sair do lugar Eu sou, eu sou O amanhã que não nasceu A voz do eco que bateu Voltou e morreu Eu tenho medo do futuro

Inspiração

  Inspiração, inspira ação Camelo, elefante Dromedário, repente Música de gente grande Miséria, sociedade doente Ins-pi-ra-ção Igreja, Caetano, sonho Palco, show, canção Inspiração Capa de disco, foto de criança Letra, poesia Guitarra, microfone, bateria Inspira, respira, inspiração Autógrafo, Praça do Sol, família Banda, rivalidade, briga Inspira, inspiração Amor, gravação, busca Rádio, praia, mixagem Casa, morada, fusca Faculdade, sacanagem O raciocínio é um menino Tenho medo de quem fala baixo Prefiro a força de um grito

Deus e o Diabo

Exige silêncio, mas provoca o grito Quer paz, mas gosta de guerra Quer distância, mas prende Fala de Deus, mas é o Diabo Gosta da vida, mas prefere a morte Olha para os outros, mas esquece o próprio rabo Ando quase correndo Fugindo do seu poder Gosto de sentir o vento Imaginando ter a liberdade Que eu não tenho mais Gosto de esquecer o tempo Esquecer tudo que você faz Quando tudo parece perdido Vou para o mar, mergulhar Para morrer sufocado, sem ar Que seja no fundo do oceano Sem dor, sem pranto Soltar o corpo e relaxar Você prefere coturno Eu já gosto de chinelo Realidade é dura e cruel Quem mandava em mim está no céu Vivo muito melhor em meu mundo paralelo

Herói

  Não quero um herói Não sou herói Não existe herói O último morreu traído Com uma faca nas costas Pensando que tinha amigo De verdade Na verdade é o que precisamos De carne e osso Um ser humano Com qualidades e defeitos Que também tenha medo Com seus erros e acertos Não precisa gritar O poder está até mesmo no olhar Um brinde para quem sabe o caminho Quem sabe onde quer chegar Espada ou caneta Cada um com sua arma Saia, coturno ou farda Alegria ou lágrima Independência e morte O tiro derrubou o mais forte Não existe herói

Fim

  O fim é hoje, é amanhã Um dia, qualquer dia Antes do fim, o sim, o não O fim é uma praia vazia É tristeza, é alegria Vento que sopra, solidão Andar na areia, andar nas nuvens Flutuar, olhar o mar Dar adeus e ir para outro lugar Morar dentro de mentes brilhantes Dentro do ódio de alguns Nada mais vai ser como era antes E o fim, é o fim, o fim Última página de um livro Hora da revisão Filme da vida, da vida toda Trilha sonora, o passado em um telão Sou lágrima, lembrança Amor que o tempo não apaga Viver é uma dança, O tombo de uma criança Viver é uma saga O fim é hoje, é amanhã

Moda Mulher

  Na moda Elegante, charmosa Uma Santa Ela também dança Uma reza, Uma prece, meia-noite levanta Veste um pretinho básico Seu olhar, que olhar Olhos de quem manda Não tem pecado, ninguém ao lado Quem é ela? Na feira, a freira e um pastel Ela é mulher Freira, uma brasileira Vai direto para o céu

Poeira

  Sou leve, poeira Viajo no espaço, no tempo Por terra, céu e mar Destino desconhecido Encosto, colo, grudo Em corpos quentes Sensuais e sujos Qualquer tipo de gente Não tenho parada, nem morada Sou qualquer um, um qualquer Sou de qualquer lugar Todo sonho vira estrada Para quem é leve, poeira Quem apenas quer voar Partícula no universo Grão, na palma da mão Solitário, solidão Um sopro, um gosto Sou pequeno, sou vento Um pedaço, fragmento

Piano

  Som de piano, outro plano Pássaros na janela Esperança sobrevoando Um sonho de amor E do outro lado Um olhar, um novo olhar Cortina aberta, o sol já foi Não tenho pressa, não tenha pressa Vou estar sempre aqui Amanhã tudo vai melhorar Tudo vai ficar bem Minha voz, palavras no papel Sua voz, meu céu Uma declaração, uma canção Para dizer que já acostumei Olhar, imaginar, eu imaginei Tudo vai ficar bem E quando o vento levar Toda tristeza do mundo Vou atravessar essa rua Vou correndo te abraçar Também espero sua presença O endereço é o mesmo Estou no sexto andar Siga o som do piano