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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Malas Prontas

  Malas prontas Tudo no carro É hora de partir Sempre tão lindo Crianças sorrindo Vamos fugir O céu está ficando azul Tudo blue, tudo blues Pelo caminho uma canção Alegria que ninguém explica Família no coração Serra ou mar? Não precisamos decidir agora Vamos para onde Deus quiser E ele quer, quer, sempre quer Nada mais gostoso Do que o gosto do vento no rosto Nossa Fusca, uma aventura Nada mais gostoso Pense positivo, nada negativo Viva e seja feliz A vida é curta Acaba por um triz

  O doente tem fé Mesmo perto do fim É paciente e tem fé Abraça, diz adeus Segue com sua fé Em algo, em alguém Nem ele sabe bem Desejo e confiança Amanhã é outro dia Mesmo sem esperança Morre o homem, Só não morre sua fé Página em branco de um livro Destino que não está escrito Fé, um pouco mais de fé Portas fechadas O melhor caminho Fé Atira no que vê Acerta no que não vê É não ter certeza de nada Apenas acreditar, acreditar Andar no escuro Transformando tudo em luz Tudo em fé

Pedaços

  Quero um pedaço Um pedaço de prazer Bem fatiado, temperado Qualquer pedaço de você Minha fome, minha sede Vontade de ser Sobremesa sem mesa Em uma cama pra morrer De tanto amor Escolha suas armas Seus talheres O melhor prato é o vazio Vazio e sujo Depois de satisfazer Devorar até amanhecer Próxima refeição Seja almoço, janta Água na boca Corpo, alma, pão Eu sou o pão Quem vai pagar essa conta? Vou ficar devendo Suaves prestações Lavar louça todo dia Limpar o pecado da gula Nem tão pecado assim Roubar para comer Não vai ser dessa vez O meu fim

Silêncio

  Gosto do silêncio dos seus olhos Do barulho do seu sorriso Do mistério do seu juízo Gosto de imaginar, pensar O que está por trás dos seus planos Qual caminho você prefere seguir Quando apenas quer sonhar Não sei muito sobre sua vida Enxergo apenas o limite, seu limite Uma linha tênue Ousadia e timidez Fale um pouco de amor Explique só mais uma vez Quem mora em seu corpo? Quem invadiu sua alma? Somente alguém privilegiado Devidamente autorizado Por favor, suas respostas Sobre seu jeito refinado O bom soldado sabe como agir Diante de um retrato Pequeno três por quatro Não precisa fugir, não Aplausos para o seu destino Incerteza que virou convicção Gosto do silêncio dos seus olhos

Três

  Três Por uma estrada Três Cantando uma canção Uma parte igual gringo Outra parte em português Três Fazendo lá lá lá Depois um tchururu Não são cinco ou seis São apenas três Os cantores da madrugada Todos de mãos dadas Tudo de novo, tudo outra vez Estrada sem fim Deu pra mim Levem meus pensamentos Nossos bons momentos A gente se vê por aí Lá lá lá Tchururu Tchururu

Sinceridade

  Mais de vinte anos Eu ainda não acostumei Com sua sinceridade cortante Suas palavras tão diretas Esse seu papo sem curva Realidade nua e crua Você agrada poucos Tem o respeito de muitos Quem não conhece tem medo Mas é apenas o seu jeito De falar "eu te amo" para o mundo Sempre com toda delicadeza Filhote de urso Elefante em loja de cristal Toda calma e paciência O coice de um animal Eu te adoro Não pise na grama Faça silêncio Boa noite para o papai Boa noite para mamãe Tudo que você esqueceu Tudo que você não faz Eu te adoro Gosto assim, assim Prefiro loucura de quem fala Quem joga na cara Não esconde nada Gosto de quem sabe viver Dentro de uma linda gargalhada

Normal

  Hoje eu sou o sol Vitamina, vida Hoje sou o sol Esperança renovada Não precisa ter medo O dia é sempre lindo Depois da madrugada Agora sou luz Que brilha, que seduz Venha, venha logo Para o meu mundo Mergulhe fundo Nos sonhos mais bonitos Siga meus passos Estou aqui de braços abertos Eu deixo, Você repousar em meu colo Deitar e contar sua história Uma história de amor Sou o seu protetor Sua melhor memória Hoje sou o seu sol Eternamente

Curvas

  Eu vejo calor Eu vejo gente Eu vejo curvas Vejo uma cidade nua Suas cores, todas cores Telhados, casas, ruas Asfalto quente, teto baixo Obras, uma pintura Uma tela, um quadro Retrato sem moldura Antenas, fios, postes Janelas abertas para o mundo Barreiras, portões Amor ultrapassando muros Meu povo Cheio de charme, no ritmo Cheiros, temperos Gosto bom, sabor Carros por todos os lados Olhares cruzando, cruzados Santo, meu Santo salvador Um mar de sonhos Braços abertos Galera esperta Grito de liberdade Um bom coração O sorriso do menino Brilhando na multidão

Areia Fina

  Sozinho no mundo Lendo vagalumes Pisando na areia fina O mar está tão calmo Diferente de mim Já não tenho tempo Para tanto tempo Que você pede para decidir Ansiedade é veneno Triste é saber que apenas vou dormir O relógio gira para o lado contrário Tudo parece um sonho ruim Droga com efeito retardado Ainda estou aqui esperando Seu charme dizendo sim Mais um dia passou Feito Bossa Nova Nem sempre é paz, Nem sempre é guerra Compasso de espera Enquanto isso, Estou sozinho Pés na areia fina Solidão

Claro ou Escuro

  No claro ou no escuro Antes uma bebida Depois um cigarro Ter um amor é tão raro É tão raro Pela cidade, olhos atentos Observo tudo, todos Fico parado, fingindo Olhando o movimento É hora de escolher, apontar o dedo Embrulhar pra presente, meu presente Toda noite um show, tesão sem remetente Não acredite em minhas palavras Amanhã sou outra pessoa Sou obra aberta, capítulo de novela Não fico bonzinho no final O meu humor pela manhã Não é nada engraçado Melhor nem chegar perto Meu café é amargo Nenhum perfume fica pra sempre Alguns só na memória, na memória

Eu Te Amo

  O "eu te amo" não sai assim Tão simples, natural, não é assim Melhor que seja desse jeito Amor fácil não tem valor Amor fácil ninguém dá valor Não fale por falar, não Não brinque com o sentimento do outro, não Coração triste é aquário sem peixe Faca sem corte, cheiro de morte Um tiro no peito, o medo Um pesadelo em três acordes Observo os pássaros Entre bicadas, um beijo Depois distância, um tempo Talvez seja esse o segredo

Heróis e Vilões

  Heróis e vilões Meu herói não é o seu Seu vilão é todo meu O culpado é inocente Vai ser sempre, sempre Na justiça cega da minha mente E quem mente é o outro Quem eu protejo é anjo Você diz que o meu é demônio Não entro em bola dividida Quando sei que tenho razão Fique aí com seu protegido Quem não concorda comigo Não vale nada, é inimigo O mundo gira O tempo continua passando A gente brigando, gritando Desfazendo amizade, nossa amizade Enquanto isso, Alguém está ficando rico Dando mil gargalhadas Sem dó da nossa cara Eu até te amo Mas não discorde de mim Odeio quem pensa diferente O lado certo, é o meu lado Não existe alternativa Nunca estou errado

Calma

  Muita calma nessa hora Todo cuidado é pouco Nada pode dar errado (Nada vai dar errado) Fique esperto, fique ligado Espere sua vez, conte até três Tudo vai dar certo De um jeito ou de outro Importante é estar preparado Para o que der e vier Para o que Deus quiser Pense sua vida, repense O passado está sempre presente Conselho errado é chute no saco É gente bonita com cara de doente Dias calmos, outros nem tanto Quem nasceu ontem Não sabe o tamanho Do sonho, do sonho E assim vai, vai Por um caminho sem volta Com uma ou outra reviravolta "Tampa de privada Deixa tudo mais confortável Na hora exata da cagada"

Titãs

  Jesus não tem cabeça No país dos dinossauros banguelas Máscara para esconder O rosto do inimigo Estado, igreja, político Família é instituição Dois pais, duas mães Pai, mãe e irmão Seres pensantes censurados Lista com todos os nomes Somos filhos do pecado Jesus não tem cabeça No país dos dinossauros banguelas Retratos de um túmulo Plateia que não para de cantar Rock na cara da sociedade Nosso palco em qualquer canto Em todo canto da cidade Jesus não tem cabeça Não tem, não, não tem No país dos dinossauros banguelas

Sonho

  Já amanheceu O céu está tão claro Silêncio, silêncio Acabei de acordar Foi um sonho estranho Estávamos em guerra O país todo cercado, ocupado Meu irmão correndo Bombas explodindo Virei o alvo, mas também apertei o gatilho Só poupei um menino Cada um por si Não existia nem mais vizinho Volto para cama Lençol enrolado no corpo Posição fetal O sono retorna, o sonho não Nada mais é do jeito que era Não é mais real

Nando Reis

  Poesia, melodia Quase meio-dia Não é um dia qualquer Música alegre, triste Canção de amor O amor na voz de uma mulher Do fundo, no fim da alma O gosto de ouvir Voz da mais profunda calma Janeiro, Mês do vermelho De todos os Reis Olha o sol chegando Será que é o primeiro Ou o segundo que vem encostando? Amigos, Amigos em excesso Muito excesso O medo de renascer Depois do barulho Depois do silêncio do sexo Frases nos muros Escritas com giz Rabisco de um menino Garoto gazeteiro Pela manhã um livro Na sombra de uma espatódea Novidades de ontem no jornaleiro

Veneno

  Quero o seu veneno O gosto doce do seu veneno Flores e um pouco do seu tempo Estou por aqui, sempre Morrendo por dentro Morrendo por você Quero sua vacina Seu melhor remédio Comprimido que parece bala Coragem para derrotar o tédio Injeção na veia, na cara Que tal uma troca Minha paz por sua guerra? Eu sou quarta, você é sexta Opostos se distraem Andam de mãos dadas Disfarçam olhares, apagam pegadas Escrever uma história Fazer uma história Nos braços, no corpo Dentro de outro corpo Tudo mais e mais, e mais Lágrima tem gosto de soro Por isso choro de rir Toda tarde ser feliz

Clarice

  Ser Clarice não é fácil Não é nada fácil Num balcão de bar Bêbados e ignorantes Doses, copos quebrados Sua coragem também é medo E o tempo que não passa Clarice, Uma máquina de escrever Sua história, dos outros Mil páginas antes de morrer Ainda deitada no banheiro Gosta de fumar Imaginando bocas virando cinzeiro O prazer de uma dança Aos pés de Clarice Só ela sabe o quanto Quanto é difícil ser Clarice Sexo no carro Apenas mais um trago Para relaxar Clarice, Chora e vive Ainda vive Clarice

Pose

  Conversa atravessada Discussão acirrada Gente do mal Fala alto, acha que tem razão Papo de doente, malucos Completamente sem noção Cigarro entre os dedos Fumaça pra cima Perna cruzada, pose Diferenciados, pobres de alma Estilo mulher rica Brinde em copo de requeijão Maridos na coleira Cartão cortando gargantas Sangue sem cor na veia Em seus carrões Caras e bundas Caras de bunda Papai, mamãe e crianças O plano é continuar Fora da realidade O mundo ainda tem esperança Quem vive de aparência Morre deformado

Morrer

  Eu vou morrer Certeza que eu vou Eu sei que vou Todo mundo vai O meu dia, o seu dia O nosso dia vai chegar Morrer assim, do nada Sem aviso prévio Numa noite fria, madrugada Não ter tempo de um tchau Um até logo, um abraço Ou até mesmo um beijo Seria esse o melhor jeito? Adoecer, cair de cama Morrer de forma lenta Com emoção e muito drama Despedir, pedir desculpa Preparar o espírito Festa antes da partida Olhar no olho, dizer que ama Não sofrer e morrer Deixar saudade Sofrer e morrer Preparar uma saudade O fim é sempre o mesmo Só não sabemos o enredo Detalhes dos últimos capítulos Detalhes da cena final Para morrer é preciso viver

Sou Um Blues

  Eu vivo Sobrevivo de pernas para o ar Estou vivo Aprendendo ser leve Sonhando voar Já enfrentei muitas guerras De egos, vaidades, nuclear Todas perigosas, destrutivas Acabando com vidas Agora eu sou paz Sou da paz Não sou mais do conflito Cansei do fogo amigo Do inimigo quero distância Na dança prefiro ficar só, sozinho Anjo e demônio Vivem dentro de mim Um é livre, leve, solto O outro está em uma jaula Sempre tentando fugir Sou um blues que traz calma Sou um verso bom Luz pelo caminho Beijo de mãe na testa do filho Eu sou o blues

Frases

  Frases de amor Para escrever nos muros No asfalto quente Em pontes e viadutos Frases de amor Para enfeitar o corpo Falar ao pé do ouvido Aliviar a dor Frases de protesto Para gritar na rua Fazer confusão Dizer que tudo está errado Que sim também pode ser não Frases em uma folha de papel Cartas e declarações Mensagens de quem está no céu Despedidas e partidas De quem cansou dessa vida Vou devorar um dicionário Escolher lindas palavras Espalhar gentilezas Respeito e muito obrigado O que faz um bom livro É o segredo que está guardado

Janeiro

  Todo ano é igual Todo dia é igual Ao mesmo tempo diferente Mais um janeiro, mês dos Reis Da Roberta e do Nando Da canção em bom português Óculos embaçados Tudo de novo Doze vagões, viagem de trem Quem descer perde o lugar Quem ficar pode tentar Ser feliz mais uma vez Nesse mundo louco Eu sou calma Nessa Torre de Babel Sou o silêncio No campo de batalha Sou aquele que abraça o irmão No conflito não existe Santo Ninguém tem razão E quando todos pedem paz Eu canto minha música Faço minha própria paz Sou do time do sim Não tenho tempo para o nunca

Meninos

  Meninos estão morrendo Por todos os cantos Por toda cidade Os meninos estão armados Com suas facas entre os dentes Os poucos dentes Retratos colados nos postes Paisagem tão diferente O mundo tão preto e branco Com cara de garrafa vazia Sem sonho, sem amor O maior de todos os medos Reflexo do fim no espelho Nos bancos das praças Restos de corpos Estado de decomposição Estado de putrefação Cheiro que incomoda Vida com cara de morte Filhos de Deus, sem Deus Sem nenhuma sorte Parede pintada Cor que disfarça Mas não esconde Sujeira embaixo do tapete Fome embaixo da ponte O sol é para todos, mas nem todos podem ver

Futuro

  Moro no país do futuro Futuro sempre tão distante Inalcançável, irreal De algumas mentes ordinárias Outras tão brilhantes O sonho do sonhador é continuar sonhando É acreditar que nunca vai ser acordado Meu país de verdade é cheio de mentiras Com uma pitada de maldade e um pouco mais Minha bandeira está desbotada Minha paciência está esgotada Essa gente cheia de razão Faz discurso bonitinho No fim cospe no chão Minha carteira sem dinheiro Não serve para nada Sem RG, nem outro documento Não presto nem para carteirada O fanático Faz da política sua religião Sobe na cruz, diz que é Jesus Promete salvar a nação

Página 23

  Tudo bem explicado Na página vinte e três O lugar de cada um Mercadoria bem distribuída Jogada na cara do freguês Avenida fervendo Homens, mulheres, artistas Garotas ousadas, saias rodadas, biquínis Olhares marotos, surfistas Estou atrás da fumaça Do cigarro, do cérebro Calor, 40 graus Asfalto queimando Até a última ponta do último dedo Gosto do clima, do mar Vou cheirar essa brisa Depois disfarçar Turistas e putas Homens da caverna Olhos fechados Tardes na calçada Não adianta ter pressa Tudo volta, tudo outra vez Bem explicado na página vinte três

Peso

  Sei, eu sei O tamanho do peso Do peso do mundo Já carreguei ele nas costas Também já corri com o balde Sem saber que o incêndio Estava dentro de mim Ganhei flores e discos Em um passado bom Nem tão distante assim Agora sou futuro Um futuro cheio de urgência Urgência em permanecer Sei como é viver Só não quero aprender morrer Um pouco de paz Pelo menos durante um cochilo Meu corpo dolorido Retrato do trabalho Agora sou meu próprio filho Quando estou cansado Quando não sinto mais meus pés Bato minhas asas, prefiro voar Gaivota não usa espelho Enxerga seu medo refletido no mar

Trauma

  Daqui eu vejo tudo Nuvens, flores, pessoas Prefiro não me aproximar De longe enxergo melhor Fome e sede Sede de vingança O grito calado Fim da inocência Não existe mais criança Dentro de mim Tudo é preto e branco Meus olhos, o oceano Atravesso o tempo Em pouco tempo, segundos E vou até quando, quando Quando o pranto ainda era um plano Para conquistar e não sofrer Trauma de quem esqueceu de viver Fogos iluminando Minha noite de 24 horas Gosto do brilho das cores Do brilho platinado De imaginar o fim do precipício Sou areia que vai com o vento O valente que tem medo