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Mostrando postagens de janeiro, 2022

O Melhor Dia

  Hoje pode ser O último dia Ou apenas mais um Não tem como saber Hoje vai ser O melhor dia E quando mais um dia acabar É olhar para cima e relaxar Acreditar Que amanhã vai ser muito melhor Isso claro, Se o amanhã chegar Para existir luz É preciso ter escuridão O mundo é gigante Mas cabe na palma da mão Um grito, um sussurro Um choro, um sorriso Tudo ao mesmo tempo Tudo agora, sem hora Para terminar, para acabar Hoje pode ser O último dia

Cicatriz

  Todo dia Uma nova cicatriz Todo dia Tentando ser feliz Eu sei, nunca serei Mas não custa tentar Assim é a graça da vida Lutar e correr atrás Todo dia Um novo machucado Um aprendizado Busca constante Tentando entender O mundo, o sobrenatural Não vou conseguir Mas não sei desistir Quem sou eu? Quem eu sou? Nem todo dia eu sei Eu quase nunca sei Para onde eu vou? Quem tudo sabe Nada sabe e vive infeliz Mais uma cicatriz

Sim

  Você aceitou Todos os meus defeitos Os meus medos Erros absurdos Minha Indecisão Você disse sim Para minha loucura Meu sonho de aventura Desejos proibidos Nossa linda união Com tantas opções Com tantas outras almas Você apontou o dedo Disse "eu aceito" Juro não decepcionar Vamos enfrentar o tempo Um ensinando o outro amar Milhões de estrelas O sol escolheu a lua O infinito de testemunha Você aceitou Você disse sim

Céu de Sampa

  Do tamanho do céu Até o céu Sem limites Resiste Alegre ou triste Retrato bem tirado Encontro marcado Sampa, Sampa que não é Santa Que encanta, que vive Pulsa Pecado que mora ao lado Beijo no asfalto, no meio da rua Um mar de gente, enchente Craques, crack, indigente No silêncio das esquinas Manos, doentes e minas Na cor de um prédio Tem quem prefere o cinza O amor Explícito, escondido, reprimido Feio ou bonito Em todos seus cantos Centro ou periferia Cidade cega e seu guia Coração quente Mesmo em noite fria Qual é o tamanho do céu?

Viaduto

  Foi amarrado Torturado, espancado Assassinado Virou nome de viaduto Agora é um morto famoso Logo vai ser esquecido Esqueci, esque, es Seja um anônimo feliz Seja feliz O corpo está marcado Sangue por todos os lados Mais um brasileiro Menos um brasileiro Seu maior pecado Ser um pobre coitado Foi amarrado Torturado, espancado Morreu, morreu Pensando em seu filho Sua mãe, seu padrinho Apenas um grito, um Entregou sua alma Fechou os olhos com calma Agora tem salvo-conduto Virou nome de viaduto Seja um anônimo feliz

Cruz

  Sua barraca, sua casa Sua rua, seu endereço Sua alma, sua roupa Brinde com água de chuva Hotel de todas estrelas Noite sem pressa Em qualquer travessa Amanhã nada vai mudar Mesma calçada Mesma vontade de chorar Um banho, um pão Um café Qualquer coisa simples Ou apenas um sorriso Não precisa muito Para tentar, apenas tentar, Ser feliz E quando a morte chegar Quando o sol espalhar Sua última luz Devolva o pobre corpo Para sua humilde cruz

Protetor Solar

  Protetor solar Cheiro de praia, de mar Sob o sol, sereia Pisando na areia Toda linda, toda toda Óculos escuros, de boa Céu azul, blue Nuvens brancas, algodão Seu olhar sem direção E quem vai conseguir Enfrentar seu poder Suas curvas, suas ondas? Dona dos seus instintos Vive perto do perigo O perigo é não venerar Agradecer e ajoelhar Aos seus pés e sonhar Seus lábios Mesmo sem palavras Uma linda canção Todo charme, obra de arte De Jobim ao ostentação Cheiro de praia, de mar Protetor solar...

Resistir

  Resistir é sobreviver É viver sem saber Amanhã tem almoço O jantar pode esquecer Mas agora é festa, carnaval Alegria de um povo doente Sem tempo de passar mal No espelho o reflexo Complexo Tudo tão moderno Mas nada funciona Agora virou Santa É água, é planta Dona, majestade, realeza Do alto do seu trono Nunca sozinha, Rainha Do alto do seu trono Rainha Deus no céu, Deusa na Terra Da paz, da guerra Do canto, do seu canto Todo canto é uma prece Amém, axé, cor da fé Direto do planeta fome O seu nome é mulher O Brasil não é sutil

Sem Parar

  Vou falar sem parar Por mais de uma hora Ontem, hoje, agora Vou contar minha vida Minhas músicas preferidas Vou falar dos discos, dos ritmos Das noites de insônia Dos Renatos, dos russos Das pessoas anônimas Vou falar de amor Sentimentos, política Do hit que ainda toca no rádio Da letra que eu erro Mas disfarço muito bem Sobre a data que eu esqueci também Vou falar do lado B Do diferente tão familiar De todos os Santos Dos meninos, das meninas Das covas e dos leões Pessoas em volta da fogueira Jovens, idosos e os seus violões Agora vamos ao cinema Assistir nossa realidade Um casal apaixonado Mentiras com cara de verdade Vou falar sem parar...

Elis

  Como ser feliz Sem ouvir Elis? Luzes apagadas Noite sem estrelas Filme preto e branco Seu canto, encanto Pimenta que esquenta Arrebenta meu coração E o sol O sol também está lá Louco para brilhar Ao ouvir sua voz O seu cantar E quando o sangue ferver E quando o sangue jorrar Manchar paredes, águas do mar Um grito, seu grito De liberdade, de amor Amor que eu preciso Como ser feliz Sem ouvir Elis? Sorriso largo, guardado Na memória de um pobre Cheio de pecados

Canção

  Uma canção de amor Com poucas palavras Apenas um "eu te amo" Frases feitas, cheias De um romantismo bobo De um bobo romântico Todo apaixonado é ridículo Um quadrado dentro de um círculo Um otário na capa de um livro Com apenas um "eu te amo" Falo tudo agora ao mesmo tempo Sou um simples poeta Andando contra o vento Muito perto do precipício Um passo e o risco De mergulhar de cabeça Sem medo Uma canção, uma declaração Uma sentença Sou o cara que erra Sou um soldado querendo guerra

Bom Dia

  Hoje é um bom dia Para a gente ter um bom dia De mãos dadas Dois cigarros, algumas bebidas Frases feitas, refeitas De frente para trás, de trás para frente Hoje foi um bom dia Um lindo dia Um brinde, mais um Para o nosso amor safado Um trago, fumaça Um beijo atrás da cortina No palco Hoje foi o melhor dia Das nossas vidas Na mesa de um bar Onde tudo começa Onde tudo termina Uma poesia com palavras soltas Sem rimas, estamos bêbados Estamos em um bom dia Vamos pisar nas nuvens Viajar em uma estrada imaginária Qualquer outra loucura Em um bom dia Ou uma boa madrugada

Ela

  Depois de tantos amores Ela, enfim, foi amada Ela amou, amou, muito Como se não houvesse amanhã Depois de tantos amores Ela conseguiu ser feliz Nos braços quentes De quem jamais imaginou Agora quer mais, um pouco mais Nem toda mão maltrata Nem todo desejo mata Ela vive um sonho Descobriu o amor De forma inesperada Numa doce madrugada Ela vive o amor Em todas suas curvas Almas nuas Duas mentes quentes, duas Os lábios mais macios Perfume tão suave O bom encaixe Corpos sem nenhum disfarce

Poeta Morto

  Eu vi o poeta nascer O poeta morrer Vi tanta gente partindo Indo, sumindo Eu amei, muito Muitos que já não estão mais aqui Só queria cinco minutos Para um reencontro Bonito, profundo Quantas flores joguei Em buracos escuros? Quantas horas gastei Chorando atrás do muro? Não conheço o depois do fim Sei que é difícil viver assim Com saudade de quem é passado E ficou para o futuro Sono profundo Que eu sonho ter Quem sabe amanhã Quem sabe, talvez Quem é que sabe? O maior mistério da vida É uma verdade Eu vi o poeta nascer Soltar sua voz Atrair uma multidão Eu vi o poeta morrer

Palhaço

  O palhaço está triste Chorando Em um canto da cidade Com fome, com sede O rosto pintado, borrado Seu alegre cabelo verde O palhaço continua triste Brinca de fazer sombra Lembra do seu passado Sabe que está errado Engole um tarja preta Conversa com os ratos O palhaço faz caretas Escreve cartas, sobe na mesa Choro que vira gargalhada Sangue que explode O tiro na cabeça O palhaço agora está louco Completamente louco Completamente feliz Saiu de sua realidade Esqueceu da maldade humana Agora ele sonha, ele dança Fuma um cigarro Sopra na cara da criança

Minha Voz

Para você solto minha voz Faço outra voz Falo tudo daquele jeito Cito todos os sonhos Vontades, desejos Um quase grito, gemido Sentimentos em conflito E quando falo, falo tudo O canto da sereia Bons e velhos absurdos Nem todo mundo entende Nem precisa entender O louco é louco Mas conhece o prazer Palavras são apenas palavras Na boca de quem não diz nada Nosso papo é quente, muito É tudo de bom, muito bom Pela manhã ou madrugada Eu mando flores Você pede dinheiro Eu gosto, eu aceito Você não tem medo Sabe a hora de arriscar Eu só sei falar, falar Aquilo que você adora ouvir O que faz você sorrir Vou soltar minha voz Vou fazer outra voz Em seu ouvido

Blanc

  O poeta partiu Viagem sem volta Sua obra, sua paz Na pena, na caneta Ideias, ideais Poeta das estrelas, sistema solar Retratista do tempo Dos medos, dos ventos Sem rumo, no prumo Popular Simplesmente simples Na língua, nos versos O lado certo Mistério da vida Palavras e rimas Na despedida do poeta E o que resta Viver, apenas viver Um brinde Copos de plástico Observando o retrato De quem já partiu O poeta não erra Ausente, sem pressa Com sua cara de Brasil

Santa

  Santa Ela é Santa Devassa, otária Guerreira Louca que sonha Uma estranha certeza Leve, profunda Criadora, criatura É mãe, é mãe, é Seu corpo é música Dança e chão Água, bicho, anjo O doce e o azedo A pureza do cão São tantas, são várias Todas em uma só Ela sabe quem é Metamorfose ambulante É amor, amor Dona de toda fé Ela exibe Seu corpo, seu gosto Nenhuma vergonha Mas tome cuidado Não venha com graça Respeito é bom É moda que não passa

Meio Belchior

  Hoje acordei meio Belchior Logo cedo eu já estava em pé Regando plantas, tomando café Hoje acordei meio Belchior Fui por aí sem rumo Por qualquer caminho Dei tchau para o mundo E fui Fui com meu violão e meu chapéu Alguns cigarros no bolso da camisa Namorando o sol, beijando a lua Dobrando esquinas Pisei na grama, roubei flores Lembrei todos os meus amores Meu passado, meus pecados Agora um novo destino Que ainda vou encontrar Vou, vou com alma de menino Sou Belchior procurando meu lugar Seguir respirando Cada passo, caminhando Por todos os cantos A doce vida de um latino-americano Eu acordo todo dia Um pouco mais Belchior

Páginas do Perigo

  Com um livro nas mãos Eu sou um perigo Enfrento qualquer um Tenho bons argumentos Sem dar nenhum grito Com um livro nas mãos Sou o mais forte Um pouco menos pobre Tenho ideias na cabeça Não passo fome Nas páginas de um livro Eu viajo, eu sobrevivo Atravesso fronteiras Mergulho em cada capítulo Sou leitor, sou autor Da minha própria história Do meu destino Personagem da vida real Torto por linhas certas Em cada parágrafo Até o ponto final Com um livro nas mãos Eu continuo sendo um perigo

Todo o Perdão

  Perdão Por ser feliz Perdão Por ter coragem Perdão Por não sofrer Perdão Por acreditar Perdão Por viver Perdão Pela falta de mimimi Perdão Por não desejar o mal Perdão Por não reclamar Perdão Por não ofender Perdão Por não chorar Perdão Por ter um bom coração Perdão Por saber dizer não Perdão Por não gostar de miséria Por não explorar a miséria Por não viver da miséria Dos outros Perdão

Caminho Triste

  Tristeza é um caminho Direto para o inferno Eu fui e ainda não voltei Toda noite o mesmo pássaro Todo dia o mesmo beija-flor Vento balançando minha janela Eu sei que é você, é você Que foi embora sem dar tchau Sem ao menos um adeus Medo e pavor Suas últimas palavras Seu último olhar Abraço que não teve fim Nó na garganta Aquela palavra que faltou Por onde você anda? Estou cuidando de suas plantas O sonho não acabou Levaram seu corpo Deixaram o seu perfume Está em cada canto Nos quatro cantos do mundo Em todo e qualquer lugar Está na hora de voltar Saudade é âncora Indo direto ao fundo do mar Tristeza Conheci em uma tarde fria de outono

Caminho Triste

  Tristeza é um caminho Direto para o inferno Eu fui e ainda não voltei Toda noite o mesmo pássaro Todo dia o mesmo beija-flor Vento balançando minha janela Eu sei que é você, é você Que foi embora sem dar tchau Sem ao menos um adeus Medo e pavor Suas últimas palavras Seu último olhar Abraço que não teve fim Nó na garganta Aquela palavra que faltou Por onde você anda? Estou cuidando de suas plantas O sonho não acabou Levaram seu corpo Deixaram o seu perfume Está em cada canto Nos quatro cantos do mundo Em todo e qualquer lugar Está na hora de voltar Saudade é âncora Indo direto ao fundo do mar Tristeza Conheci em uma tarde fria de outono

Verão

  Gosto de andar Com meu inverno Gosto de encontrar Você e o seu verão Eu tão calado Um pouco mais quieto Você no agito, no ritmo No calor da estação Choque térmico Cinza com azul Todas as portas do céu Abertas para nós No clima, deu clima Deuses conspirando Com todo seu frescor O meu frio soprando Isso é amor, isso é amor Nossos caminhos Sol, tempestade Molhados pelas ruas Sem nenhuma vaidade Somos o resultado Anos e anos De desejos camuflados Meu inverno com seu verão

Gala

  Traje de gala Para festas e velórios Alma armada Língua que beija E pouco fala Bons momentos Em péssimas horas O fim é uma tristeza Mais um que vai embora Bebidas quentes, bebidas frias Cadeiras viradas O último que sair A mulher e o padre Só mais uma oração De joelhos pedindo perdão Sobreviver é uma arte Carinho na face de um morto Inútil, mas sincero Meu corpo, meu porto Seus braços, um cemitério Repouso do guerreiro Eterno, todo o tempo Para descansar em paz Mãos no peito Ninguém morre de véspera Em compasso de espera Traje de gala Para velórios e festas

Drama

  Todo dia um drama Eu só quero ser criança E ter um instante de paz Todo dia um novo medo Saudade de um tempo Que não volta mais Sinto falta do silêncio Embaixo de uma cama Fugindo de uma bronca Escapando de um Havaianas Guerra com a rua de cima O futuro dentro de uma bola de gude Mundo anda tão cruel Minha assinatura ainda é uma casinha Rabiscada no canto De uma folha de papel Hoje queimo neurônios E algumas ervas Sou um pouco frio E um tanto poeta Travessura de gente grande Todo dia um drama Infância perdida O silêncio embaixo de uma cama Traumas e fantasmas De toda uma vida

Depois do Fim

  Quando eu morrer Quero ir para o céu Depois para o sol Para a lua da amargura Quando eu morrer Quero ir para o inferno Mandar um beijo frio Dar tchau para os inimigos Quando eu morrer Vou descansar nas estrelas Mergulhar no azul do céu Relaxar nas nuvens Quando eu morrer... Sou uma força da natureza Sou o que você sente Aquilo que você não vê O ar que respira O calor do entardecer Quando eu morrer E quando chegar o dia Da minha doce partida Vou bater asas Voar contra o vento Cantar igual artista Quando eu morrer Vou ser feliz em outro lugar Vou para qualquer lugar