Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2022

Tudo Bem

  Vida sem sentido O fim também não tem Quando começa, quando termina Quando vai um pouco mais além Cama sem lençol, vazia O que já foi um dia Música sem dança Disco que já não canta Saudade é ferida invisível Vaso sem nenhuma planta E quando o adeus é inevitável Quando o sol esconde o seu brilho É hora de entender, recolher Não esquecer, aceitar Cada um em seu lugar E o seu lugar é aqui Dentro do meu coração O plano do desconhecido É não fazer sentido Deixar mil dúvidas no ar Mistério é alma do negócio O negócio é não deixar de amar Eternamente Livro aberto Páginas virando com o vento Quando termina o tempo É tempo de viver Em algum lugar bem longe daqui Está tudo bem, estou bem

Bill

  Seguindo seu instinto Sabe quando é bomba Sabe quando é tiro Chão de terra, palco Lá no alto um menino Tristeza em seu olhar Pai que foge do lar Abandona seu filho Que vai seguindo seu instinto Todo sonho tem um som Um barulho perturbador Um barulho bom Fugindo das tentações Tardes quentes, emoções Mente vazia oficina Do Diabo que mora logo ali Ali dobrando a esquina Cada um por si Deus ajudando todos Sorriso que vale ouro Ficar na boa, ficar tranquilo Olho aberto para fugir do perigo Nem todo irmão é irmão Paz tem que morar no coração Quem nasceu para guerra Sabe onde o calo aperta Pino da granada sempre solto Sofrer não é uma escolha Morrer é mais do que um sopro Amanhã mais um dia Dia de vivo ou morto

Voando

  Logo cedo aprendi Que para voar É preciso fugir Fechar os olhos Ficar em silêncio Abrir os braços Simplesmente sorrir Eu adoro voar Com os pés no chão Mesmo sem asas Mesmo sem ser avião E logo cedo aprendi O céu não é para todos Sou anjo não sou pombo Sou leve, muito leve Fragrância de perfume Para quem tem bom gosto Sou amor, sou um sopro E quando começo voar Nada me derruba Não sei parar Mergulhando em nuvens Sou um Santo no altar Logo cedo aprendi

Observando

  Janela sempre aberta Para agradar o meu olhar Para observar você Que passa e desfila Complica minha vida Que faz sonhar, imaginar Aqui desse lado, lado de cá Janela ainda aberta Tarde da noite Vento frio, escuridão Vejo seu brilho, sua luz Universo tão bonito Agora muito mais bonito Beleza de uma canção Que fiz, que fiz... Minha voz invadindo seu ouvido Daqui de longe meu sorriso Mãos rebeldes aplaudindo Sei de cor o seu caminho Sob minha janela Amor aqui sozinho Melhor perder do que achar Mas já que achei Não vou mais largar E a janela está sempre aberta Pode pular

Fruta

  O amor é uma fruta Suculenta na geladeira Pronta para ser mordida Para ficar na mente Ou simplesmente esquecida O amor Sempre tão falado Comentado, odiado Causador de tanta inveja O pior erro de quem erra O amor De várias formas De várias maneiras Da inocência, da besteira O amor é uma história Procurando um final feliz

Miragem

  Sonhei, mas acordei Tentei acertar, mas errei Nem sempre é fácil Nunca foi Lutei, mas chorei Tentei amar, mas afundei Nem sempre é fácil Mais uma vez não foi O planeta tem dois lados Eu só conheço um Sei bem o meu lugar Sou uma formiga assustada Com o tamanho da imensidão Um deserto de ideias Miragem, ilusão Em grupo, mas sozinho Cada um tem sua chuva Um pingo solitário Grito de liberdade, libertação Em qualquer esquina Rua cheia ou vazia Em algum lugar Da América Latina Certezas que eu tinha Hoje não sei mais nada Fugindo dos problemas Escapando das roubadas Sonhei, errei, afundei

Sede de Você

  Mais um dia frio Mais um dia sem você Todo dia é triste É sempre triste Feito tarde sem café Livro de poucas páginas O mar sem ondas Gente sem fé Aqui falando sozinho Conversando sozinho Esperando amanhecer Mais uma vez Observando paredes Com fome, sem sede Será que vai ser sempre assim? Será que vai ser sempre? Será que vai ser? O que vai ser de mim? Descobri algo novo Fecho os olhos E vejo sua cara Escuto sua voz Mesmo longe e calada Não sei ficar só Tristeza é um nó Pássaros, revoada

Sangue

  Hoje cortei o dedo Sangue jorrou, espalhou Sujou a casa toda Corte profundo No fundo da alma Ainda existe tempo Corre aqui Vamos fazer um pacto Foto para virar retrato Vamos comer o que sobrou Tudo no mesmo prato Facas bem afiadas Navalhas Tenho fome de você Não importa o horário Tarde da noite, madrugada O amor é sujo, muito Mas é uma boa jogada É tão bom enlouquecer Pois só a gente sabe O que realmente é prazer O chão mudou de cor Agora está vermelho Vários tons, virou espelho Nosso sorriso refletido Já não existe mais medo Nem mesmo quando eu corto o dedo E aí, Vamos fazer um pacto?

Materno

  Vou alimentar Eu vou alimentar Você com meu amor Meus olhos Olhando seus olhos Obra divina, linda obra Universo em silêncio Para ouvir sua respiração Meus olhos Olhando e não acreditando Um sonho lindo De quem já acordou E ainda está sonhando O perfume dos anjos É um lindo anjo Minha vida, toda vida Lindos dias, todos os dias Por muitos e muitos anos Vou alimentar Eu vou alimentar Você com meu amor Quando penso que já sei tudo Chega você mudando o meu mundo

Corredor

  Eu vou, vou correndo Atravessando ruas Sem olhar para os lados Vou alegre, vou feliz Mas preocupado Vou, vou acelerado Acelerando meu coração Atravessando a multidão Levando meu perfume Para encontrar o seu Fugindo da solidão Vou atrás do clímax O clímax e o apogeu Depois de tanto esforço Resultado depois do jogo Tudo valeu a pena Foi como a gente imaginava Acabou só depois da madrugada Vamos repetir, vamos Sem correr tanto Um dia qualquer Em qualquer dia Com um pouco mais de calma Sem tanta correria

Janela

  Cortina aberta Tudo cinza Visão tão triste Meus olhos verdes Olhos cansados Contando rachaduras Observando paredes Dia de oitenta horas Dentro olhando lá fora Mundo estranho, doente Sou um E.T Atrás das grades Com medo dessa gente Enxergo tudo Não toco em nada Conflitos indecentes Cama de prego Tristezas da madrugada O remédio não cura Mas traz esperança Amor é um adulto Com cara de criança

Cor

  Hoje é dia de cor De qualquer cor Todas, todas cores Cor do sol Da noite quando cai Da alma quando sai Eu gosto da sua cor Azul do céu Branco da paz O preto é luto Eu luto, não resisto Fico vermelho, brilho Tudo tão bonito Com cara e sabor Toda linda cor Para vestir e ser feliz Todo dia um mistério Fingindo ser sério Atrás de cada cor Um ator, uma atriz Qual é a cor da sombra? Qual é a cor do amor?

Tudo Bem

  Essa noite choveu As plantas já estão molhadas Suas rosas, orquídeas Sua horta O quintal até limpou Chuva para abençoar Lavar nossa alma Não precisa se preocupar Por aqui está tudo bem Tudo vai ficar bem Volte logo para o seu lar O rádio está ligado No volume máximo Som da televisão também O silêncio está quebrado Pai, filho, espírito santo Amém Luz apagada, gás desligado Roupa limpa Amanhã é mais um dia Essa casa é muito estranha Quando está vazia O ovo explodiu no micro-ondas No segundo dia acertei O arroz ficou gostoso De novo, mais uma vez é ovo Não lembro se já avisei Essa noite choveu

Sopro

  Vento que empurra o tempo Que vai na velocidade da luz Vento que arrasta o meu corpo Para o abismo, para o fim Cicatrizes, marcas, casas Que passei, que dormi Noites lindas, lágrimas Emoções que vivi Mesmo não sendo um Rei Vou seguindo por aqui Poderosos caindo Pessoas que vão surgindo Vou pelo caminho, vou Viver é um ato solitário Mesmo rodeado, solidão É sempre tão difícil, muito Hora de soltar a mão Perdi o medo de chorar Choro em qualquer lugar Choro sabendo que o dia Que o dia mais importante Esse dia vai chegar E o vento que segue empurrando o tempo

Estreia

  Rainha não nasce Estreia Enquanto uma vai Outra aparece E chega, chega com tudo Pé na porta Comandando o mundo O riso, o sorriso Da beleza, do amor O dia que nasceu Pequena linda flor Do parto para o quarto Para o lado de cá Nos braços, todos os braços Para paparicar Destino sendo traçado Riscado, giz de cera Todas as cores, mulher Força da mãe natureza Agora Não repare Na loucura aqui fora Parece estranho Algumas vezes realmente é Mas acredite O amor ainda existe Seja feliz, siga com fé

Tic Tac

  O relógio despertou Longe de suas mãos O quarto vazio Exército da solidão Tempo sem sentido Tempo tão corrido Ampulheta é uma prisão O sol está armado Disparando seus raios Raiando luz, brilho Atravessando frestas Cortando vidro Um, dois, três Olhos abertos, fechados Abertos e nada Cada letra do nome Consoantes mudas Vogais caladas Daqui a pouco é pouco Do nada é madrugada Alimentando esperança Regando vasos e plantas Raiz quando brota Não descola, nada desgruda Em casa, na rua O relógio despertou Longe de suas mãos...

Metrô

  Câmera lenta Uma cena Nossos olhos Um encontro Porta fechando Tempo acabando Será que foi ilusão? O trem partiu Você sumiu Ficou para trás Eu sei que viu Todo amor Em meu olhar Encontro assim É sim Amor sem fim Silêncio Sem palavras Minha voz Só no pensamento Lembrei um tempo Que apenas observar Já era o suficiente Para não esquecer Venerar Amanhã Depois de amanhã Todo dia No mesmo horário No mesmo local Eu vou estar Não tenha dúvida Nenhuma Deus indicou o lugar

Caderno

  No caderno palavras E algumas poesias Na ponta da caneta Lágrimas, estrelas Saudade, uma nostalgia Dramas no papel O céu, um pouco de alegria No caderno alguns riscos Desenhos feitos, rabiscos Boneco de palito Árvore sem tronco Coração e um menino Vinte linhas Todas bem escritas Caneta quatro cores Trabalho de um artista Receita de bolo Assuntos podres, todos Nuvens, pássaros Jogo da Velha, carros Manuscritos Telefones que lembro Todos que esqueci Adição, subtração Equação que não resolvi No caderno palavras Algumas poesias

Foi

  Nua Embaixo do jornal de ontem Já virou manchete Assunto principal Um ferimento na mão Marcas na nuca Nua e sem coração Mandou beijos Fez pose, charme Um carro passou Voltou, parou Seguiu seu destino Rumo ao desconhecido Mais uma vez Viu o sol nascer Dormiu até às três E quem vai beijar seu filho? Quem vai dizer que é lindo? É apenas um menino No chão, sem alma Mundo de gente gelada Como indigente morreu Cheia de sonhos, morreu O pai não reconheceu

Renascendo

  Olhos abertos Uma canção Em cima do teto Anjos e Santos Enorme coração Nuvens, fumaça Mãos dadas Amor Novo mundo Um mundo novo O fim da dor Jardim Bichos e flores Infinito Vento fresco Sem medo O tempo, sem tempo Pássaros em movimento Balões dourados Chuva de prata Luz do sol Portas do paraíso Som das trombetas Dia do juízo Vida linda Linda vida Até o fim Depois do fim Fim da linha

Sempre Aqui

  Barba vermelha Que agora é branca Meio século já passou Vela ainda está queimando Corre aqui, fique aqui Por mais uns cem anos Desafinado vou cantar Fazer o que eu nunca fiz Segure meu corpo, meus braços Vamos dançar, dançar Até o amanhecer Seja para sempre meu par Vou plantar uma semente Vou deitar na grama Vou preparar o banho Levar água na cama Não precisa dizer, não Eu sei que você me ama Capítulo de um livro, um versículo Vou ler aos prantos Édipo também era um anjo Está chovendo Esqueci o guarda-chuva Estou bem, estou na rua

Imaginação

  Vejo seu sorriso invadindo Por onde ando, pelo caminho Sei que não é você Bem que poderia ser Sinto seu perfume Escuto sua voz Palavras tão bonitas Mas sei que não é você Bem que poderia ser Quando quero enxergo Quando não quero enxergo Olhos abertos, cego Sempre atento, sempre esperto Você em todos os lugares Meu coração, nos melhores lares Luz apagada, sua claridade Invadindo meu quarto No fundo de um prato Desenho animado, seu retrato O vento soprou Mas não levou você Aqui do meu mundo imaginário

Mão Que Balança o Berço

  O bebê já acordou no berço Logo viu sua mãe toda feliz Uma cruz, um quadro, um terço Um tipo de medo, pesadelo Quem é aquele homem de óculos na televisão? O que ele tanto escreve? Melhor não dormir, não Lembranças na cabeça de uma criança Mente que não para, uma dança Dor de cabeça, tontura O auge da loucura Uma caixa cheia de fotografias Retratos de uma família Uma canção triste Uma canção de ninar Mundo violento Tortura domiciliar No céu um brilho estranho Gente grande, vários tamanhos Primo é novo, tio é velho Tudo tem o seu preço O bebê já acordou no berço