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Mostrando postagens de abril, 2019

Nossa Vida

Nossa vida Exibida em uma tela de cinema Com plateia comendo pipoca Analisando  Fazendo críticas Muitas vaias Poucos aplausos E você liga para tudo isso? Não devemos nada Felicidade incomoda Nosso corpo é fechado para inveja Mas aberto para o amor Isso é o que importa Ser triste está tão fora de moda Vou fazer uma linda canção  Para gente cantar de mãos dadas Por ruas perigosas  Não vamos nem reparar Nos olhares de reprovação Enquanto o mundo anda para trás  Nossa paixão vai até madrugada O que vai ser de nós dois? Eu não sei Nem pretendo saber O futuro é um grande mistério  Deixa assim que eu também quero O sonho nunca fica pra depois

Horóscopo

Olho no jornal o que diz o horóscopo  Nem acredito, mas gosto de ter uma desculpa Para tudo que acontece em minha vida Para tudo que acontece ao meu redor  Durante o dia procuro estrelas Pela noite busco o sol O universo é mesmo mágico  O meu Deus é muito maior Quero andar com você pela lua Vamos levar o dragão para passear Olhar o planeta Terra todo azul Usamos roupas especiais Mas nossa alma vai sempre continuar nua Somos filhos dos astros Somos astros únicos  Resultado da falta de Vênus  Nossa aliança não é qualquer anel de Saturno Corpos celestes Corpos que se misturam E a gente aqui no asfalto Cantando e olhando para o alto  Sem saber realmente o que está acontecendo  O quanto estamos perdendo Até quando temos tempo De sonhar que estamos no espaço  Ou acordar sem ninguém ao nosso lado

Veneno

O veneno tem cara boa Parece algo tão natural Tem gosto doce Desce pela garganta Segue o fluxo normal Mas de uma hora para outra O ar começa faltar O que era uma boa Vira desespero Morte clara no olhar E aquele momento  Segundos antes de morrer O que passa na cabeça? O que o corpo sente? Mais um grande mistério da vida O gozo antes do fim O último suspiro  Será que morrer dá prazer? Todo mundo conhece o perigo de viver Não tenho culpa Eu tive que nascer Agora estou aqui  Mas não sei até quando vai ser Basta estar vivo Basta estar vivo para... * No meu velório Eu quero músicas e piadas Não necessariamente nessa ordem Eu quero é desordem  Muita pinga na madrugada

Pano

O meu sonho era ter Uma banda de rock Morrer e ressuscitar  No palco beber Fazer cara de mau Ser um louco Muito louco Não medir consequências Muito menos o tamanho do prazer Mas tudo isso passa Basta o coração se apaixonar  Todo roqueiro fica bobo Quando surge aquele Aquele brilho no olhar Raios em uma noite sem chuva  Poesia sem poeta Palavras sem gargantas Somos tão incoerentes  Quando o amor chega de repente Somos tão incoerentes  Quando o amor escolhe a gente Meu medo na infância  Era rasgar o pano Da mesa de bilhar E se eu soubesse Se eu soubesse  Que isso não era nada Viver é tão insano

Liberdade

Quem explica aquele amor  Que parecia já ter sumido e que voltou do nada? Quem explica essa minha vontade de entregar flores? Quem explica essa minha vida que está voltando? Meu psicanalista precisa de terapia Agora são metros e metros Quilômetros de poesias Hoje olho meus escritos do passado E vejo o quanto melhorei Percebo que nunca tive certeza de nada Agora muito menos eu sei Escuto Nando procurando "O Segundo Sol" E Engenheiros com sua tal "Highway" Tudo é inspiração  Toda noite é viagem mesmo ainda eu sendo tão cético  O hospício não está de portas abertas Mas sempre sou bem vindo E por sorte encontrei  Você no meio do caminho Não fique triste  Se você não entender minhas palavras Meu texto não é tão simples E também não é direto Não existe uma verdade absoluta Nem quero isso O meu grande objetivo É levantar perguntas Liberdade  De você achar o que quiser Mas se não achar Também tudo bem E se você me escolheu Sei que não foi sorte minha Toda escolha Não é uma

Vida de Cão

O cão de guarda É do guarda E morde feito cachorro grande E não reclama De ter uma vida de cachorro Anda por ruas claras Ruas escuras  Já andou até em foguete Nunca reclamou de nada Pulgas dormem em seus pelos Resto para ele é um banquete Vira lata Lata virada Saco de lixo Animal vai sempre ser bicho  O fracasso não anda de quatro É apenas o retrato  Três erros seguidos  Assim eu desisto Vou pedir música no Fantástico

Estátua

Eu nem sabia que eu conhecia Aquela estátua que o Nando tanto dizia  Naquela canção de amor Para sua amada Vânia  O Senhor do Tempo Que o tempo anda maltratando tanto Na ladeira perto da grande área Mas estranho mesmo é marcar o tempo Em um local que o tempo não é mais necessário  Todos dormem em seus leitos Será que todos ainda continuam crendo? O muro que não é rosa Cerca quem não quer fugir E se você seguir por ele  Vai encontrar uma linha verde Com janelas passando  Em alta velocidade  Quero esquerda livre Na escada rolante Nosso amor está embalado Em um lindo embrulho Preso só por um barbante Vamos caminhar de mãos dadas Por aquela avenida famosa  Gosto de cantar para você  Ouvindo minha voz batendo nos prédios Parece até que dá eco Dá para ouvir eu te amo Da Consolação até Vila Formosa

Língua

Língua que lambe selo Mas que some na hora do selinho Língua que vive presa Dentro de uma boca Mas dentro de outra boca É começo de muita alegria  Só não pode ser língua solta Se não tudo vira tristeza Língua que fala outras línguas  Que sente os sabores da vida  Que faz uma noite ficar boa Ou se estragar com um papo atoa Língua que o menino mostra para o pediatra Mas se mostrar para o avô agora  Vai tomar bronca  Diversão mesmo só com... Só com "língua de sogra" Fale agora ou cale-se para sempre Fale antes que o gato coma sua língua Ou que a censura corte  Ficar calado não dá  Não ter com quem falar é triste  O silêncio é ensurdecedor Falta de barulho é a morte

Na Terra do Gigante

O gigante está sofrendo Não aguenta mais andar descalço  Na floresta não encontra Nenhuma loja de sapato O seu pé 74 vive dolorido Está sempre inchado O gigante vive pisando em pedras Suas dores são dilacerantes  Ao mesmo tempo é cuidadoso Não quer matar nenhuma formiga O seu tamanho assusta Mas quem conhece sabe É uma pessoa boa Mesmo não sendo tratado como pessoa O gigante chora feito criança Derruba árvores quando fica nervoso Mas quando se acalma  Joga bola com os elefantes  Só evita dar trombada Tem medo de um tsunami Gigante que mora na própria natureza Anda tão cansado  Pensa muito em desistir de tudo O gigante está "deprê" Sua última tentativa é ir para cidade grande Mas tem muito medo Não sabe onde vai se esconder  Pobre gigante Ninguém enxerga seu olhar tão distante

Violão Surrado

Aquele violão surrado Fez mais uma canção  Outra em sua homenagem  E o mais incrível  Sem nenhuma rima Com amor ou coração Vivo procurando palavras Diferentes expressões  Não precisa ser direto Nem falar de cara Sobre emoções Uso frases curtas Mas também sou fã das longas  Falar de você é sempre tão fácil  Meu dicionário é cheio de sinônimos Fica fácil escrever Versos, letras e poemas Quem se aguenta? Na janela canto alto Grito e arrebento O meu pulmão já sem ar Ser unido e ter carinho Tudo isso, Mesmo sem a gente casar Música, música, música  Para agradar orelhas e ouvidos tão sensíveis Música não substitui uma flor Mas pelo menos alivia Alivia um pouco da dor Qualquer dor

São Jorge

Dia de São Jorge Moro em uma rua chamada Jorge Apareça para tomar um café  Mas venha por cima Lá embaixo anda muito perigoso  O dragão já não assusta mais ninguém  Mas nossa melhor arma é o sorriso E para espantar o mau olhado Sal grosso, samba e churrasco Espada do santo guerreiro Luta, fé  Vamos vivendo do jeito Daquele jeito Que Deus quiser  Sou brasileiro Falam que brasileiro não desiste nunca Eu nunca desisto de ser deste país  Que o mundo ainda não entendeu  Ninguém sabe como Esse povo ainda é feliz Janelas que dão direto para rua Onde marido chega Vizinho pula Brinca menina  Bagunça menino Aqui o povo é forte Tudo filho de São Jorge

Minha Morte

Vou anunciar minha morte Já morri várias vezes  Renasci tantas outras E ainda estou aqui  Todo dia Viver é morrer e sobreviver Constantemente assim Por isso preciso do seu perdão  Diariamente  Um dia pode ser oficial  O meu fim Tenho apenas uma certeza Minha morte vai fazer eu virar um gênio Mas posso ser um gênio vivo É só olhar melhor Observar um pouco mais Não é nada difícil  Preste atenção  Pare de viajar apenas em impressões  É preciso um pouco de silêncio  Para entender pelo menos uma vez O meu coração O meu coração Existem várias formas de morrer Mas também de viver Só escolher o seu lado  E não tem um lado certo  Estamos dentro de um quadrado Cada canto um desafio Pare de tentar descobrir segredos  Estamos por um fio Vamos sem medo

Angústia

Não é apenas um conto Eu não gosto de contos  Prefiro um bom romance Um bom romance Gosto dos meus dedos invadindo Abrindo embalagem de um disco Gosto do cheiro Cheiro do novo Gosto de lembrar das minhas profundezas Ir lá no fundo da alma Gosto de subir no palco E não saber como vou descer de lá  Minha história de amor É minha história de vida O amor nem sempre resolve tudo Mas para um poeta imperfeito  Pode ser este o melhor jeito Faço tudo ao mesmo tempo Música e letra  Pois tenho medo Que sobre só angústia

Nosso Veneno

O veneno está pelo ar  Nossa existência está em perigo Somos tóxicos  Um matando o outro Principalmente com palavras E isso não é  Não é, Uma doença rara Vou dormir  Mas com o olho aberto Bem aberto  Não sei o que me espera Então é bom estar ligeiro Acordado que é pesadelo E pode ter certeza Isso não é medo Enquanto você vai Eu já estou voltando Não nasci ontem O mundo já é maior de idade  O relógio está fora de moda Mas ainda temos tempo Precisamos mudar Posso até ser velho Mas estou sempre esperto Pare de tanto julgar Bateria do celular acaba logo O meu pique não  Minha energia é eterna Eterna E estou na era do gelo Dar um gelo em quem não presta Não presta Certeza que é o melhor remédio  Remédio para o meu coração

Rede

Rede para relaxar Rede para mergulhar Rede cheia de intrigas Rede para pegar o peixe Rede para jogar tênis  Ou vôlei  Ou ping pong Rede para não cair fios na comida Rede de lojas Eu quero uma rede Preciso dormir Depois de muitas horas na internet  De horas intrigantes Logo após o almoço  Antes teve um jogo Que tomei cuidado para não sujar o cabelo  Na loja só compro perfume sem cheiro Mas prefiro mesmo Uma rede de ensino Na mesma hora que estou ensinando Também estou aprendendo

Bico Calado

Foi você quem começou  Com essa loucura De falar o que pensa De não pensar em que fala E agora que começou  Pode ir até o fim Pois não existe loucura maior  Do que parar pela metade  Quando vai falar de mim Vamos colocar em pratos limpos  Principalmente nosso passado sujo Dou a chance de você começar  Mas vale sempre lembrar  Aquele velho ditado  Quem fala o que quer Ouve o que não quer E tenho certeza Que alguém por aqui não vai gostar Pode me explicar este silêncio? Por que ficou calado de repente? Será que está com medo De ouvir verdades? Percebeu que o silêncio vale ouro Melhor fechar a boca Do que ter fama de touro Espero que tenha aprendido a lição  Bico calado é sempre a melhor solução

Tio Afonso

O caminho do hospital É o mesmo de um tempo bom  Bateu uma saudade no peito Doeu o coração  Só não vai confundir  São doenças diferentes Sou um cara saudosista  Guardo sempre os momentos bons  O poeta é um artista  Que enxerga o passado e o presente Tudo isso em uma mesma vida O GPS manda ir reto Mas eu queria mesmo virar Dobrar para direita  Mas deste lado só tem vazio Realidade é deitar na maca Tomar soro E sofrer só um pouco Eu gostava mesmo Do churrasco na casa do tio Afonso  De injeção não gosto não  Eu gostava mesmo Das tardes boas na casa do tio Afonso Ficar doente não é bom Não gosto de remédio não Não somos donos de nada Nossa vida é uma jogada Em um tabuleiro Voltamos algumas casas Pulamos outras Os dados estão rolando Gosto de olhar areia na ampulheta  Escorrendo feito sangue no ferimento O tempo está acabando

Bobos

Todo dia, Toda hora, Uma discussão boba Acontece em todos lugares E na Sexta Santa também tem O que me importa Se Jesus era loiro ou moreno Pra mim tanto faz O final é sempre o mesmo  Foi pregado Não adianta chorar O tempo não volta mais  Não volta mais Jesus Foi crucificado  E você brigando por trocados No chão ou no alto Todo mundo tem pecado Não adianta fingir Não adianta fugir E pode matar sua vontade Foto do sangue escorrendo  Selfie na cruz  Depois atire pedras Poucos gostam de ouvir uma verdade

Nando Reis

Sou o quarto filho Dos cinco filhos do meu pai Tenho cinco filhos Também sou pai Sou míope  Mas quando quero ver gente Coloco lente Eu queria ser Alexandre, o Grande E o meu maior pecado Era venerar retratos da Ternurinha Acabei crucificado  Tinha perna azul Mas não era perna de pau Fazia até gol Futebol só pela manhã  Gosto de outras três cores Meu ídolo sempre foi o Forlán Segredos de um ruivo Apesar que ser ruivo Já é um grande segredo O ruivo tem cor de ferrugem  Ou será que é vermelho? Gostava de sair antes do sol Ônibus vazio Motorista, cobrador e eu Bom momento para rezar Mas eu nunca tive religião  Nunca senti o gosto O gosto da comunhão # Os cágados são cactos  Que procuram um rumo Ficam atrás do muro Não nasci para matemática  Prefiro mesmo estudar os caramujos  Minha vida não acabou aos vinte sete Mas dos cem não passo Sempre achei tão bonito Cortar unhas dos filhos Não sou um falsário Mas imito assinatura do meu pai E gosto de tocar o Relicário Segredos de um ruivo Apesar q

Pisou na Bola

O sujeito pisou na bola Falou mais do que devia Agora é massacrado Tratado como inimigo do mundo  Antes era herói  Hoje é xingado na rua Também nas redes sociais Mas sorte que sou diferente Bem diferente dessa gente Que não erra nunca E massacra quem já está caído Eu sempre tento olhar o outro lado  Eu tenho pecado Não atiro pedras Minha mãe ensinou Respeite todo mundo Quem acertou Principalmente quem errou Não sou ninguém  Para julgar caráter de alguém  E se precisar Vou esticar minha mão E pode segurar Não vou chutar O cachorro não está morto Só ferido E um pouco torto

O Amor

O amor nunca sai de moda É trama principal da novela É tema de tantas canções  Só o amor que pode salvar O mundo de tantas desgraças  Paz, Paz sem amor  É apenas uma trégua  E isso não resolve o problema Amor nasce no coração Pode até não curar Mas ameniza a dor Amor, Palavra tão pequena Mas tão bonita Pode ser até mesmo O apelido de uma pessoa querida E todo mundo precisa  De amor nessa vida Não tenha medo Medo de demonstrar o amor Quem ama vive melhor Na saúde ou na doença  Na alegria ou na tristeza  Que você tenha sempre  Muito amor ao seu redor O amor nunca sai de moda...

O Presunto do Nando Reis

Por que o morto é chamado de "presunto"? O que você tem contra o presunto? Não tem gosto de nada Mas combina com tudo Até o a Nando Reis já cantou O presunto virou poesia Logo depois ganhou melodia  Vou salgar o presunto  Com água do mar Pedra não tem vida Mas pode tirar Tudo se resume Em uma fórmula matemática  Que eu não sei calcular O meu sofá tem cor de porco Vou deitar e descansar o corpo

Frio

Eu tenho frio E hoje nem está tão frio assim O meu corpo está fraco Não acho Tenho certeza que estou doente O mar está tão lindo Pena que é meu fim Agora percebo  Que dinheiro não serve pra nada Escrevo poesias em notas de cem Faço barquinhos e deixo uma onda levar Minha fortuna é poder morrer em paz Na hora da despedida  Dar a mão com um silencioso amém Eu não quero ser cremado Prefiro um túmulo bonito Para receber visitas Para quem sempre viveu com pressa Hoje vivo morto Deitado e sem dor nas costas Não preciso fazer pose para agradar Depois de tanta luta Agora sou luto Mito não tem idade  Tem história

Orquídeas do Djavan

Minha música  Nem sempre alegra Muitas vezes faz pensar Mesmo quando É uma canção de amor Minha voz é tribuna Tão bom ter voz O mundo precisa de mais elegância  Que tristemente rima com ganância Falo de flores Mesmo sem ser um especialista  Orquídeas são tão belas Mas tão caras Então, Se você ganhar Valorize Quem dá orquídea quer casar

Renato Russo

O mundo é uma janela Que eu amo saltar Para cair pra cima Ir para o topo Cuido mais da mente Do que do corpo Minha música é uma crônica  Do nosso tempo atual O problema é que ela foi feita No século passado  É um retrato nacional Sempre fiz muitas perguntas E quase nunca recebi respostas Muitas interrogações  Poucas exclamações  Vou deitar em meu quarto Só me acorde quando o mundo estiver pegando fogo Ou se você tiver boas propostas Tenho uma banda Sou vocalista Sou trovador Só não sou artista Também não sou santo Apenas gosto de alguns  E por favor não confunda Legião não é  Nunca foi Uma religião

Nu

Uso roupa para esconder Minhas vergonhas  Sua vergonha de olhar Olhar para o que é natural Mas que todo mundo trata Como o maior dos pecados O mais mortal E o medo do criado É encontrar seu patrão  Atrás da porta  Sujo e pelado E toda sujeira Será que está em sua cabeça  Ou em seus olhos? O que você acha feio Para mim é lindo Não adianta dizer que estou errado Pois estou certo Vou seguir o meu caminho E de novo, Digo e repito Deixe eu aqui  Vou ficar pelado Pela manhã  O corpo brilha No fim de tarde Luz e sombra E quando a noite chega Escuridão que me assanha Nada como olhar Como com o olhar  O Cruzeiro do Sul  Completamente nu

Mãe

Da infância tenho poucas lembranças  Mas lembro da janela Com seu vidro trincado  Eu no colo Ela apontando para o infinito  Mostrando um mundo bonito Que nunca existiu Criança não tem medo  Quando está sob e sobre  O calor do corpo da mãe  Sabe que proteção é amor E o meu melhor brinquedo Era ter o seu olhar Revelando segredos (da vida) Observando meus passos  Eu procurando espaço  E depois da queda Sempre correndo de volta  Para seus braços Naquele abril de 44 Um outono nada comum De algum lugar Que não sei onde  Eu já acompanhava  Sua chegada  E hoje sou Um adulto criança feliz Obrigado mãe  Obrigado  Minha Nossa Senhora abençoada

Casa

Quem tem casa tem lar Não importa o tamanho Do quarto, da sala Se é perto da rua Ou perto do mar  O barraco também é casa Nem sempre protege O melhor abrigo  É sempre embaixo da asa Para criança  Toda casa é grande  Faz da parede Seu caderno de desenho  Acorda sempre feliz Mesmo depois do pesadelo O morto tem casa O cachorro tem casa O peixe tem casa Mas tem quem não tem

Samba

 Vou fazer um samba Mas não é um samba qualquer Vou falar sobre o mundo Sobre os problemas da sociedade Vou citar um pouco de tudo Só não sei ainda Como colocar o nome Da pessoa que amo Em qualquer parte da letra Para deixar só um pouco mais linda E quando todo mundo ouvir Vai saber de quem tô falando Vão logo identificar O seu sorriso em meu canto Sei que o mundo não vai mudar Que a sociedade não vai melhorar Mas quando toco meu pandeiro Eu penso em você  Esse samba é para minha paixão  Que do meu lado esteve quando eu sempre precisei  E somente eu sei O que é amor verdadeiro Vou fazer um samba...

Cassia Eller

Não tenho freio Sou fã da verdade E vou logo falando Não fique na minha frente Não entre no meio Do meu caminho Passo por cima Sem tocar buzina E nem pense  Em me chamar de amor Muito menos de benzinho Eu já cansei De apanhar da vida  Depois de tantas lágrimas  Muitas noites perdidas  Ninguém mais liga Para o meu sofrimento  Mas também não quero Nem um pingo de piedade Tudo que vai volta  E minha volta é cheia de revolta Só não sofro de vaidade Vou quebrar garrafas Jogar copos na parede Fazer cena Mas logo depois ler um livro Eu sempre mantenho o nível  Minha voz é rouca Não me faça virar fera Deixe eu aqui em meu canto Não parece  Mas sou sensível

Encontro Marcado

E se um dia A vida não querer me acompanhar Desistir de mim  Tentar me deixar Azar da vida E quando eu morrer  Não enterre o meu corpo Muito menos coloque fogo Eu quero mesmo  É ser jogado no mar No mar Mas se eu tiver uma segunda chance Vou fazer aquelas mesmas loucuras Mudar não é comigo E ainda vou brindar Chamar os amigos  Tomar umas e outras Com outras e outros Amigos que vou fazer Para comemorar os poucos Ou muitos dias que me restam E chame do que quiser Até mesmo de louco Isso tudo para mim é pouco Meu encontro marcado  É sempre com o desconhecido  Não altero meu caminho Nem mesmo quando estou perdido

Estrela Cazuza

Já fui chamado de várias coisas Algumas boas Outras nem tanto  Fui sempre rotulado  O cara tão falado O poeta louco  Aquele que viveu pouco Mas soube viver Viver! Minha vida foi um filme Talvez mal dirigido Cheio de improviso  E no final Fui o mocinho Que morreu Mas nunca ficou sozinho Minha época  Não existia rede social  Nossa comunicação  Era em rede nacional Pelo rádio  Pela televisão  Pelo meu grito Durante uma canção  Uma canção Nunca obedeci  Religião  Minha regra  Foi sempre ser feliz Sentir prazer  Sem nada seguir Amar sem medo  Andar sem ter onde ir Hoje continuo sendo uma estrela Mas o meu brilho é diferente Quem aponta não mais acusa Nem diz que estou pecando Agora sou tratado como anjo Fico olhando aqui de cima  E dou risada do mundo acabando