Postagens

Mostrando postagens de maio, 2020

Requinte

O sol segue tentando Toda manhã ou tarde Roubar o seu brilho E quando desiste Vai embora triste Para o outro lado do mundo Mas no dia seguinte Volta com todo requinte Para mais uma tentativa frustrada Seu brilho ninguém rouba Muito menos apaga Vou cantar sua beleza Falar da sua luz Seguir o seu chão de estrelas

O Mundo Anda Tão Vazio

Eu compro flores Eu danço em avenidas Canto por todos os cantos Dobro estranhas esquinas Dou esmola para um coitado Pois também sou coitado Conheço bem o retrato Como é não ter nada E saber que isso é tudo O mundo anda tão vazio Eu vejo gente morta olhando vitrines Eu vejo gente morta Fumando, bebendo, sorrindo Eu vejo gente sem alma O mundo anda tão vazio Todo lugar é um cemitério Nada pior que um sorriso frio Cachorros puxando seus donos Parando em todos os postes Um minuto de silêncio Para o mais rico e o mais pobre Estamos todos no mesmo barco À deriva e sem sorte Estamos presos em liberdade Fugindo da barbárie e da maldade Já amanheceu, Mas não quero abrir os olhos

Copacabana

Copacabana Prédios baixos Violão na varanda Três pedras de gelo, cigarro, poesia Chinelo de dedo Gente acelerada em seus carros Drummond triste, sempre tão calado Corre, corre Quem está correndo agora? Um retrato estampado no jornal Moça linda na capa do portal Notícia também vai pra fora Vira manchete internacional Orla, Simbora, bora, vambora Vou flutuar em sua calçada Desviar de corpos, De todos os corpos Estou entre a cruz e espada Copacabana, Gosto da sua brisa em meus olhos

Urbana

Minha canção, nossa canção Fique mais um pouco Já diria Renato Ainda é cedo Vamos nos reencontrar Com hora marcada Em qualquer lugar Vamos cantar Uma música longa Daquelas que parece não ter fim Somos crianças, já sabemos quase tudo Mas, por enquanto, Por enquanto é melhor ficarmos assim Geração dos novos sabores O refrigerante agora é outro Pessoas brigam por causa de remédio Qual é o melhor remédio Para um povo doente? Deus, desconhecido Deus Salve toda sua gente

Inocente

Abre a boca e feche os olhos Não perca mais tempo É agora ou nunca Sinta esse sabor Dizem que é o gosto do amor Com toda sua ingenuidade Diga logo o que achou Gostou? Quer mais? É só esperar, Amanhã estou aqui no mesmo lugar Venha com essa mesma roupa Doce, salgado Delícia estar com você Temperos sacanas Amor na bandeja, De bandeja O alimento dos deuses Matando fome, matando sede O bolo embaixo da sua cereja

Não

Não, Eu não aguento mais ouvir não Tudo é não Posso atravessar a rua? Não! Posso enrolar um pouco? Não! Posso escrever meus versos? Não! Bater meu bumbo Cantar pela cidade Mais uma vez, Com toda delicadeza, Ouvi um não Sem maldade, juro Maldade no coração Só quero ser feliz Mas vem você e diz Mais um sonoro não Andar de mãos dadas Parar em uma esquina para pensar Não, é sempre não Não, de novo não Querem que eu vá embora Querem eu longe daqui Partindo e dando o fora Agora querem ouvir meu sim

Ali Nação

Um samba que se perdeu Foi por outros caminhos Virou um reggae, outro destino Não temos muito tempo Melhor não fazer introdução Ir direto para o som Menina preste atenção Preste atenção Música para dançar Dançar, você vai dançar Não se preocupe, não precisa se preocupar Você também vai dançar Sua felicidade tem sorriso amarelo Verde e amarelo Você vai rir até perder o fôlego Até perder o ar, até não poder mais Está tudo bem, está tudo em paz Esmola demais, O Santo desconfia Preste atenção Olhe ali nação, olhe ali nação Amanhã vai ser outro dia

Janelas

No meio da rua Uma imagem de cinema Um clássico, um drama, Mundo real Verdade nua e crua Menor não paga, é ator principal Droga, Droga de vida, De quem não tem mais vida O que sobrou Oscar de defeitos especiais Para quem sempre fingiu Só mesmo Deus para cuidar De quem não tem ninguém Não conhece amor e não sabe amar Dia de sol, Mesmo assim está tudo escuro Vamos abrir todas janelas Clarear ideias, clarear o mundo

Cinema

No meio da rua Uma imagem de cinema Um clássico, um drama, Mundo real Verdade nua e crua Menor não paga, é ator principal Droga, Droga de vida, De quem não tem mais vida O que sobrou Oscar de defeitos especiais Para quem sempre fingiu Só mesmo Deus para cuidar De quem não tem ninguém Não conhece amor e não sabe amar Dia de sol, Mesmo assim está tudo escuro Vamos abrir todas janelas Clarear ideias, clarear o mundo

Vergonha

Deus morre de vergonha Quando escuta sua voz Deus fica assustado Com seus pedidos inusitados Sua mente perigosa, cheia de pecado Quando foi o seu último bom dia? Obrigado nem vem ao caso Deus não suporta mais você Exigindo aplausos, medalhas Pare de chorar, de reclamar migalhas Cuidado para não engolir seu próprio veneno Fuja enquanto há tempo O mundo precisa de paz Fique bem longe e não volte nunca mais Desça do salto Pise no asfalto quente Seja um pouco gente Antes que seja tarde demais Tarde demais

O Fim

O fim é falta Falta que sempre faz Quem vai, vai e faz falta Vida, vidas, nossas vidas O seu caminhar, quieto O silêncio do seu olhar Luz que ilumina e aquece Poucas palavras, poucas lágrimas Falta de som é transformar tudo em prece Compro selos com moedas do meu pai Quieto dentro do carro Viro páginas, agora sou adolescente Um quase adulto, fã dos caramujos Já tenho até mesmo assinatura Linguagem com linhagem Afeto discreto, baixa temperatura Quantas mudanças, muitas Outra pessoa dentro da mesma pessoa O corpo que está presente Revela o soco da ausência O tamanho da falta Incontrolável falta de controle do fim Enquanto isso, eu sigo em frente

Profeta

Todo profeta é poeta Gosta de flor, gosta de falar de amor Na mente, filosofia Na cabeça, teorias Suas palavras, sabedoria Profeta, ele é profeta Sabe tudo, nunca erra Toda hora é hora Ele é profeta Toda pergunta tem resposta Você vai, ele volta Filho do céu, do mar, da terra Profeta de paz, não gosta de guerra Segredo revelado, estudado Nunca fica guardado Profeta é alegria, é sorriso É festa, festa do povo, é festa Salve o Profeta! Profeta não gosta de silêncio Profeta enfrenta, Profeta não tem medo

Deus

Deus, Não olhe desse jeito Juro ser inocente Não conheço o culpado Todo circo precisa de um palhaço Fui o escolhido Deus, Vou pagar o pato Tudo anda tão quadrado Preciso do calor do sol Um pouco mais de espaço Deus, Estou riscando os dias na parede Escrevendo cartas e poesias O relógio do meu pulso não tem ponteiro Sou qualquer um, sou um qualquer Tenho fome, sou brasileiro Sinto falta das minhas roupas coloridas Da minha paz, da minha vida Viver e não sonhar É dar adeus sem despedida

Rock

Só uma banda de rock Para eu falar tudo que penso Tudo que preciso, tudo que quero Minha eterna rebeldia Não cabe em uma melodia Mas já é um começo Ser livre para gritar, berrar Desafiar os caretas Tudo isso não tem preço Não tem preço Não quero ser estrela Nem ter sucesso Apenas palavras, apenas frases Apenas versos Um som para arrepiar Maltratar quem não quer ouvir Quem prefere fingir E acreditar que está tudo bem Não está tudo bem, não está Não está tudo bem Heróis continuam morrendo E nem todos erraram na dose Por isso canto, canto em meu canto Em voz alta, no último volume O eco do mundo Não precisa concordar comigo Fique aí escolhendo seu feijão Faça sua janta, seja bem comportado Nunca serei seu amigo

Drible

Bandeira desbotada Quase sem cor Recado camuflado Também é recado Basta ser bom entendedor Amanhã chegou Tudo mudou, nada mudou Loucura não tem fim Roda, roda, roda Tudo volta, mas não toca em mim O bom driblador Passa por um, passa por cinco Chega na cara do gol, faz golaço Depois mostra cartão vermelho Para o homem de preto E corre para o abraço Ser visita dentro da própria casa Morte em vida, dor que não passa

Pé na Porta

Pé na porta Vou invadir sua vida Pela frente, por trás Por todos os lados Penetrando até na ferida Você não vai ter tempo De reclamar, Nem achar saída Vou invadir suas narinas Morar em seu sangue Escapar pelos cortes Dos seus pulsos doentes E quando eu bem entender Devorar o seu cérebro Com unhas e dentes Vou gravar minha voz Dentro da sua orelha Vou marcar sua pele Em uma noite quente Por toda uma madrugada Ou apenas na lua cheia Sou o seu velho hábito Seu maldito vício O silêncio de um grito

Manchete

Vou falar agora Talvez pela última vez Sentado em meu sofá de couro Cara de choro Ouvindo um LP Vou contar minha vida Que tanto já foi contada Por bocas estranhas Por pessoas erradas Estou fraco, Mas ainda sou forte Cansei de ser manchete Ser mosca no alvo Vou mastigar o meu passado Cuspir meu futuro O incerto agora é certo Vou dormir em uma cama de pregos Dá licença, Já está dando minha hora Você é visita Mas sou eu quem vai embora

Tarde

Não tenho medo, apenas choro Perco tempo olhando meu retrato no espelho Sou um sonho fora da realidade Não sou maldade, mas conheço Tenho receio, vivo Sobrevivo Não olho para trás, apenas ando Deixo rastros, passos Sol que tanto arde, tarde Areia quente, Deus No peito amor, presente Assim vou, vou Sempre vou, vou Desafiando ondas, mar Procurando conchas, paz E nada mais, nada mais Estrada que não tem fim O fim é o fim da vida É vida Que termina sem aviso Apenas uma leve brisa Arrepia e ponto final Partida

Palco

Saudade, muitas Tantas, todas Tristeza, alegria Reencontro, Reencontro na memória Em breve, ferve Todo dia Sigo pelo caminho Caminho de luz Luz dos olhos Vou para cima, para o alto Um abraço no palco Violão, guitarra, piano Bateria, som é o canto Palheta, baqueta, agora Cortina aberta, aberta Na plateia uma dança No palco esperança Um pouco de paz, O bis é sempre o quero mais Mais, mais, mais Aplausos, aplausos Quando tudo acabar Eu vou aplaudir, aplaudir O seu sorriso, lindo sorriso E vou, vou, também vou sorrir

Gado

Eu vou, vou em disparada Correndo, tropeçando e caindo Eu vou, vou Feito boi, feito vaca Chicote no lombo Pela estrada, Pela mesma estrada Passos lentos Pensando na vida Um filme que passa Cabeça erguida Sou de raça, sou de fibra Vou cantando, Chorando Indo para o fim, Meu fim Morrer não tem hora Não tinha que ser agora Hoje sou carne no açougue Pendurado, carimbado Mais um CPF cancelado Mas nunca fui um número Sempre fui amor Filho de uma família Mãe que só conhece dor

Do Poeta Até Hoje

Você não mudou nada Está igualzinho Eu te conheço faz tempo Desde quando eu nasci Você é bem mais velho Mas ainda não tem juízo Cai na lábia de qualquer um Desse jeito vai parar na UTI Brasil, eu já conheço sua cara Não está nada boa Brasil, cuide da sua gente Seu povo está doente Acorda, acorda, acorda Brasil! Não tenho dinheiro Muito menos cartão Nunca serei sócio Tenho cuidado com minha reputação Brasil, Vergonha na cara Passou da hora, tem que ser agora

Alma Fria

Encontros, desencontros Tudo tão normal, natural O sonho que não termina Uma eterna esperança De amor para o futuro Uma luz que não apaga Uma velha chama Um dia especial, Uma data especial todo ano tem Mas nem todo ano tem você Não liguei, não convidei, esperei E nada, nada, nada dessa vez Vou aproveitar a solidão Tocar o meu violão Pensar que também sou filho do Rei Uma música bonita, bonita Que não tocou no rádio Canto pensando que sou artista Faço contas erradas esperando o dia Ou até uma madrugada Que você passe por essa porta Esquente minha alma fria

Saúde

Não solte minha mão, Por favor Estou fraco, já meio sem força Cuide de mim Sou mais um paciente, Meio sem paciência, Mas que precisa do seu amor, Seu talento, seu carinho Cuide de mim Assim de branco parece anjo É um anjo Sei que pode ser meu fim, Mas também um recomeço Escute meu coração Cada batida é um agradecimento Cada segundo que respiro É uma nova chance Por trás de sua máscara tem um lindo sorriso Mesmo você com luva, eu sinto seu toque Minha dor some por um instante Prometo não esquecer tudo que fez Sei que foi o máximo, o máximo Quando eu não estiver mais aqui, não vou ter ciúme Outro vai estar em suas mãos Sorte dele, sorte dele

Cortina

Quero uma cortina para fechar Todas as janelas do mundo E de forma egoísta prender os pássaros Em um canto escuro qualquer Para alegrar meus dias de solidão Os mais tristes, os mais loucos Quando eu estiver afoito Com doença do coração Vou dançar em cima da mesa Com os pés descalços, Quebrando garrafas Tomar banho de água mineral Fazer sopa de cerveja Vou escrever poesias na parede da sala Queimar roupas no banheiro Soprar fumaça pela casa Gritar, gritar em desespero Regime fechado Sem ninguém ao meu lado Sinto cheiro de morte

Sombra

Eu gosto da sombra Que meu corpo faz quando penso em você Gosto da loucura, da minha cabeça girando Explodindo em contagem regressiva Depois de um sonho quente em uma noite fria Eu também gosto do sol Com seu charme quase sexual do meio-dia Danço uma música que não existe Mas que insiste em tocar Abro os braços e fico em posição Pronto para dar um beijo, cometer um crime De uma hora para outra virar vilão Vou atravessar portas imaginárias, Cortinas de fogo Fazer história de um jeito louco Ouvir os mesmos discos Com sorrisos e choros

Clarice

Sou o soco em seu estômago O que fala verdades inconvenientes Que deixa você assustado Que coloca medo Sou uma porrada bem dada Causo dor, tiro do eixo Não dou prazer Não deixo seu mundo cor de rosa Nem azul, nem qualquer outra cor Realidade aqui é dura Não tem massagem no ego Nem papinho de amor Aqui não é água com açúcar Não sou calmante, não vou te acalmar Mas quando seu mundo cair, ruir Estou aqui, aqui Vamos juntos, vamos nessa Vamos reconstruir

Madrugada

Gosto de madrugada Sou filho e fruto da madrugada Flores ficam mais bonitas Ideias ficam mais claras Frases e versos, Na máquina de escrever mais um poema Três ou quatro goles Da janela eu vejo o sol nascer Algumas horas de sono Depois é viver ou morrer Na madrugada não preciso de dinheiro Basta um simples olhar Poucas e boas palavras Cigarros e risadas Minha droga é saber amar Amar demais Sou sempre tão básico Tênis, boné, blue jeans e camiseta E quando não temos mais tempo Atrás do muro ou do poste Ou como vira-lata na sarjeta Gosto de observar estrelas Depois de tudo acabado Depois de uma noite inteira Do gosto amargo do pecado

Herói

Nem todos heróis estão mortos Alguns estão bem vivos Vivos até demais Fique de olho aberto, Fique esperto Nem todo herói quer o seu bem Talvez apenas os seus bens Tem herói na rua, Preso, com fome, roubando Fingindo, cantando, mentindo Na capa do jornal, na página policial Cada um tem o herói que merece Nem um deles merece seu tempo Nem sua prece Tem herói que grita Outro fala baixinho Finge ser o máximo Finge ser o coitadinho Nas grandes cidades Pedindo seu voto No barraco ao lado O fiel e o devoto Herói da novela também quer o seu olhar Seu tempo, dinheiro, seu bem-estar Meu herói? Minha heroína é minha mãe

Gal

Fera, pantera Toda noite, Cinderela É ela, ela Todo dia um instinto O preferido é o animal Sua cor, seu cheiro Qualquer coisa e tal O nome dela é Linda, dona de tudo, Do mundo Do mundo que é só dela Rédeas curtas em suas mãos, No comando Dona senhora, agora Tigresa de todas as horas Do alto, alto do seu poder Quem conhece sabe que é melhor Melhor não discutir e obedecer Qualquer coisa e tal É ela, ela é Gal

Sacana

Ela gosta de música sacana Ela gosta de ser surpreendida Ela gosta de canção de amor Canção que faz amar melhor Ela gosta de ligar o rádio Sentir boas vibrações Gosta de quem fala francamente Olhando na cara, grandes emoções E ela sabe, sabe Nada é pra sempre Mas, tudo tem um mas Não custa tentar, não custa enganar Que tudo é sim pra sempre

Eu Te Entendo

Eu te entendo Você que chora baixinho Que tem medo de ficar sozinho Entendo essa sua vontade de gritar De deixar tudo de lado Partir sem rumo Não olhar para trás Eu te entendo Que sempre conversa com Deus Que discute com Deus Entendo sua loucura Sua tristeza quando está sorrindo Eu te entendo O seu silêncio Sua gargalhada de desespero Suas palavras duras Tudo, juro que entendo tudo Que o fim está próximo Que hoje é o futuro Eu entendo seu erro Entendo o que ninguém quer entender Agora é sua vez, Escute o que eu digo Entenda logo de uma vez

Transe

Será que é rock? Será que é samba? É o que você quiser Eu danço, eu canto Eu entro em transe Não paro de girar Girar, girar Paradoxo, complexo Música boa de cantar O som da guitarra Cordas do violão No batuque da bateria Voz do coração Meu coração que tanto ama E canta, e canta Todo mundo canta Pingos de chuva Um banho de música Tenho todos os planos Vou bailar, pular Com o Nando e os Novos Baianos