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Mostrando postagens de janeiro, 2024

Em Movimento

  Sampa que não é Sampa Um pouco doida Um pouco manca É rock, é samba Quebrada, jogada Armada Nem um pouco Santa Cidade sem freio Sorrisos e medos Do tempo sem tempo Em movimento Tons de cinza Rios e avenidas Janelas e portas Abertas, fechadas Cada casa uma cela Dentro do cofre O silêncio da miséria Poesia concreta Placas e setas Carros, motos Bicicletas No charme de suas mulheres Nas mãos dos seus trabalhadores O sonho do clandestino Dos mendigos E todas suas dores Sampa que nunca foi Sampa

Anjo Protetor

  O destino é um menino Brincando de ser feliz Debruçado nos livros Estudando o futuro O menino é senhor Quase Doutor É roupa branca Que veste e protege O remédio do planeta É cura, toda cura O amor sem receita Estetoscópio, ópio Anestesia Guardião da vida Médico de almas Dos nossos sorrisos Em nome do pai Da mãe e do bom filho Saúde para dar e vender Para cuidar, renascer Anatomia de um ser humano Sonhos e planos O destino é um menino Com asas de anjo

Chuva

  Barulho de chuva Cobertor de orelha Mais uma noite boa Café sem café Duas bolachas Leite na taça Não perdemos a pose Muito menos a graça Na rua discretos Só olho no olho Papo reto Dividimos o fone Beijos rápidos Beijos espertos Trocamos mensagens Uma por hora Eu não cobro Você não cobra E vamos embora Falando sobre o dia Medos e alegrias Entre um prato e outro Um livro, um show No quarto, na rede Igual peixe Abriu a boca Já matou a sede

Silêncio

  Você não sabe meu nome Eu também não sei o seu Não que isso incomode Seu beijo é mais forte O resto é o resto Apenas olhares No primeiro impedido No segundo trave O golaço é na sequência Na saúde ou na doença Não existe mais quase Silêncio tomando conta Tudo girando, e girando e girando O mundo anda tão bagunçado Tão estranho E a culpa é nossa Toda nossa O nosso louco amor É festa, é bossa O céu da sua boca é tão lindo É nele que eu moro É nele que eu vivo E você ainda não sabe o meu nome

Melhor de Nós

  Sem roupa com meu violão Duas ou três notas e uma canção Poesia pura, pura boa música Pelo, pelos, o tempero O gosto e o cheiro O lado bom do amor Viva o amor Nas cordas, nas bordas O mundo nas costas Um pouco mais leve Minha voz, uma voz Toda paz, minha paz O melhor de nós Cante comigo Vamos cantar Enfrentar e espantar os medos Os males, os pesadelos Olhar para o céu Agradecer de joelhos Sem roupa com meu violão Obedecendo o coração No ritmo Sem razão, muita emoção O ritmo

Som de Piano

  Ao som do piano Faço juras, faço planos Faço você feliz Uma taça, duas bocas Oceano de emoções Você derrete, eu derreto Temos todo o tempo Agora beije meu beijo Meu prazer E fique em silêncio No outro dia Mais um dia Acordar sob seus braços Um café, um trago Cada um para o seu lado Noite que chega E já estamos errando Outra vez, mais uma vez Ao som do piano O desejo é uma dança Que sempre dançamos Romances e outros clássicos Poetas e loucos O destino e o acaso

Inviolável

  Sim, não, talvez Qualquer um dos três Tem que respeitar Tem que aceitar Roupa que desliza Escorrega entre os dedos Morre no peito No leito de morte Sorte Cofre inviolável Proibido Isolado, escondido Aceite o silêncio Sem nenhum grito O corpo tem um gosto esquisito Diga sim, diga não Diga fim, enfim Indecisão Tesão é tema predileto Revolução

Peixe

  O mundo do peixe Tem o tamanho do aquário Por isso que eu prefiro o mar A imensidão do oceano Beleza que vai além do olhar Sob o sol do meio-dia Sob o poder da lua Paz e fé Paz e amor Cura para todo o mal O gosto do sal Frio ou calor E o vento vira brisa Quando tudo parece fim Quando termina O paraíso é aqui Dentro de mim E continuo buscando Apenas um abraço O tempo que não existe Mas tudo agora está mais calmo Já não conto mais os passos Sou um peixe fora do aquário

Medos

  Seu maior medo Seu pior pesadelo É ainda pensar em mim Ter vontade, vontades Não segurar o sim Mas é preciso dar o primeiro passo Libertar o corpo Dar espaço para o amor Que nunca morreu E estou aqui, aqui Braços abertos E tudo que espero Tudo que eu quero É fazer você feliz Amanhã pode ser tarde Tarde demais Posso morrer, posso acabar E ninguém vai avisar Aí já era, já era Não deixe nada para depois Engula seu orgulho Vou contar somente até dois

Distraídos

  O amor escolhe até os distraídos Os que têm medo E também os sem juízo O amor é democrático Colorido, doce Um pouco amargo Só uma coisa é certa O amor faz estragos O amor é engraçado É sem graça É furacão Derruba, arrasta Faz bem, maltrata O amor é um jardim Algumas plantas Pessoas pisoteando Sempre resistindo O amor é silencioso Mas faz um barulho ensurdecedor Ainda tentando entender O amor

Infernando

  Estou aqui para infernizar Infernizando Aqui para cantar Estou cantando Sou gerúndio Um gerânio Um titã, um crânio Sou o que você gosta de escutar O que você detesta ouvir Pesadelo dos hipócritas Dos medíocres Vou falar e vocês vão fugir Sigo fazendo planos Viver é o meu plano Não paro, não vou parar Muito menos ser parado Vou continuar infernizando Minha barba ruiva está ficando branca Mas ainda tenho força Sou cacto, sou planta Sigo aqui explanando Infernando

Viciado

  Vamos brindar Xícaras de café Sorrir sorrisos Pensar nos filhos Nossos futuros Nossos grilos Vamos olhar O nosso olhar Conversar Lugares e viagens Noites estreladas Deserto do quarto Luz apagada Vamos discutir Nossa relação O tempo perdido O vento, o grito A conclusão Vamos nos calar Amar Pela última vez

Café

  Vamos brindar Xícaras de café Sorrir sorrisos Pensar nos filhos Nossos futuros Nossos grilos Vamos olhar O nosso olhar Conversar Lugares e viagens Noites estreladas Deserto do quarto Luz apagada Vamos discutir Nossa relação O tempo perdido O vento, o grito A conclusão Vamos nos calar Amar Pela última vez

Igual

  Um sorriso para não chorar de tristeza Sorriso para não chorar De tristeza um sorriso Para não Não chorar Chorar de tristeza Não Chorar Não chorar De tristeza um sorriso Um sorriso Para não chorar de Tristeza não Não Para não Não Sorriso para não Chorar De tristeza Sorriso Para não Chorar de tristeza, um Chorar de tristeza, para Chorar de tristeza, não

Casal

  Vamos na feira Supermercado Corremos juntos Tiramos retratos Brigamos Somos apaixonados Estranhos Temos hábitos estranhos Manias e loucuras Roubamos flores nas ruas Dançamos Na chuva a gente ama Beija, chora Faz um drama E na hora da fome Qualquer porcaria vira janta Andamos de mãos dadas Abraçados, separados Contamos os passos Usamos tênis com meia Mas preferimos os pés descalços Ainda não escolhemos nossa música Gostamos de todas Gostamos de quase nenhuma Somos apenas um casal

Muito Tempo

  Pouco tempo É muito tempo Para quem se apaixona Alegria passa rápido Tristeza não Cicatriz é tatuagem No corpo, no coração Esquecer não dá Não tem como Por toda vida Todas minhas vidas Paixão mal resolvida Pensamento é um martelo Pancadas diárias Eternas Nada resolvido Os piores conflitos Pouco tempo É muito tempo Ainda vamos nos reencontrar Esclarecer antes de morrer O pensamento é um martelo

Agora Não

  Você quer Eu não quero Você insiste Eu fujo Mudo seu papo Beijo curto Prazer no escuro Outra vez Lá vem você Argumentos Os mesmos Já disse não Hoje não Tempo passou Tudo mudou Agora é sim Dia do sim Eu só digo sim Você diz não Agora não Não é hora Não pode ser É perigoso É viver ou morrer O que a gente faz O que a gente fez O que a gente pode fazer

Eternidade

  Pode acontecer Vai acontecer Perto, muito perto Cada vez mais perto Ninguém escapa Nunca ninguém escapou Como música no ouvido Estampido de um tiro Pai, mãe, filho O silêncio de um grito Momento final O jovem é suicida Tenta e não consegue Tem mais de uma vida É sempre carnaval O medíocre, o extraordinário Ordem invertida Sentido contrário Faca cega, roleta russa Certeza mais incerta Existe medo, existe tempo Eternidade

Osso

  Chegou o caminhão do osso Para o desgosto Do cachorro magro Não sobrou nenhum pedaço Continua com fome Continua fraco Chegou o saco de osso Menino pobre Também tem fome Sonha com a janta Briga pelo almoço Na escadaria O garoto e o seu cão Uma esmola e o gosto O sabor de nada Com coisa alguma Noites na rua Solidão Desgraça que dá audiência Miséria na tela Aproveitadores Senhores superiores Pisando nas cabeças Sujas e cheias Falsos Santos, milagreiros Sentenças

História

  Fez história Deixou história E partiu Sem arrependimentos Viveu seu tempo Foi levado Não desistiu Palavras, memórias Jornada completa Entre curvas e retas Fez o que deu Até onde deu Agora descansou Cabelo branco Que o vento bagunçou Relógio biológico Seu olhar, seu autógrafo Última impressão Memória, lembrança Uma suave dança Fim e solidão Nova vida Em outra vida Do outro lado do espelho

Idas e Voltas

  Você vai Mas sempre volta Conheço o seu repertório Sei todos seus passos Você vai E volta muito melhor Chega beijando, mordendo Chega com tempo Nossa discussão não termina bem Termina muito bem O amor só fica mais forte Vem com um calor enorme E você gosta também Tesão é uma fruta na geladeira Saborosa, desejada Faltando pedaço ou inteira Esquentando nas mãos Derretendo na boca Loucuras derradeiras Daqui a pouco outra briga Outra fuga Mais uma partida Com hora marcada para voltar E tudo vai começar de novo E de novo, de novo Mais uma vez Sempre volta Tudo tem volta

Mar

  Corro até o mar Observo o infinito O som mais bonito Sua voz pelo ar Natureza morta O paraíso não tem porta Mas tem saída Deixo rastros, pegadas O amor é um caminho sem volta Sou uma canção Que parece alegre Mas no fundo é triste Vivo de solidão Água salgada Que cura ferida Que aumenta a sede Areia escaldante Cabeça quente Sigo procurando motivos Sou mãe, sou pai, sou filho O grito do descontente

Voando

  Tudo passa tão rápido Num piscar Hoje vira ontem Amanhã talvez O tempo é um retrato Imagem em movimento Um aceno emocionado Tire alguns segundos Para entender o mundo Para viver, sobreviver E quando tudo acabar Olhar para trás E apenas agradecer O caminho é de terra O esperto também erra Perfeição não existe Não é fácil, não é Sorrir mesmo sendo triste Tudo tão rápido Rotação alterada Vida estragada Está voando Sonhos acabando Terminando em fim Enfim...

Ego

  Eu tenho medo do tempo O tempo que acaba comigo Tenho medo da vaidade do ser humano E o seu ego maldito Odeio o que consome meu corpo O que esgota minhas energias Mas agora só quero paz Paz até o fim dos meus dias Na fogueira das vaidades Ser só é um ato de sobrevivência Saber o devido lugar Saber o lugar certo de pisar Anos e anos de experiência O silêncio vale ouro Prata e bronze Por isso observo, espero E no momento certo Tiro o pino da granada Mas faço apenas fumaça Não sou de nenhuma laia Já não preciso tanto de sol Prefiro a maciez das nuvens

Missa

  O padre sabe rezar Não precisa você ensinar Cada um em seu lugar Cada um fazendo o seu Você leva o fubá Eu volto com o bolo Você cita um verso Eu apresento uma poesia Você vai de GPS Eu sou o guia Sorriso amarelo não brilha O falso não tem vida Muitos elogios Até Deus duvida Quem não conhece Até acredita Quem conhece Simplesmente evita Todo abraço é uma oportunidade Para uma facada nas costas Uma falsa verdade O padre ainda sabe rezar...

Respirar

  Prendo meus bichos Solto minhas feras Revelo meus segredos Sou o que eu sempre tive medo Não consigo voltar Eu preciso respirar Não sei como cheguei até aqui Não sei como eu morri Fique comigo essa noite Segure minha mão Prenda meu corpo Amarre minhas pernas Salve o meu coração Eu não quero e não posso Afundar um pouco mais Meu grito ecoa aqui dentro Será que ainda tenho tempo? Não desista de mim Não desista

Recomeçar

  Hora de recomeçar Fazer tudo outra vez Repetir acertos e erros Descobrir coisas novas Sorrir e chorar Chorar e sorrir Correr e não olhar para trás Quem sabe até voar Atravessar oceanos Tomar chuva Confundir o caminho Não saber o destino Sentar no meio da rua Brindes com copo de requeijão Felicidade sem nenhum tostão Pensar com a razão Obedecer o coração O livro é repetido Mas o final pode não ser Que perca o juízo Só cuidado para não enlouquecer É hora de recomeçar