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Mostrando postagens de dezembro, 2023

Fim

  O mundo acabou Parou para quem partiu Linha de chegada Missão cumprida É o fim Nem toda explicação explica Nem todo amor consola Toda noite é triste Dor que não vai embora Sopro Brisa do mar Pássaros Borboletas coloridas Sinais Chuva que cai Até sempre Até nunca mais Sapato no canto da sala Cama arrumada Roupas no armário Carro parado Silêncio no quarto Grito que não sai Silêncio de um desesperado O mundo acabou

Acabando

  Fim de ano Praia ou campo Ou a paz de um lar Em qualquer lugar Apenas ser feliz Fim de ano Não pensar em nada Ou fazer planos Amanhã é um novo dia Amanhã é um novo ano Mais uma chance de ser feliz Doze meses pela frente Sempre igual, como sempre Que você então seja melhor Que seja diferente Páginas em branco De um livro ainda sem final Não tem borracha que apague Depois de escrito Vira destino Que ainda pode ser especial Até daqui a pouco Até o outro O melhor ano das nossas vidas

1801

  Eu te amo Desde mil oitocentos e um Desde preto e branco Desde quando o mundo era outro Eu te amo Desde os sonhos mais remotos Desde aquela foto Desde o último pranto Somos antigos Filhos de outros tempos Outros séculos Encarnações Apaixonados desde 1801 E não é para qualquer um Um amor assim Muita gente nasceu Muita gente morreu O desejo sobreviveu Anos e anos, muitos anos Eu te amo Até hoje te amo Desde mil oitocentos e um Desde sempre, desde quando Eu te amo

Evento

  Escuto, mas não ouço Palavras são desaforos Por que fui o escolhido? Eu não merecia isso Não está tudo bem Não vai ficar tudo bem Preciso do amor Preciso ter alguém Na tela do celular Chamada perdida Emoção de ser lembrado Antes da despedida Entre aqui e fale um oi Ganhe tempo olhando meu sorriso Toque piano para eu dormir Partir em paz Solte minha mão Segure meu coração Ainda tem muito o que fazer

Faca

  Faca na mão Noite de terror Vai ter sangue Vai ter amor Sexto sentido Madrugada, um grito Psicose Desejo não morre Vilão e mocinho Mocinha nada indefesa Tudo acaba na última cena Suspiros Intensos gemidos Loucura plena É preciso viver Sobreviver Depois do horror Vem o amanhecer Beijo de despedida Na despedida O jardim por outro ângulo Como ser feliz Longe do verde Perto da raiz?

Vozes

  Vozes Muitas vozes Outras vozes Família Amor e sorte Papos, muitos papos Palavras e retratos Conversas paralelas Por todos os lados Por todos os cantos Para todos os gostos Cruzando assuntos Confundindo tudo Fala mãe Fala filho Fala o vizinho Fala o tio Fala o amigo Fala o sobrinho Fala todo mundo Só não fala quem é mudo Recomeçar de onde nunca parou Assunto que nunca acabou

Aceite

  Somos iguais E tão diferentes Somos humanos Somos um plano Somos quase gente O tempo atrapalha Algumas vezes estraga Mas cura imperfeições Nascemos de incertezas Com uma única certeza Sensações E nunca perca o medo Do medo nasce a coragem Quem é vivo sabe E quem não sabe É porque já morreu Brinde o amor Com água, com sabor Seja dono de poucas verdades Aceite, apenas aceite

Matemática

  O amor não é uma operação matemática Não é uma ciência exata Um mais um Dois, três, quatro talvez O amor não tem regra Singular ou plural Monossilábico Clássico, ousado, tradicional Mãos e dedos Todos os dedos Muitos pés Na ponta dos pés Amor sem segredo Com tempo, sem tempo Cama cheia, pares de meia Uma maçã, várias mordidas O mesmo tesão de outras vidas O céu e suas estrelas Cada uma com sua beleza Constelação Misturadas numa mesma emoção Entender o amor é impossível Tente e fracasse Nem todo desejo cabe em uma frase

Meu Amigo Paul

  Eu gosto do Paul O Paul gosta de mim O Paul é meu amigo Vai comigo até o fim Uma cerveja, umas Nos melhores bares Nos melhores lares Paul quase não fala Prefere os bons olhares Vamos de saidera Vamos nessa Paul Somos mais alegres Depois da bebedeira Paul imita o Jagger Não liga para política Gosta da madrugada Tem alma de artista Paul é fiel Entende o bicho homem Beija pés Parece um lobisomem

Estou Chegando

  Prepare tudo que estou chegando Daqui a pouco estou batendo em sua porta Algumas vezes a gente chora Em muitas outras goza Já estou no carro Ouvindo nossa música Correndo por estradas e ruas Sei que é uma loucura Mas quem é que segura Essa vontade de amar e feliz O amor tem cheiro e gosto Cheiro do seu perfume Gosto do seu pecado Nosso amor é a coisa mais linda É barulho que incomoda quem está ao lado Segundos são séculos Quando estou em seus braços O teto é o universo Nosso céu disfarçado de quarto Vou indo Mas juro que vou voltar

O Mar

  Ainda tenho tempo para viver Para viver um pouco mais Ainda tenho tempo Para andar, caminhar Molhar os pés no mar Castigado pelo destino Mesmo não merecendo Estou sentindo frio Mas não estou morrendo Eu ainda tenho tempo Tristeza vai e volta Feito ondas revoltas O sal já não cura Sou um louco sem loucura Amanhã eu volto Depois de amanhã também E depois do depois Quem sabe, talvez Esqueci o chinelo na areia Alguém vai vir buscar São minhas lembranças Perfume de brisa no ar

Pense

  Ame Sempre ame E deixe o outro amar Não precisa esquentar Com o amor dos outros Ou quem o outro vai beijar O amo é cego Que você então seja mudo Segure sua língua lá no fundo De sua boca maldita Deixe o amor em paz Cada um cuidando de sua vida Antes de falar, pense Ou pense em não falar O silêncio é tão bonito Entenda logo isso Você pode até pensar Pode até odiar Mas tanto ódio dá doença Não faz bem Ou seria um desejo reprimido? Ou um gosto escondido? Pode ser tudo isso também Ame Sempre ame

Papai Noel

  Ainda é madrugada Luzes piscando Estou tão triste Papai Noel existe É Natal Tenho saudade Penso em quem partiu Quem não viu Mais um dia amanhecer Presentes desembrulhados Coração em pedaços Pobre coitado de mim Mas prefiro ficar assim Guardado em meu quarto Fumando um cigarro Esperando o dia amanhecer Restos de comida Caixas vazias Verão com noite fria Nada cura essa dor Nada acaba com essa dor Então é por isso Que eu escrevo poesias Poeta é louco E só quer um pouco de paz

Uma Canção do Roberto

  Uma canção do Roberto No sofá olhando o teto Solidão dos amantes O tempo não cura Machuca muito mais Tristeza é dor na alma É fratura, é tanto faz O disco parou de rodar O silêncio é tão barulhento O vento já não refresca São poucos os bons momentos Minha garrafa é uma arma Um crime contra minha alma O copo tombou, acabou Escuto Santos e anjos Meu fim com hora marcada Você vai saber Vai saber um pouco antes Antes da madrugada O bairro está sem luz Aqui está tão escuro

Eu Te Amo

  Vivo dizendo "eu te amo" Mesmo sem dizer Gestos, caras e bocas Bocas e caras Nenhuma palavra Mas você sabe que eu te amo Não preciso falar direto Nem olhar em seus olhos Nem estar ao seu lado O vento fala por mim O tempo fala por mim O silêncio fala por mim E não existe jeito certo de amar Quem ama não precisa falar Uma canção do Roberto Tudo tem o tempo certo Você sabe tudo, de tudo Não preciso dizer mais nada Eu te amo até em minhas gargalhadas

Tatuagem

  Minha música preferida Tatuada no braço Minha história resumida Uma frase bem dita Escrita para sempre Hoje cicatriz, antes ferida Palavras são jogadas no ar Nem todo mundo escuta Eu prefiro anotar Esferográfica Azul ou vermelha Onde está sua caneta? Poesia não morre O poeta sim Copio suas estrofes Reticências para não ter fim Minha pele meu papel Nada fica em branco Desenhando nuvens no céu Da boca aos pés Registrando, carimbando

Viver

  Viver é ser atropelado pelo tempo Todo dia morrer um pouco por dentro Mas mesmo assim ser feliz Agradecer e sorrir Viver é dar o próximo passo no escuro Pular de cima de um muro Entender o que não é para ser entendido É o tal do sexto sentido Viver é andar sozinho E sentir que está acompanhado Andar de mãos dadas E mesmo assim ficar largado Viver é uma corrida de obstáculos Competidores por todos os lados Cada um com sua linha de chegada O segredo da vida é uma grande charada Eu quero é viver sob sol do meio-dia Sob a luz do luar Seguindo os meus guias

Elefante

  Você foi embora assim Sem mais, nem menos Fugiu de mim Não deu um tempo Para eu falar Explicar que tudo tem explicação Um grande mistério Você sumiu Mas não sai da minha frente Da minha mente Vive e mora aqui dentro Ainda mora Outro caso sem explicação Deixou pegadas de elefante Esmagou meu peito Nunca mais vai ser como antes Seu silêncio serviu para uma coisa Eu sonhar com sua volta E sem culpa pedir desculpas Aceitar que não sei viver longe dos seus olhos Não prometo ouro Nem tão pouco diamante Quero apenas tirar Suas pegadas de elefante

Ídolos

  Sou mais velho Que muitos dos meus ídolos Outros tantos já morreram Eu ainda estou vivo Será? Vejo o mundo Pelas lentes dos meus heróis Dos poetas malditos Com os seus livros E o brilho dos faróis Imito os gestos Falas, graças Tenho os mesmos desejos Os loucos medos Luto apenas por um beijo Nas costas da mão Sinal de respeito Enquanto ainda tenho tempo Sou mais velho Sou o vento

Coleção

  Coleciono discos Mesmo não tendo vitrola Tenho recordações Mas não tenho memória Eu te amo, muito Mas preciso ir embora Nem tudo é Como a gente quer Mas sei que eu poderia ser melhor Juro que estou tentando Mas por enquanto Vai ser assim Fecho meus livros No meio dos capítulos Para dar emoção Para não ter noção Para correr perigo Coleciono momentos tristes Os bons quase não existem Juro que vou voltar Pior ou talvez diferente Mas vou voltar

Mais Legião

  Café pronto Mesa pronta Eu que não estou Último beijo Mais uma despedida Será que você volta? Será que é só mais uma partida? Porta fechando Lágrimas caindo Corro para janela Vejo você indo Olhe, eu já sei voar No rádio uma canção Não deu tempo de chegar Não deu tempo de escutar O lindo refrão E você voltou Até sobrou café Fique à vontade Pegue o que quiser Eu também sei ser exagerado

Freio

  Do nada tudo acaba Vida sem freio O tal vento que sopra Que leva tudo embora Que acaba com o tempo E tudo termina Quando ninguém imagina Num piscar de olhos De forma repentina Ou não Não existe segredo Viver é fácil Mistério está do outro lado Você no retrato Emocionar Lutar, chorar Caminhar Viver antes que tudo acabe O vento soprou novamente Sou furacão Sou o sonho que cabe Dentro de mim

Subversivo

  O amor é difícil É subversivo Por isso é preciso Se libertar Fugir dos rótulos Simplesmente amar É preciso estar bem Para enfrentar o caos Felicidade é momento raro Ser triste é muito mais fácil Mas nem sempre isso fica claro Sou uma bossa nova Depressiva, melancólica Sou o Deus que você chama Que você clama Minha música, uma dança O silêncio de uma transa Não acendo lâmpadas Quando anoitece Meu coração é lúcido Mas entristece Sou jovem, sou velho Tudo ao mesmo tempo Sou o dedo preso na porta A dor que incomoda Sou uma incoerência Sou o normal de todo mundo

Livro

  Fila na livraria Noite de autógrafos Seu best-seller O seu melhor capítulo O personagem principal Amor dentro de um livro Sua assinatura em meu corpo Páginas viradas Histórias bem contadas Nós dois na capa Bilhetes, relatos Frases no espelho Agora no papel Na tela do cel (céu) Tudo lindo, nada feio Um bom lugar Emoção no fim, no meio Leitura obrigatória Vou ser o primeiro Na estante Para ler bem devagar Feito jabuti Sem desviar o olhar

Medalha

  Um prêmio para o seu amor O melhor do mundo Vale troféu, vale medalha Vale o que dinheiro não paga Seu amor é primeiro lugar Segundo e terceiro O pódio inteiro Amor que eu quero amar O simples ao seu lado É mais que especial Tem o calor do verão A paz do Natal Quero para sempre seu abraço Seu sabor, seu contato Digo sim, apenas sim Intimidade é deixar e aceitar Aproveitar o tempo Entender o olhar E no silêncio de uma noite qualquer Sorrir com a chegada Para ser feliz Não precisa muito Não precisa de hora marcada O melhor prêmio é o seu amor Quente e protetor

Filhos

  Do colo para o mundo Num piscar de olhos Filhos são sempre filhos Pai abraça, mãe não dorme Sem hora para voltar Será que vai voltar? O brinquedo não serve mais O tênis também não Por que o avião é tão pequeno? Fique quieto! Chega! Esse não é o momento Suor é o perfume Pelos, beijos, medos O sol já não é novidade Espelho que reflete vaidade Vergonhas inexplicáveis O ápice da vida Amanhã pode ser tarde Uma cor, algumas cores Dores, dissabores Mão que carrega, leva Ou que cuida Esqueci a blusa Mais uma história igual E diferente de todas outras São anjos, são pessoas Somos todos filhos

Pressa

  Sonhar não é proibido Ainda não Sonhei com você Estava igual, até sorriu Tinha cara de antigamente Quando a gente era feliz O ruim foi ter que acordar Que tudo vire realidade Que volte para normalidade Eu juro que vou esperar Você mentiu Não foi legal comigo Pode ser até um erro Mas eu perdoo Já perdoei A vida é curta, curtíssima Eu tenho pressa Hoje estou aqui, amanhã não sei E só para avisar Minha mãe adora te odiar Mas o que posso fazer Eu te amo E não canso de sonhar

Cancelado

  Morreu, chorou, acabou É o fim, o fim O tempo que vai apagando Memórias, histórias Mais um número que vai embora É assim, é sempre assim Está vivo Ninguém liga Morreu Amanhã é Deus Mas até isso acaba Tudo passa Até você, até você Seu último carro Sua última roupa Beijo de despedida Flores podres Sem luz, sem sol Acabou mais uma vida Dinheiro não entra no céu RG só vale no papel Aproveite enquanto é tempo Enquanto ainda é lembrado Fechou os olhos CPF cancelado

Frida

  O nome dela é Frida O nome dela é tristeza Um dia cansou de tudo Chutou o balde de tinta Tão sofrida, tão Frida Vestido florido Sonhos ao ar livre Amou e não foi amada Lutou o quanto deu Só tomou porrada Frida tem calo E dedo podre para o amor Comprou um ônibus Rodou estradas, avenidas Vendeu paleta Adotou um órfão Foi morar em uma vila Frida sofrida Desistiu da vida

Pombos

  Hoje sou uma estátua Para os pombos Para você fazer graça Sou uma história viva Mesmo depois de morto Mesmo após minha partida Sou tão atual, necessário Revolucionário poeta Anjo maldito Sujeito que não presta Que nunca prestou O corpo acaba Ideias não Estão no ar, pelo ar Por aí, em qualquer lugar Sou o espírito da mosca O zumbido do pernilongo Vou sempre voltar E nos primeiros acordes No som assustador do piano O seu plano diabólico Você que vive de ódio Olha eu aqui Será mesmo que morri?

Menino Paul

  O Paul esteve aqui Tocou, cantou e partiu Subiu, desceu em seu submarino Tomou uma cerveja Bebeu um vinho O Paul lançou um disco O Paul canta sem dar um grito É pai, é mãe, é filho Acendeu um charuto Ouviu um tal de Beatles O Paul gostou do meu cabelo Da cor, dos tons de vermelho Mas precisa tomar mais cuidado Atravessou na faixa e quase foi atropelado Será que esse Paul é verdadeiro? Parece mais um brasileiro Vive pedindo "help" Foi visto em uma esquina Batucando, tocando pandeiro