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Mostrando postagens de outubro, 2021

Passado

  Música antiga, tempo bom Bons momentos da vida Relógio andando para trás Era tudo tão simples Difícil, mas simples Guerra de papel Briga por iogurte e sorvete Piada do pavê Mesa cheia de parente Lembrança de quem já foi Quem não mora mais nesse planeta Em que ano morreu O vô e aquela vizinha xereta? Trilha sonora de novela O mocinho era bom Mas o vilão era demais E toda tecnologia Boneca falante da filha Barbeador do pai Rádio a pilha Tenho saudade De quando eu era feliz E sabia Saudade de um tempo Que não volta Mas era cheio de alegria

Velho

  Hoje é meu aniversário Amanhã também Mais um no final de semana Outro na semana que vem Sou o contrário daquele moço Nasci no século passado Estou sempre nascendo de novo Experiente velho Com minha gaita, meu violão Conto mil histórias Tenho boa memória Sou fruto de uma linda canção Escuto, mas não entendo Vozes distorcidas Encontro respostas no fogo O pássaro é um artista Dá um show quando está solto Pessoas nas janelas Lenços balançando Logo não estarei mais aqui Quem sabe um dia eu volto Daqui uns duzentos anos Quando o mundo virar outro Ou quando não existir mais esse povo

Beijo

  O beijo vem de longe Vem de barco, vem de navio Chega invadindo Meu porto, meu corpo Chamado Brasil O beijo vem descendo Vem pelo mar Caminho das Índias Lá da Grécia antiga Vem com gosto de beijar O beijo vem com o vento Lá do outro lado do mundo Barulhento, gostoso Vem lá de cima Pelas ondas, em movimento O beijo importado Faz estrago em meu coração O beijo sem fronteira É vulcão em erupção Em qualquer país Um país qualquer Continue mandando beijos Pelo ar, em minha direção

Sob Pressão

  Desenhos em nuvens Eu vejo objetos estranhos Você vê tudo diferente Seu olhar sempre foi mais bonito Faço pequenos dramas Você vem com solução Escrevo textos e cartas Você mais prática O cérebro brigando com o coração Tudo está tão diferente O céu sempre nublado O sol desapareceu Ou estamos olhando para o lado errado? Também não vejo estrelas Mas você diz que todas estão lá Amar é andar no escuro Não ter medo e confiar Em seus braços Toda minha paz Toda sua paz Dentro de mim Dias e mais noites Vamos juntos, juntos Até o fim

Diaba

  Ela é boa É muito boa Malvada é melhor ainda Brinca com facas Cospe fogo Na vitrine exibe o corpo Faz bruxaria É simpática Para não matar mais um Já matou mais de cem Cortou em pedacinhos Fez um refogado Comeu com pimenta Dividiu com o gato Angelical, Diaba Mortícia, Mulher Maravilha Todas em uma só Ela não tem dó De mim Toda de preto Toda de vermelho Toda colorida Bebendo meu sangue Em cima da pia Fez eu virar pó Ela não teve dó De mim

Tudo Que Eu Sei

  Para ter fruto É preciso ter flor Para ter amor É preciso ter olhar Para morrer em paz É preciso ter perdão É preciso perdoar Todo vidro nasce areia Nem todo peixe vira sereia E toda linda pérola Nasce feia Tudo que eu aprendi Tudo que eu sei Tudo que eu aprendi Tudo que eu sei Nem toda porta É para ser atravessada Nem toda planta É para ser molhada Quem está disposto Sobe até pela escada Quem está se afogando Pede socorro O chefe poderoso Não mora no morro Primeiro beija Depois pede em namoro Tudo que eu aprendi Tudo que eu sei

Bigode Felino

  Bigode fino Um é de paz Outro do agito Roda por aí Anda sem destino Independente Parece até gente Banho de língua Sete vidas Pula, sobe, desce Brinca, desaparece Na sala, no quarto Terraço ou telhado Preto, branco, pardo De toda cor Cor de todo amor Na rua, sem amargura Foge do cão Persegue o rato O mistério nasceu Nos olhos de um gato Felinos Sem obstáculos Em seu caminho São simplesmente Felinos

Amores

  Quantos amores cabem em uma vida? Quantas vidas eu preciso para ter um grande amor? Viver ou morrer? Morrer e demorar mais um século Para viver simplesmente um amor Renascer Todo dia um novo amanhecer Acordar e não saber Conquistar pela última vez Antes que seja tarde Sempre renascer Todo mundo é puro Até o primeiro beijo Toda chance é uma segunda chance É a chance de algo verdadeiro Quantos amores cabem em uma vida? Já não sei em qual vida eu estou O brilho nos olhos Antes que tudo acabe Ou será que já acabou?

Perdão

  Vamos falar de perdão Vamos falar de humildade De quem ajoelha e beija Os pés e o chão Vamos falar sobre o medo Sobre pedir desculpas Depois sorrir e agradecer Vamos falar de vida Pois nascemos para ter tempo Nascemos para morrer Vamos falar com educação Em voz baixa, sem palavrão Quem sabe conseguimos Uma vez, pelo menos uma vez Mas também posso escrever cartas Manchadas com lágrimas Mesmo com raiva Sangue em vez de tinta Nosso amor nunca foi uma maravilha Não precisamos falar de solidão Conhecemos muito bem Corpo presente não é garantia Não quer dizer companhia É pedaço de carne sem coração

Janela

  Fiquei embaixo de sua janela Esperando você voar Cumprir sua promessa Fiquei embaixo de sua janela Esperando o vidro quebrar Esperei sem pressa Anoiteceu Você não apareceu Não caiu do céu Não caiu em minha cabeça Será que dormiu ou esqueceu? Falou, falou, falou Repetiu mil vezes Não teve coragem Jogou um verde Falou, falou, falou Fingiu loucura E não pulou De qualquer maneira Vou ficar por aqui Olhando para cima Esperando você despencar De braços abertos Como bom goleiro Eu vou esperar Bem embaixo de sua janela

Mosca de Banheiro

  Meu vício, meu amigo Meu maior inimigo Está dentro de mim Não sei parar, não quero parar Viver perigosamente Viver até encontrar o fim O fim, o fim, o fim Mosca de banheiro Observo, sinto o cheiro Cheiro Paralisado, estático Sem tempo, sem medo Meu sangue virou pó Virou chão de areia O corpo agora é flor É um pouco de dor Terra que não semeia Sonhando acordado Pesadelo sorrindo Eu tenho todos, vários Vícios e obstáculos Sou apenas um perdido Procurando o que eu não sei Motivo para continuar vivo

Professor

  No quadro uma frase Doces palavras, muito amor Na página de um livro Todo carinho, professor Lápis, borracha, caneta Com todas as letras No risco, no rabisco do giz Na cartilha, no caderno Sala de aula, escola da vida Aluno, aprendiz Dedo para cima Posso ir ao banheiro? Toda professora é tia É mãe, é dona de um tempo Inesquecível, melhores momentos Helena, Girafales, Pasquale Freire, Raimundo, Tibúrcio Os melhores do mundo O meu, o seu Conhecimento, dádiva de Deus

Viver é Sofrer

  Odeio amar quem eu amo Odeio lembrar que não consigo esquecer Está cada dia mais difícil Viver é simplesmente sofrer Procuro sempre o melhor lado Ao seu lado que não vai ser E quando penso que estou livre Acabo enjaulado, preso Em memórias vivas, vivas Impossível sair ileso O tempo Linha contínua em movimento Em uma ponta paz Na outra ponta momento Chance de fazer diferente Ou não repetir o erro O tempo Passado Porta de vidro trancada Futuro Olhar misterioso atrás de uma máscara Continuo odiando Odeio amar quem eu amo

Completamente Nada

  Gosto de observar Analisar cada pessoa Chegar bem perto Perceber que não entendo Completamente nada, nada O ser humano é um mistério Uma complexa charada Peças no tabuleiro Jogada ensaiada, manjada Quem vai atacar primeiro? Prefiro quem quer paz Quem é da paz O senso de humor É pai de todo brasileiro Não gosto de estranhos Não gosto de espelhos Odeio o belo, até admiro o feio Desconfio de quem sabe tudo Do falso fingindo ser verdadeiro Concorrência desleal Bêbado, animal Covarde de rede social Todo cuidado é pouco Campo minado O ódio é contagioso Perigoso Para você é muito Para o outro é pouco Gosto de observar, analisar Continuo sem entender nada Essa gente que julga Ainda não entendi Essa complexa charada

Vício

  Sua cara de anjo É um pecado Para os meus olhos Para o meu agrado Uma taça de cristal Duas bocas amargas No veneno das palavras O glamour do amor Do amor Louco, varrido Sem controle, sem juízo Beije logo Beije e aproveite Antes que seja tarde Antes que o desejo passe Que acabe Nunca vai acabar Nunca vai passar O vício é tão triste O viciado só quer prazer Quer morrer engasgado Mastigado, devorado Não quer nem saber

Poeta

  Pose para mais um retrato Óculos redondos, um cigarro Nem todo poeta é igual Um prefere viver Outro morre para renascer Nem todo poeta é igual Um chora em silêncio Outro grita o amor O genioso e o genial Um chá, uma droga qualquer Homem, bicho, mulher Vícios proibidos e permitidos O poeta é cínico É tudo que quiser Palavras necessárias Para toda ocasião Dedo na ferida, ferida aberta Amigo da solidão O poeta tem fãs Seguidores, discípulos Alucinados, loucos Assassinos Protetor dos malditos Poeta é mãe De nenhum filho

Tão Linda

  Cabelo tão lindo Corte novo, poder antigo Em um instante é mãe No outro é filho É o que precisa ser Tem o comando Faz o que quer comigo Todo pescador tem sua isca Para um peixe bobo morder Obedecer, servir e agradecer Hoje vive em paz Amanhã aceita ser O que sempre foi antes de morrer Toda hora é certa Principalmente para quem não erra Quem tem razão Tem a faca e o queijo O beijo é em sua mão No chão que pisa Nessa sua arte Eu sou apenas o artista Quando tenho fome Boca aberta, o alimento Você escolhe o sabor Espero o momento É hoje, mas também quero depois Depois, depois, depois Um pouco mais, mais O bom da vida é dar alegria Para quem sabe o que faz

Doses

  Duas doses de qualquer bebida Uma música sofrida Na janela tomando um vento Refletindo sobre a vida Meu herói é um bandido Eu também sou bandido O mundo é sempre tão cruel Não existe nenhum mocinho Qual vai ser o próximo passo? Não sei o que eu faço Será que devo repetir o passado Ou simplesmente voar? Voar sem pressa para encontrar o chão Um momento de solidão Cansei de brigar, lutar contra o vento Aspirar o pior do ar Sobreviver em movimento Será que ainda vale a pena? Será que ainda vale? Cansei de vasos e plantas De baile sem dança De noites em claro Dramas e tragédias A falsa felicidade é branca

Passou

  Onde você estava Quando a história passou? Homem pisou na lua John Lennon morreu Muro de Berlim caiu Mais um amigo morreu Onde você estava Quando a história passou? Gol do título Sua filha nasceu Show da sua banda Mamãe disse adeus Onde você estava Quando a história passou? Bob fez fumaça Beijou sua namorada Pediu em casamento Tocou violão e cantou Onde você estava Quando a história passou? Ouviu aquela voz Ganhou troféu Último suspiro Chorou por alguém no céu Onde a história estava Quando você passou?

Sem Parar

  Quando não está andando Está trabalhando Não para de andar Não para de trabalhar Só assim consegue viver Sobreviver em meio ao caos Caminha sobre cacos de vidro Não conhece dor alguma Seu ofício é andar, andar Por cidades, estados Atravessa até o mar Escuta bom dia, boa tarde Retribui com silêncio No boa noite até responde Pensa no velho Gentileza Mas não pode parar Não vai parar, não vai Trabalha, anda, trabalha Não tem descanso, nem cama Simplesmente anda, anda Não importa a cor do céu Asfalto quente, terremoto Todo gênio é misterioso Faz parte do jogo Prefere apenas trabalhar E andar, andar, andar

Não Lembro

  Não lembro em qual rua Eu trombei com você Nem mesmo sei o seu nome Minha memória é curta Só consigo lembrar do prazer Será que amanhã tem mais? Parece que vai chover Vamos precisar tomar cuidado Vamos ter que nos proteger O desejo é inexplicável Não precisa de palavras Apesar que qualquer palavra Faz tudo esquentar O chão, o céu, o corpo O gosto do gosto de beijar Baixo o volume para ouvir melhor Sua voz gritando um "eu te amo" Sei que não é sincero Mas para o momento vale É tudo que eu preciso e quero O caminho é sem volta Amor nunca sai de moda Quando acaba vira canção Crime hediondo, perdão O fogo passa, passa Mas a lembrança não

Sorridentes

  Eu não entendo toda essa gente sorridente Que anda por aí rindo sem motivo Felicidade que incomoda Alegria que eu não sinto Sou um impostor, eu sou Sou aquele que finge Sou uma fraude Sou aquele que não existe Dormir nem sempre é fácil Mas acordar também não é Nem todo dia é um bom dia Vida sem roteiro, com erro O meu fracasso é em busca do acerto Contagem regressiva para o meu fim Estou contando nos dedos Quem sabe amanhã ou depois Quem sabe eu consiga mostrar os dentes Mas uma coisa eu sei, eu sei Posso ser melhor que muita gente

Conselhos

  Pare de apontar os meus defeitos Eu quero mesmo alguém Para dividir minhas loucuras Todas minhas aventuras O que eu já nem sei, já não sei Vamos cantar bêbados pelas ruas Rir do que não tem graça Ser motivo da graça De quem não tem nada, nada Quantas bocas vão ser beijadas? Quantos dias vão terminar de madrugada? Eu também vou te amar Quero apenas um conselho Um trago, um dengo Um tempo quase perdido Seu olhar em movimento Mostrando o caminho O melhor caminho Vamos falar dos dramas Dos nossos, dos outros Dessa vida desregrada Dos animais selvagens Também dos fofos Vamos brincar de fazer pegadas

Espelho

  No espelho eu vejo Quem eu nunca vi Vejo que o tempo chegou E que ficou por aqui No espelho eu vejo Sonhos realizados, conquistados Um pouco de medo Mas também muita coragem No espelho eu vejo Que valeu cada segundo Que lá no fundo Deu tudo certo, tudo Meu espelho, meu mundo Atrás do espelho O futuro, o amanhã O que ainda não posso alcançar Próximo passo para qualquer lugar Um dia vou descobrir O que tem do outro lado Espelho, minha vida Meu retrato

Acreditei

  Acreditei, aceitei Um abraço quente Abraço desse falso amor Amor doente Confiei, pensei Achei que tudo estava bem Uma faca afiada Com toda força, cravada Promessas, juras Mas quem jurou Não teve piedade, nenhuma Simplesmente matou Hoje já não choro mais Não estou mais aqui Apenas o meu sangue Marcando sua vida Sujando suas mãos Ferida aberta, cheiro de morte Não é questão de ser forte Covarde é covarde Em qualquer tempo Por todo o tempo Agora estou em todo lugar Céu, rua, em seu olhar Dentro dos bons corações Da sua cabeça perversa O crime não compensa Você não vai escapar dessa Acreditei, pensei Confiei, aceitei Um grande erro, meu erro