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Mostrando postagens de abril, 2022

Morto Vivo

  Tenho vontade de chorar E muitas vezes choro Apareço sorrindo Mas por dentro, conflito Razão, emoção Cabeça fria, coração Pessoas ao redor, muita gente Mesmo assim, solidão Grito em silêncio O silêncio fala por mim Tenho medo de ter coragem Quero dormir, só quero dormir Esquecer e ser esquecido Fugir, ir para bem longe Ir até o infinito Sem dar nenhum passo Sou um morto vivo Dentro da minha cabeça Uma música triste Palavras no ouvido Uma sentença O fim está sempre presente Qualquer hora, não tem hora Pode ser, acho que vai ser agora Está chovendo Sob o sol do meio-dia Já escureceu Nesse negócio chamado vida Não se esqueça do adeus Mesmo antes da partida

SIlêncio

  Morar em seu silêncio Em seu gemido, seu grito Morrer em seus braços Ressuscitar pouco depois Depois do prazer Em segundos, de novo Morar em você Um livro de delicadas páginas Riscos e rabiscos Mais belos escritos Dedo lambido, próximo capítulo Mais um grito, outro gemido Estranhos conflitos Linha na agulha Costurando, furando Espetando Gota de sangue, vermelho Cor do seu cabelo, fervendo Seu corpo todo dentro Um outro corpo querendo Brinquedo com vida própria Alma que chora, alimenta Ainda temos um pouco de tempo

Desconhecido

  Quem é o quarto elemento? Quem é o sujeito na foto? Fogo ou terra, ar ou água Os cavaleiros da madrugada Alguém não está mais aqui Não seguiu regras, quebrou Esquecido, acabou Quem é? Quem é ele? Atrás das nuvens, passageiro O quarto elemento não teve medo Pagou o preço Sujeito oculto, apagado Riscado do mapa O quarto elemento Seu choro, sua raiva Tristeza e mágoa Morreu Em rua fria Uma noite quente No asfalto virou indigente Indignado, calado Morreu...

Festa da Mãe

  O mesmo vento de abril Soprou o bom perfume Seu perfume invadiu o ar Tomou conta do mundo Inaugurou uma nova era E os meninos vieram Para mudar o seu nome Mãe, para sempre mãe Talheres estão caindo Panelas abertas, portas Janelas e telas, nelas Mãe e sua arte, braços Juntos, grudados O seu melhor abraço Passado e presente Juntos e misturados Com todos os cuidados Vamos vivendo Eu já nem sei onde estou De que lado estou Hoje sou filho Depois o contrário Amanhã tudo acabou Letras repetidas do seu nome Nenhuma mãe dorme Enquanto seu filho está lutando Está em guerra Os inimigos são os anos O fim de cada festa

Confiar

  Um beijo Mais um beijo Como tantos outros Um beijo Mais uma despedida Amanhã tem mais Vou para um lado Você para outro É preciso confiar Mesmo longe do olhar Sua liberdade é tão linda Seja feliz Ao meu lado vai ser muito mais É preciso confiar, sim Nem sempre estamos de mãos dadas Nem sempre deixamos pegadas Não vale virar para trás Telefonemas fora de hora Por que isso agora? O tempero do amor É viver em paz O maior medo é não saber amar É preciso confiar

Mais Caro

  Com prazer é mais caro Mais raro Com beijo é o dobro Amor com gosto Sabor de boca Com prazer é mais caro Muito mais raro O tesão é o tempero De quem perde tempo No calor do asfalto Quem paga tem direito, alguns Amor ou dinheiro Ética na guerra, sem pressa Mas não para qualquer um Abraço, obrigado, gentileza Por uma noite apenas Como papai não ensinou Está nua, mas ela não é sua Nunca Cama é armadilha Extensão da guia Da sarjeta Bolsas são hélices Que não param de girar Sonho que não para de voar

Eu Tento

  Chorar de felicidade Eu gosto Chorar com uma canção Boa sensação Isso também é amor Embaixo de chuva Lágrimas Dor que cura Jeito bom de tudo melhorar Olhar para o céu E cantar, simplesmente cantar Mas é preciso ter fé Ser fé Abrir os braços Receber toda energia O universo conspira Praticar o bem, ser o bem Um pouco mais, todo dia Cabeça no travesseiro Dormir em paz Não tem preço Lá do lado de fora Todos os medos Aqui dentro Alguém tentando ser feliz Sobrevivendo, agradecendo Eu tento

Parede

  Quem vai ser o primeiro Que vai contar o segredo Sobre o avesso da vida? O passo seguinte O outro lado O que vem depois da partida Atrás da parede Atrás da cortina Em cima do céu O que eu não vejo Quem vai contar o segredo? Num piscar de olhos Escuridão, a luz Minha melhor roupa Anjo que conduz Mas ainda não é hora Ainda não é minha hora Por enquanto, enquanto isso Fico na primeira fila Esperando o início Do juízo final, final Amigos, inimigos Muitos já estão lá Ou não Nenhum voltou, falou Nenhum contou o segredo Será que vou ser o primeiro?

Não Sou

  Eu queria ser Jorge Eu queria ser Jorge Ben Jor Falar de qualquer assunto Sobre tudo Futebol, amor, mundo Eu queria ser Cazuza Colocar o dedo na ferida Ser burguês, mas ser artista Exagerado eu já sou Eu sou Ser Raul Tocar uma, duas ou três Ser Gal e ter voz de mar Caetano e seus planos Ser Gil e aprender dançar Bethânia, Cássia, Elis Toda força que eu sempre quis Gonzaguinha Para o sal molhar o meu sorriso Renato, o Russo Beethoven Ser gênio, mas não ser surdo Eu queria ser Mas não sou quase nada

Duzentos Por Hora

J anela aberta Observo o mundo lá fora Mundo estranho Quando será que vou embora? Pessoas são vultos Arbustos balançam Crianças e seus brinquedos Cabelos ao vento Os postes estão correndo Tudo em movimento Bandeiras agitadas O universo está girando Girando, girando sem parar Duzentos por hora Parece um furacão O chão está flutuando Sempre livre, pelo ar Areia nos olhos Quando isso vai acabar? Janela aberta Observo o mundo lá fora Garganta seca, calado Mundo estranho, estou estranho O carro ainda está parado

DR

  Discutir relação, perdoar O que não tem perdão Dois cigarros, fumaça Copo cheio, papo na sala Totalmente desnecessário Completamente sem graça Sua voz, minha voz Nossas vozes Em vários tons Algumas boas doses Vou para varanda Você prefere um banho Ainda não falamos tudo Daqui a pouco tem mais Sempre tem Entramos em crise por qualquer coisa Por qualquer absurdo Quando tudo está resolvido Nada está resolvido O céu não é tão distante O inferno é aqui Você diz que tem razão Penso ao contrário Estamos em um ringue Os dois do mesmo lado

Eu

  Eu, O mesmo do retrato Agora com quarenta e quatro Tentando ser feliz Um pouco mais feliz Eu, Dentro de um quadro Com os pés no asfalto Agora mais feliz Cada pedaço de mim Uma história Luta, memória Mais um vento de abril Cabelo branco, mais um fio Metade da vida Será que já cheguei? Será que estou perto do fim? Todo dia um novo amanhecer Até quando eu não sei Corro pela casa Abro portas e janelas O mundo lá fora Compasso de espera Sou um veterano Fugindo da guerra Eu, Tão fã da paz Procurando sempre mais Um pouco mais de paz Sou eu O mesmo do retrato Agora com quarenta e quatro

Cor de Areia

  Gosto de olhar o mar Em plena madrugada Assustador, tão lindo Gosto de olhar seus olhos Vorazes, famintos Noite sem luar Escura Causando medo Aumentando o desejo Loucura Cor de areia Seu corpo, sal do corpo Cura dor, solidão Sabor do soro, caseiro Prazer na ponta da língua Salvação Quando clarear O dia chegar Gosto da paz Quero mais Gosto de olhar o mar

Sinais

  Um barco furado Um livro jogado Perfume sem cheiro Sou um nada, nada Preciso viver Preciso de tempo Porta trancada Janela quebrada Preciso escapar Não tem jeito Estou preso, preso Vaso quebrado Rua sem asfalto Sol apagado Preciso viver Não tem jeito Estou preso nesse mundo Mundo dos caretas Tenho fome, tenho sede Preciso fugir Na fumaça de um cigarro No barulho de um carro Rumo ao prazer Livre Ideias e ideais Sigo buscando Liberdade Livre Seguindo os sinais

Anjos

  Eu acredito em anjos Em planos divinos Acredito em sonhos Na solução dos conflitos Na paz do mundo Eu acredito nos poetas Nas frases escritas nos muros Eu acredito que ainda posso acreditar Que o país do futuro ainda vai chegar Eu acredito nos otimistas Entendo os realistas Brigo com os pessimistas Para quem aponta o canhão Nesse eu não acredito não Eu acredito na inocência das crianças Em juras de amor Tudo que leio nos livros Sou puro de alma Leve de espírito Eu ainda acredito Quem muito acredita Coleciona decepções É o enredo da vida Sofrer na entrada Ou na despedida Mas eu continuo acreditando Passo mais tempo rindo Do que chorando Eu acredito

Medo

  Medo de amar Medo de receber amor Medo de sentir dor Medo de ser feliz Um coração machucado Conhece bem o estrago O que é sobreviver por um triz Eu sei, e como sei O que é melhor para mim O que faz bem O que mata no fim Quem conhece o inferno Foge do Diabo Antes só, bem só Do que, do que... Ninguém nasceu para sofrer Ninguém Prefiro meus cachorros Meus gatos, meus livros O som dos discos Não quero virar capa de jornal Número em uma estatística Mão foi feita para dar carinho Flor fica sempre longe do espinho Eu ainda quero ter voz Ser voz Para dizer sim ou não E no momento é não Simplesmente não Não e não Muito não

O Sol de Cazuza

  Eu consigo atravessar o sol Eu consigo morrer, renascer Neste país da América do Sul Eu consigo desviar dos perigos Eu consigo escapar Coloco meus fones de ouvido E deixo um blues tocar Eu ainda tenho voz Ainda sou voz Um breve lamento Continuo em movimento Sou muito além do tempo Abrace meu abraço Mesmo que imaginário Seja minha energia Sou o cheiro da noite O brilho do dia Eu consigo atravessar o sol Sem óculos escuros Sou o dono do mundo Sou inspiração Sou uma alma viva Procurando saída, procurando solução

Arte Moderna de 22

  Arte moderna Semana de vinte e dois Vinte e dois em campo Campo das emoções Futebol é raça, garra Bola na rede O gol! É água para quem tem sede Dias de luta, dias de glória Mais um título para história Com todas suas cores Suas duas cores Abraça levanta a taça Festa até amanhã, depois Até o próximo século Até o próximo vinte e dois Arte moderna Um quadro, uma tela Pincéis são pernas Desenhando o destino É título, é campeão Alegria de toda uma nação Bandeiras tremulando Festejos até quando Quando Deus quiser Arte moderna Semana de vinte e dois É verde, é branco É todo amor, o amor O amor ganhou

Amanhã

  Vai chover É certeza que vai chover O azul já foi embora Vai cair água qualquer hora Essa foi a melhor forma De puxar assunto com você Hoje tem jogo Vale taça, é clássico Nem sei o seu time Essa foi a melhor forma De puxar assunto com você Agora tenho certeza Realmente vai chover Até amanhã No mesmo horário Claro que vou estar aqui Pensando em novas palavras Antes que seja tarde Melhor falar do que morrer Engasgado sem nunca dizer Na arte do desencontro Não encontrei mais seus olhos Tinha tanto ainda para falar Tinha tanto para tentar Convencer os seus lábios Não deu tempo nem de um retrato Está chovendo, muito Dentro de mim

Verdades, Mentiras

  Suas verdades São tão mentirosas Mas eu adoro ouvir Para distrair Minha cabeça quente Suas palavras Não enganam meu prazer Mas eu adoro ouvir Para distrair Minha estranha mente Escuto somente o que eu quero Em minha orelha sua língua Um trem invadindo Conte mais mentiras Eu ainda quero ser Iludido por você Sua voz nem fica trêmula Já o meu corpo... Meu corpo sim Invente histórias Conte tudo até o fim Que esse teto caia Juro, eu vou jurar Nossas alegrias e tristezas Cartas todas na mesa Um blefe de categoria Suas verdades mentirosas Todo dia

Estradas

  Vamos ouvir Clube da Esquina Vamos revelar segredos Vamos falar dos outros Vamos contar os dias Quanto tempo ainda falta? Quanto tempo ainda resta? Será que é verdade ou mentira? O mundo é um labirinto Uma floresta Estamos no caminho contrário Estamos do outro lado Retirados do retrato Viramos duas ovelhas Duas ovelhas negras Para toda tristeza Da tradicional família brasileira Nossas risadas Caladas por um beijo Não existe mais medo Passou, já foi Não nascemos para agradar É preciso respeitar O amor Vamos ouvir nossa música Vamos cantar bem alto Vamos pular na piscina Vamos cruzar estradas Vamos ser anjo De todas nossas vidas

Aceito

  Passa um tempo E eu penso Que fui esquecido Passe o tempo que passar E eu sei, sei O que você quer comigo Meu castigo Para meu delírio Ficar sob seus pés Pode passar muito tempo Mas eu sei Para o que eu sirvo Em suas mãos Sou dinheiro vivo É assim que eu gosto Desse seu estranho carinho Quem não é falado Nunca é lembrado Nem vira alvo Quem não é percebido Não escuta o riso Gargalhadas de satisfação O doce sabor de saber Qual é a real função A melhor parte do dia É o dia inteiro É todo dia, é toda hora Esperar o momento certo Ordem com cara de pedido Está escrito em minha testa Aceito

Dois de Novembro

  Vou morrer, eu vou Tenho certeza disso Um dia, qualquer hora Vou morrer, vou embora Numa manhã de outono Em uma tarde de verão Uma cama dura de hospital Ou batendo a testa no chão Vou morrer Nem quero, mas vou morrer Vou fechar os olhos Descobrir todos mistérios Vou ficar com cara de sério Dormir e não acordar Acordar e não saber Será que o dia vai terminar Ou vou voar antes das três? E quem vai avisar Contar que não estou mais aqui? Amanhã já sou passado Vou para sempre dormir Mas ainda dá tempo Para um último perdão Cada segundo que passa É luz na escuridão Eu vou morrer

Conselhos

  Você pede conselhos Eu dou palestras Você reclama dos beijos Eu chamo para uma festa A gente não presta, não presta Aceitamos qualquer negócio Qualquer negócio nos interessa Uma bebida qualquer Enquanto você fala Fala sem parar Detalhes ardentes, picantes Como está hoje, como era antes Seu segredo, meu segredo Aos quatro ventos Nossas gargalhadas Interrompendo o silêncio Felicidade é uma questão de tempo Noite já virou dia Nem percebemos Falamos mal de todos Os presentes, os ausentes Até de quem não pode se defender Nosso veneno é o que dá prazer

Padreiro

  Chute de três dedos Em seus dedos luvas Bola cheia, bola vai Mais um gol de curva Gira mundo, girando Balançado redes, todas Brasileiro, pedreiro Chute de chapa No ângulo, na fé Na raça Sim, sempre sim Receba O melhor do melhor Agora é gol de letra Receba Golaço de primeira Sim, receba Campo de terra Sem grama, de areia Bola de couro Pano, bola de meia Craque nasce Brota uma estrela Perceba, receba Todo presente do universo

Mar

  É para o mar que eu vou Quando quero pensar Quando não quero pensar Quando tenho medo Quando tenho coragem Quando quero curar Minha doença incurável É para o mar que eu vou Quando perco minha esperança Na humanidade sem amor É para o mar Que eu faço pedidos Rezo, dou um grito Vai ser no mar O meu último suspiro É para o mar que eu vou Quando eu quero dar um tempo É para o mar que eu vou Quando eu cansar da vida Quando a vida cansar Cuspir meu corpo Quando eu estiver louco E parar de sonhar O sol, o sal, o mar Remédios de Deus

Para Quem Sempre Chorou

  Abriu os braços Recebeu amor Conheceu o verdadeiro amor Teve medo Mas sabe que não errou Depois de tanto sofrimento Tanta dor Um pouco de carinho Para quem sempre chorou Viu o céu Foi até lá e voltou Repetiu o ato Gostou do gosto do pecado Mas tudo que é bom Tem dia e hora para acabar Da pior forma Com sangue no olhar Correu, caiu Não viu mais nada Silêncio Carne rasgada Morreu Como nunca tinha morrido Encontrou sua paz Em uma tarde de domingo