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Mostrando postagens de setembro, 2019

Remédio do Futuro

Preciso de um médico Para curar uma doença que eu ainda não tive Aquela gripe que vai chegar Em uma tarde fria de outono Preciso do remédio que não foi fabricado A cura que não foi descoberta Uma receita mal escrita Com letra que ninguém entende Preciso de uma injeção de ânimo Minha salvação está na floresta Vou usar roupa índio Ou seja, vou andar pelado Por todos os cantos Por todas zonas Sedes do pecado O mundo está realmente doente Gente correndo para todos os lados Flores em vida Rosas vermelhas Depois de morto Paletó de madeira Morrer dormindo É acordar sonhando É soprar toda a poeira

Meu País

Já disse o Ivan Aqui é o meu país Cores vivas e natureza Mas tem muito mais Machado de Assis e Lobato Chico, Caetano e Gil Hortência, Silvio Santos, Ayrton Aqui é o meu país É o meu Brasil Jânio e Getúlio FHC, Lula, Bolsonaro Tanta gente, tanta coisa Aqui é o meu país Sotaques, ataques e mandrakes Um povo que ri Mesmo com motivo para chorar Não passamos fome Mas é preciso pescar O meu país Tem cara, tem sonho, tem fé Tem terra, tem rio e floresta Tem futebol Tem tabelinha Coutinho e Pelé Fusos, confusos Somos únicos Filhos são frutos Todos dentro de um mesmo mundo O mundo Brasil

Aquecimento

Aquecimento global Mas o mundo anda tão frio Frio demais Pessoas cada vez mais frias Pedra de gelo no lugar do coração Pedras nas mãos Temperatura lá no chão Iceberg Nada esquenta essa alma Sua consciência não é leve Um prato de comida Uma dança quente O que resta Fogo ardente do inferno Morte dos ausentes Compaixão, Com calor humano Objetivo é sobreviver Tantos braços, Tantas bocas, Vidas nossas, Vidas loucas Precisamos nos aquecer O rastro de fogo fica na sola dos pés Mas só de quem caminha E que não para um só instante Solidão é triste Fé nunca anda sozinha

Música da Zoé

Aquela árvore que tanto brinquei Guerra entre os meninos No pátio da escola Muito tempo atrás Sua flor laranja E aquela sua água Parece pai falando dos filhos Sempre deságua Tão gigante, Tão enorme perto do meu tamanho Galhos e galhos e raízes quadradas Batizamos de Mijão Nossa arma na hora do recreio Mas o mundo é bão Depois dos quarenta aprendi O nome parece feio Mas não é É lindo igual Igual a menina Zoé Espatódea É a flor ruiva Flor de beleza única Filha de Reis Cosme e Damião Olhe para o seu amor Cante mais uma vez

Menino Nickollas

Todo dia mais um dia Mais um dia com você Ouvindo sua voz Guiando o meu viver O amor escolheu O destino nos uniu Os seus passos são os meus passos Seu olhar é o meu olhar Conheço o mundo Conheço tudo Sem sair do lugar Voz do seu coração Falando direto para o meu coração Um só, Dentro de nós E o meu caminho Sua luz que ilumina Meu destino Obrigado, mãe! Pra sempre seu menino Vamos juntos Vamos voar Pegar estrelas com as mãos Nas nuvens repousar Vamos, Vamos juntos Viver os sonhos mais bonitos Nossa viagem mais curta É para o infinito

Feia

Acordou, Olhou no espelho Não enxergou seu rosto Muito menos seu corpo O passado morreu Hoje é feia E super feliz É feliz assim Acha muito melhor Vaidade é uma saudade Que não existe Quando linda era tão triste Deus escreve certo Por linhas tortas Mas ela gosta do gosto Anda encarando o povo Prefere observar Não ser observada Agora ri, gargalha Não sente falta de ser namorada Corre pelas ruas Virou Santa Personagem popular Feitiço do feiticeiro Lua cheia, nevoeiro Aprendeu o que é amar

No Alvo

Não preciso gritar Para ser escutado Não preciso ofender Para mostrar indignação Não gosto de papo furado Nem de falso solidário Prefiro o poeta que explode Apenas com palavras E que não seja partidário Não adianta jogar flores Para quem está se afogando Respiração boca a boca Em quem já morreu é um engano Tudo tem sua hora Não adianta antecipar o pranto No meu país Tragédias são anunciadas com antecedência E nem precisa ter muita paciência Nada é por acaso Toda bala perdida encontra um alvo O Brasil está dividido Turma do bem contra turma do mal Ordem já não existe O progresso escorregou da bandeira Toda semana tem um novo carnaval

Falso Herói

Eles fazem festa Enquanto estou aqui sozinho Não tenho motivo para sorrir Nem quero Muita alegria eu desconfio Não gosto de quem força amizade Muito menos de falso herói Sou fraco, Conheço minha limitação Sofro com o calor Amo o frio O frio da solidão Observo tudo Mesmo sem ter o que observar Nem toda noite é escura Nem toda noite tem luar

Laço

Falta amor Falta laço Para juntar pessoas diferentes Dentro de um mesmo abraço Toda noite, É o fim de um dia Todo dia, É o fim de uma noite Coisas sempre tão simples Mas que ninguém dá valor Todo dia termina de um jeito Todo dia nasce com uma cor Flores, São tão suaves Alegram muita gente Faz qualquer canto Um recanto Um pouco mais Sobreviver É o nosso sonho de paz São tantos textos Músicas e poesias Tão diferentes Sempre tão iguais O tempo vai provar Quem tinha razão Casais ou amantes Ou nossos pais Falta amor Falta laço Para juntar pessoas diferentes Dentro de um mesmo abraço

Melhor dos Mundos

Sempre enxergo melhor o mundo Quando estou com um copo na mão Sempre faço os melhores discursos Logo após o segundo gole Na mesa de um bar Tristeza não dorme Muito menos eu Estou sempre vivo Mais vivo do que nunca Sou filho de Deus Meu melhor amigo Sempre foi o garçom Trocamos ideias Figurinhas, segredos Empresto minha paciência Ele sua bandeja Para eu respirar melhor Soprar pra longe E depois um pouco mais de cerveja Eu sou o rei Também sou escravo Sou tudo Louco varrido Desvairado Objeto de estudo Aquele que marcou o seu lugar No fim do mundo

Fogo

Fogo, Fogo que queima Queimou o coração Do solitário Sem amor, Sem amor na vida Sem paixão Fogo, Fogo que consome Alimenta, Que come você Que não vive de migalhas O que não mata, engasga Depois engorda Fogo, E todas suas variantes Chama eterna e constante Lenha queimando Reflexo nos olhos do menino Que está descobrindo O calor do fogo do prazer Que continua queimando E quase ninguém vê

Resistência

Resistência é no chuveiro Golpe é no judô Ladrão é na cadeia Autoridade é doutor Não seja chato Pare de gritar E fingir que está preocupado Faça logo o seu papel Assine o contrato Você quer é dinheiro Não tenha medo Vilão também vai para o céu O professor engana o aluno O aluno acha que vai mudar o mundo Fica sempre muito frustrado Quando descobre a verdade Que a caneta só escreve O que o chefe repete O discurso já está escrito Antes e depois do seu até breve Os ídolos foram informados Já estão todos conformados Murro em ponta de faca Água mole em pedra dura Pare de atrapalhar o trânsito Volte para casa e saia da rua

Robin Hood

Vou ler um livro Na mesa de um bar Vou molhar palavras Virar páginas da minha vida Toda história tem um início Todo fim também tem um começo Todo amor perdido Termina em desespero Mas um pouco de alegria Não tem preço E depois da última garrafa Vou andar por ruas escuras Vou recitar poesias Para mendigos, travestis e prostitutas Sou um bêbado Cheio de amor Uma boa alma perdida Procurando motivos Tentando achar uma saída Não sou herói de Hollywood Apenas gosto dos fracos e oprimidos Um quase Robin Hood

Artista

Não nasci para ser rotulado Mas posso ser conjugado Sou um gerúndio Com nome fantasia Um parado em movimento Faço arte, sou artista Acordo cedo todo dia Vamos para cozinha Fazer uma coisinha Simples para nós dois Um café ou uma sopa de alface Está tudo na geladeira E depois feijão com arroz Você gosta dos meus cachos Da minha cara enquanto eu trabalho Da minha foto na capa de um disco Sou cantor, compositor Mas não sou poeta Minha vida é emoção e razão E tudo mais que nos resta Falamos em códigos Muitas vezes apenas com o olhar Você vai ter um capítulo especial Na biografia que eu não lancei Saudade tenho de quem já morreu Nesse mundo do avesso Feliz de quem ainda não se perdeu

Inteligentes

Gosto de ouvir O papo dos dois Bons moços Gosto de ficar olhando Aprendendo Com o canto de um Com o um que nunca fica no canto Todo mundo quer saber O que estão conversando Todo mundo quer ver Palavras voando Voando Espalhando Sabedoria pelo ar O saber sempre nos doutrinando Graças a Deus! Gotas e goteiras Pingos de sabedoria Inteligência é chuva Sou guarda-chuva Amigos leitores vorazes Inteligentes O que é sagrado ninguém toca Mas apreciamos O conflito de ideias O som do sim O silêncio do não O outro feliz Faz feliz também meu coração

Corpo

O corpo com roupa É sinônimo de elegância O corpo sem roupa É sinônimo de pecado Todo mundo gosta Todo mundo quer sentir Um pouco do prazer De não saber resistir Amor, É o corpo inteiro Sexo, Apenas alguns espaços Este é o segredo Misturar e não ter certo ou errado Por todos os cantos Cabeça, tronco e membros Sentindo o sabor O sujo causa arrepios É ter calma e fazer direito Relaxar e perder o medo E se tem frio na espinha Tem calor por inteiro Com todos os dedos Tateando até o fim Escolhendo lugares E para serem múltiplos É preciso, É preciso ter o primeiro

Mentiras e Verdades

Uma mentira machuca Fere por dentro Mas uma verdade pode machucar muito mais Revela medos Segredos Uma mentira dura cem anos Uma verdade é eterna E verdade quando sai da boca do inimigo Corta feito navalha Penetra na carne Faz tão mal Tudo tem os seus dois lados O mesmo sol que traz luz Também é castigo Sobreviver não é fácil Verdades, mentiras e até indiferença Sonhos que duram tão pouco Um vídeo clipe de nossas incertezas E que o tempo pare de atropelar De passar por cima de pessoas e amores Troco verdades e mentiras Por bombons e duas ou três flores

Conselho

Preciso de um conselho De um sim ou não Uma palavra amiga Ouvir sua voz explicando O certo e o errado Qual caminho devo seguir Você apontando meus erros Segurando minha empolgação nos acertos Eu só quero ouvir Eu só quero um pouco do seu amor Aquele seu olhar que diz tudo Mesmo sem palavras Apenas sua proteção Vou fechar os meus olhos Sentir sua presença O toque suave de sua mão No reflexo do espelho No sonho da noite No pensamento bonito Na nuvem de verão O muro invisível nos separa Mas não nos afasta, não E nada é mais gostoso Ao mesmo tempo cruel Do que olhar sua foto Saber que continua Comandando direto Direto do céu

Sonhos

Sonho ter o mundo Na palma da minha mão Sonho atravessar fronteiras Sem precisar falar nada Nenhuma palavra Sem dar explicação O planeta é um ovo Um ovo cozido Sua casca é frágil O seu povo anda tão esquisito E eu sigo procurando paz De lugar em lugar Pintou porrada, não volto mais Minha casa São todas as casas Que eu moro E que penso em morar Ser bem recebido Não é favor É educação elementar Na mochila uma bandeira do meu país Com todas suas quatro cores Tão descuidado, mas ainda tão conhecido O cartão de visita um sorriso Em qualquer canto Flores são sempre flores

Libido

O poeta acordou daquele jeito Cheio de loucura e empolgação Olhou para cara do Brasil Mandou um beijo Depois mostrou o dedo do meio O poeta não tem medo Muito menos faz pose Sempre com palavras ácidas E fazendo careta quando aparece em close Um dia abraçou a bandeira No outro cuspiu Qualquer tema vira letra Sua caneta é um fuzil Carregado de ódio e questionamentos Qualquer coisa vira inspiração Enxerga tudo com um outro olhar Só o poeta sabe falar de amor Falar de amor sem se apaixonar O bom poeta quando quer se concentrar Vai para rua Para uma mesa de bar Procura barulho Som de garrafas Goles curtos e longos E quando sente dor Bate remédio antimonotonia no liquidificador Poeta é criança no corpo de adulto Com brinquedos caros E alguns outros proibidos Poeta fala de sexo Mas nem sempre tem libido

Roberto Leal

Um traço Brasil Portugal Vira, vira, virou Ídolo de duas nações Filho lusitano Adotado por terras brasileiras Um só coração Dois amores Viva Portugal! Viva Roberto Leal!

O Nando Perguntou

Foi numa sexta-feira 13 Que o Nando Reis perguntou Como vai você? Contei minha vida Por educação ele sorriu Até estou vivo, Mas o meu mundo acabou Acabou Ninguém mandou perguntar Vou contar mais um pouco Não estou bem Infelizmente só sei Só sei que não estou louco Minha história vai virar música Daquelas cheias de emoção Já está no caderninho Entre letras tão bonitas Vou deixar recados na caixa postal Gritar para os quatro cantos Agora sou uma canção Um sucesso nacional Simples, Uma simples pergunta Uma resposta tão complexa Mas o que realmente Realmente interessa Minha história Minha história é essa

Sapato Velho

Sou um sapato velho Em qualquer canto Quase abandonado Só lembrado quando cheira mal Sou um chinelo Com tira quebrada Trocado por uma palmada O solitário sem beijo de namorada Sem o sentimento natural O amor Sou o marginal Aquele jogado para escanteio O sujo Não reconhecido Só um perdido Mas prefiro achar que sou vencedor Mesmo sem amor Que tal você me calçar Usar e vestir Já que você não consegue Não consegue me engolir Deixe eu aqui Quieto, calado Sem o seu papo furado Agora vou dormir

Do Livro ao Pó

Gosto de livro velho Gosto do cheiro Do pó De todo seu ABC Principalmente do C Que faz eu viajar Entrar em transe Ser outra pessoa Viciado em literatura Minha vida é um romance Palavras entram em meu corpo E vão direto para corrente sanguínea Meus olhos ficam vermelhos Quando leio a primeira linha Todo capítulo é uma dose de prazer Página de seda Para ser devorada Ou queimada em uma reunião de bruxas Numa rua escura Em plena madrugada Do grosso ou do fino Lendo e relendo até última ponta E falo com todas as letras Quem tanto lê, No fim paga a conta

De Antigamente

Eu sou aquele Que ainda anota telefone na mão Escreve bilhetinhos Corre pra pegar o ônibus Aquele que se destaca na multidão O cara que fala com todo mundo Educação está tão fora de moda Sempre odiei modinhas Tenho portas abertas No bar, na igreja, no puteiro Na passarela do samba O paraíso do brasileiro Gosto de música Que atravessa o tempo Que ultrapassa a morte do autor Canções de rock, protesto e amor Durmo no quarto de mamãe Para ela não adoecer Desligo o ar E ligo o ventilador Sou aquele de antigamente Nos dias atuais Sou um corpo quente Por que você não me quer mais?

Sobe o Som

Sobe o som Vou dançar No meio da rua No meio da multidão Vou dar meu show Entre caras amarradas Pessoas sem humor Cansei de tomar porrada Vou fazer fumaça Na cara do povo Acender um cigarro Cheio de pecado Convidar o capeta Para tomar uma cerveja E fofocar sobre Deus O amor não morreu Não morreu Nem pior Nem melhor Apenas diferente No meio de tanta gente triste Um sorriso ainda existe

Incoerente

Nada é perfeito O mundo não é perfeito Todo banheiro Por mais limpo que esteja É sujo Tão  incoerente Tomar banho Onde a gente faz de tudo O bebê nasceu E agora quer mamar Vai disputar o seio Vai brigar com o pai Daqui até o fim É cada um em seu lugar É preciso aprender Viver é lutar Nada é perfeito O mundo não é perfeito Droga dá prazer Umas são vendidas em farmácia Outras em uma esquina escura Solitário usa para ter companhia Já o cara cheio de amigos Tenta evitar Mas não controla sua fissura O poeta precisou morrer Para ser considerado vivo Aquele outro abriu os braços Acabou sendo pregado Então não perca tempo Remoendo seu rancor Amor não perdoa quem chega atrasado Nada é perfeito O mundo não é perfeito

Kelly

Kelly, Tão nova Já tem um filho O pai da criança é desconhecido Ela também não tem família Perdeu o emprego É sofrimento todo dia O seu vício era cheirar flor Hoje cheira outras coisas Pelo menos por alguns instantes Kelly consegue ser feliz Sua vida é uma droga Tem prazer pelo nariz E quando chega o sol Nada muda Sua noite foi na rua Usou o corpo para conseguir alguns trocados Não tem mais coração Apenas um pedaço de plástico Kelly nem queria tanto Xícaras para tomar café Um amigo para conversar Só um olhar Alguém para lhe dar bronca E não deixar Kelly perdeu sua a fé Deixou o filho na porta de um desconhecido Escreveu um bilhete explicando tudo Atravessou a rua Entrou em um prédio Foi até o vigésimo andar Subiu pela escada Para poder pensar Parou em frente de uma janela Está pensando em pular