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Mostrando postagens de junho, 2022

Silêncio

  Esconder o seu nome Mais que um pedido Uma ordem Amor não é publicidade Ninguém precisa saber Conhecer nossas maldades O silêncio é alma do negócio Boca fechada para o mundo Aberta para novas sensações Felicidade em volume zero Cinema mudo e suas emoções Beijar é melhor que falar Segredo é um cofre Bem fechado, lacrado Anjos são felizes Trocam apenas olhares São indecifráveis Não usam palavras Embaixo de suas asas Tudo bem guardado Deus criou, descansou E depois ficou calado Vou esconder seu nome Vou usar aquele famoso codinome Que um dia ouvi em uma canção

Gosto e Sabor

  Em uma noite como qualquer outra Fiquei pensando em você Dos bons tempos Nossos loucos momentos Seu estranho e saboroso prazer Lembrei até do chão da sala Visão que eu tinha do teto Das manchas e rachaduras Da cidade fria e escura Nossas almas nuas Nossos corpos parados Meu acordo com seu sentimento O nosso combinado Nada de retrato Rápido e rasteiro Sem pistas, sem cheiro Contado no relógio Um grande negócio Bom para todo mundo Ficamos sempre no lucro O pecado por alguns trocados

Morrer ou Viver

  O sonho vai acabar O amor vai acabar Um vai matar o outro Requintes de crueldade, devagar Falta de amor é um saco Não sonhar é pesadelo Depressão é um passo Está chegando meu tempo O mundo anda tão violento Conto os dias para explodir Melhor mesmo é fugir Enquanto procuro o meu Deus O ponto de partida Já está perto da saída Vou pular janelas Que ainda estão sem grades Temos liberdade para escolher Viver ou morrer Uma decisão tão simples

No Passado

  Assuntos velhos e repetidos Pensei que você já tinha entendido Dentro de sua mente brilhante Assuntos velhos e sem sentido Seus preconceitos perdidos De um tempo tão distante Mas que ainda estão vivos Tudo é antigo em você Suas roupas, seu estilo Seu cabelo, seu pensamento Pode não ser um defeito Mas causa medo Em quem sonha voar O passado cantado Apresentado em lindas canções Falsa sensação de alegria Nem toda nostalgia Aquece os corações É preciso mudar, evoluir Lutar e não desistir Antes tarde do que nunca Retroceder é tiro na nuca

Ping Pong

  O mundo está encolhendo Ficando pequeno em nossas mãos O mundo é uma bola "Ping Pong" Uma roda nem tão gigante assim Eu vou embora agora Dar o fora Nenhuma fronteira é o fim O fim do caminho Estamos próximos, perto Sob o mesmo céu, mesma lua Viver é ter um plano infalível Lutar, perder, ganhar Invadir o outro lado da rua Um passo gigantesco Meia xícara, dois dedos Fui visto por lá, logo ali Quando menos você esperar Vamos nos encontrar Polo norte, nas nuvens Ou em uma onda no Hawaii No rádio uma canção Média de três minutos O tempo de um sonho Uma declaração de amor Nada vai nos separar Léguas, réguas, quilômetros Distância entre dois pontos Estamos quase prontos

Quase Tudo, Quase Nada

  Sou quase feliz Sou quase poeta Sou quase artista Sou quase qualquer coisa Sou o que eu ainda não sei O que realmente eu sou Sou quase o sol Sou quase uma paixão Sou quase verdadeiro Sou quase uma ilusão Sou quase mineiro Sou quase baiano Sou quase Chico Sou metade de um grito Sou quem não está mais aqui Sou quase um filho Sou pouco tempo de vida Sou uma chance perdida Sou nem sombra do que eu fui Hoje não sou quase nada Mais nada

Mágico

  Música que faz viajar Voar sem sair do chão Vídeo clipe do passado Aquela boa sensação Cenas de cinema, retratos Imagens distorcidas Momentos mágicos Poucos e bons instantes da vida Felicidade Artigo raro e de luxo Para ser lembrado no futuro Nem toda lembrança é drama Trauma de infância E toda alegria do mundo Vai ficar lá no fundo Da alma Um cheiro, tempero Outra fotografia Recordações, bom dia Lágrima que cai Não de tristeza Simplesmente magia Sei que quando eu morrer Muita coisa vou esquecer Outras, poucas, vão ficar no coração Iluminando o caminho Para chegar mais rápido Nos braços do desconhecido Música que faz viajar Pela última vez

Cabeça Baixa

  Olhar que fala Fala sem palavras Cabeça baixa Devido lugar Esse seu olhar Calo minha voz Apresento o silêncio Sou de um tempo Quem manda é o algoz Sem arma, toda calma É lei, sua lei Tem todo o controle Total controle Sabe tudo que eu não sei Caminho de ida sem volta Fui, mas já estou por aqui Fazendo suas vontades Sou o seu capricho Sei muito bem onde vou dormir Plantas obedientes Em vasos raros Animais de estimação Prisão perpétua Na palma de sua mão Em fila, quietos Um por um Dizendo sim, nunca não

Santo

  Do apito sai fumaça Na mãos arco e flecha Cabeças são os alvos Índio quando fica bravo Sai de perto, sai de baixo Penas, plantas, danças Tinta de toda cor Crianças e suas tribos Quem é da tribo do amor? Sem roupa Sua língua é outra Toda sabedoria Sabe tudo sobre a noite Conhece bem o dia Na mata, na caça No laço, no anzol Salve o Deus da vida O Rei sol Homem branco quer viver Pele vermelha sobreviver Cada um em seu canto Cada um em sua margem Em terra sem lei, quem faz lei É tudo, menos Santo

Filhinha

  Pais dentro dos seus carros Todos na frente da estação Esperando suas inocentes filhas Elas não estão protegidas Violentos saqueadores da honra Por todos os lados, em filas Esperando a hora de colocar em ação O plano mais cruel Animal sem coração, sem razão Jovens crucificadas Seus corpos, carnes Carnívoros com fome Doentes, indecentes Sacrificadas Sem dó, sem piedade Mundo cheio de maldade Pais ainda estão em seus carros Segundos infernais Alívio e desespero Porta aberta, fechada Porta que não abriu Matou e fugiu Ordem natural quebrada Quem vai condenar Quem já está condenado? Acabou com o problema Eliminou o dono do pecado Docinho do papai Filhinha do papai Agora vive em paz

Cervejopédia

  Olhos fechados Gole gelado Bico no copo Gosto amargo Depois do trabalho Cerveja e certeza De ser um pouco mais feliz O bar, o lar Canto, recanto Lugar de viver Morrer em paz Na boca o gosto Flor da cevada Sabor de madrugada Molhando palavras Ar que respiro O gosto bom O bom gosto do trigo Néctar dos Deuses Na lata, garrafa, na taça Embriagado na fumaça Desce mais uma, duas Caseira, trincando Vou bebendo o tempo Enquanto o tempo vai passando

Lados

  Olhe para todos os lados Antes de atravessar o destino Tome todos os cuidados Igual Lennon, Paul, George e Ringo Não parece ser uma boa ideia Matar a sede com água fervendo Usar salto com o dedo doendo Beijar alguém com o nariz escorrendo Ninguém disse que seria fácil Por isso é mais gostoso Tudo é perigoso, tudo Chuva de verão com raios Banho gelado depois do almoço O tempo nem sempre é inimigo Não para, é rápido Mas pode ser bonito Traz paz, faz tudo ter sentido Olhe para todos os lados Antes de atravessar Para morrer bastar estar vivo Para viver sonhar é preciso

Estranho Amor

  Lembro seu estranho amor por mim Lembro que demorei para entender Mas mesmo tarde entendi Faltou uma boa explicação Palavras suaves, compreensão O destino já está escrito, foi escrito Em linhas finas, tortas, mortas Até hoje procuro seu olhar Quem sabe um dia vamos conversar Pela rua com meu sorvete Você em minha direção Seu sorriso tão bonito Juro que sou inocente, até demais Onde você mora? Será que ainda mora Ou já vive em paz? Aquela árvore, nossa árvore Você queria morar comigo Eu só queria brincar Plantamos flores estranhas Vasos de barro e porcelana Nem toda história de amor Vira uma linda canção

Amor Próprio

  Olhe para o seu amor Olhe para o espelho Amor próprio O mais verdadeiro Ninguém é sozinho Quando está bem de espírito O bem estar vem primeiro Antes só, melhor só Seja sua melhor companhia Abraço frio não combina Namore o seu beijo Conte seus maiores segredos Para quem você mais confia Quem você ama tanto Só quem chora sabe A dor e o tamanho do pranto Sofrer sem ajuda de ninguém Mas também sorrir Tudo tem o seu preço O preço é ser feliz Olhe para o espelho Olhe para o seu amor Entenda, perceba Olhe para dentro Ame seu corpo, seja o seu amor

Eu Vou

  Já aceitei Espere que eu vou chegar Não tenha pressa Agora vou arrumar O cabelo, o corpo, a mente Já aceitei Relaxe e não tenha dúvida Eu vou correr para os seus braços Não precisa ficar ligando Muito menos pressionando Eu disse que vou, eu vou Não, não estrague tudo Não estrague antes mesmo de começar Deixe um clima bom no ar Sair de casa para sofrer É melhor dormir, esquecer Nem precisa trancar a porta Apesar que quando quero Quando aceito e digo sim Não existe barreira Derrubo tudo com um sopro Aquele frio no estômago Hoje vai ter canseira Quando o não é certeza O sim é esperança É desejo perto de terminar Vontade, corpos em uma dança Frenética Eu sei, e como sei Já disse, eu já aceitei

Tudo

  Desenhos em nuvens Seu olhar de passado Paixão e pecado O sabor das massas Muita tristeza, pouca alegria Grito de dor e o medo Nas mãos trêmulas de um sábio Tudo vira poesia, tudo Completamente tudo vira poesia Riscos bem feitos Traços de um pincel Uma tela, um quadro Sabor de mel Tudo, completamente tudo Você já sabe Tudo vira poesia Nem tudo rima Nem tudo precisa rimar Tudo vira poesia Basta acostumar o olhar Sua fome, sua sede Sua fé Seu ódio por mim O copo ainda cheio De ar ou vazio Emoção de todo dia Você já sabe Tudo vira, tudo vira... Ponta do lápis, estilete Apontador Onde brota o amor

Perseguindo

  Eu persigo almas, sombras Tudo que eu não posso alcançar Corro por ruas escuras, nuas Guardo bem o caminho Mesmo sabendo que nunca Nunca mais eu vou voltar Eu persigo calma, paz Tudo que eu não vou alcançar Espalho bilhetes, cartazes Busco personagens irreais Qualquer um que tenha Um estranho olhar Escuto vozes tristes Gritos, sussurros, lamentações Não olho para trás O inferno fica muito pior Quando presto atenção Felicidade é tão subjetiva Na verdade ela nem mesmo existe Continuo buscando o que não vou alcançar Importante é fingir bem O enganado cansou de enganar Amanhã vou ser sombra, alma

Rachou

  O coração rachou, quebrou Dentro dele brotou uma flor Preta com cara de luto Com cheiro de dor Tristeza que não tem fim É só o começo do medo Solidão é o que restou Para sempre, para todo o sempre Porta fechada, rua sem saída Liberdade assistida Olhos olhando para o chão Braços esticados, sem seu abraço Agora dentro de uma oração Panelas batendo, passos pela casa Mesmo tudo em silêncio Amanhã é outro dia Mesmo sendo mais um dia Totalmente sem graça Quem sou eu? Para onde eu vou? O coração morreu

Errei

  Falo coisas erradas Usando palavras certas Ou nenhuma palavra Ninguém entende, muito menos imagina Ninguém sabe, ninguém Aponto os pecados Dos outros e os meus Os maiores absurdos De todo mundo Dos vivos, até de quem já morreu Verdades, todas Mentiras, poucas Nem sempre direto, nem sempre na cara Arma secreta, corte da espada O silêncio diz tudo Mesmo sem dizer nada Direito de pensar Ainda existe Na minha mente um filme Cenas alegres, outras nem tanto O final é muito triste Falo coisas erradas E quem não fala? Atire uma pedra Ou receba mil pedradas

Fiel

  Faca no peito Cortando por dentro Companheiro Quatro patas e um prêmio Força dos meus joelhos Para todo o tempo Tempo de solidão Todos os dias Eu sou um cão Abandonado, jogado Fiel convicção Seu latido, uma frase Segredo bem guardado Amigo é assim Tenho apenas um Somente um Vira-lata, qualquer raça Nossa graça Rir e latir, amar e sorrir Um café, um osso Nos contentamos com pouco Nascemos um para o outro E quando estamos numa pior Choramos juntos, abraçados Ouvindo Belchior O melhor amigo do homem Amigo de quem também não dorme

Amor

  Viva o amor! Suas formas e maneiras Dúvidas, incertezas O amor Cicatrizes, deslizes Doença do coração Planta que brota Do céu para o chão Em todas suas línguas Todas línguas Caminho sem mapa GPS, direção Bonito, lindo Esquisito Carro sem freio Feio, acidente Cemitério de gente Amor Uma rima fácil Bem fácil Golpe certo Nunca dá errado Para o trouxa E o mais esperto Amor Uma dose, um trago Mais uma dose Doce estrago

Caiu

  A casa caiu Partiu, ruiu Rachou A casa afundou Quebrou Telhado é de vidro Parede é madeira O piso isopor Gasta água sem torneira Já é tarde Portão está trancado Amanhã tem muito mais Mamãe está deitada Papai procurando o cadeado A casa caiu Fumaça de cigarro Sobrou um cinzeiro Gasolina sem carro Meu mundo perdido Plutão desgovernado Qualquer coincidência É mera semelhança Estamos ferrados Cuspindo no prato Não temos música Mas temos dança A casa caiu Partiu, ruiu

Poesia

  Quem ainda gosta de poesia? Quem ainda acredita em promessas frias? Quem canta bêbado no chuveiro? Quem chora em cima do travesseiro? Viver não é fácil Quem nasceu para sofrer Pensa duas vezes, até três Antes de dar o próximo passo O chão não é gelado Apenas rouba o meu calor Na louça branca de porcelana Todo meu medo, meu pavor Por um instante vi Deus Afogado em águas profundas Noites em claro, uma vida escura Quem ainda acredita em poesia? Quem sofre por amor todo dia? Quem quer morrer sem fazer força? Quem nasceu para uma vida louca? Você não sabe, não percebeu Quem está embaixo da sua cama Esse corpo podre Sou eu

O Medo

  Eu tenho medo Das mãos armadas de um ladrão Da mente vazia de um falastrão Do morto que voltou para salvar a nação Medo sem controle Camburão de fumaça Crianças pedindo Crimes em uma praça Matar ou morrer O fio da navalha Um dia do cão, dia de cão Amanhã sou caça O medo isola, afasta É cruel Homem não chora Menina boa é quem vai para o céu Quem acredita em mentira Fica de castigo E sem Papai Noel O silêncio machuca mais que o barulho Vozes malditas no escuro Eu tenho medo, muito medo

Um Tempo

  Não sou criança Não sou jovem Não sou tão adulto assim Também não sou velho Não sei o que eu sou Quem sabe sou tudo E só não encontrei um amor Será que ainda tenho algum futuro? Tenho tantos planos Mas nenhum no papel Sou tão inconstante Sou qualquer coisa Pouca coisa que cai lá do céu Tiro frases dos livros Não costumo ter ídolos Não uso mãos para aplaudir Aperto pescoços, seguro o pulso Sangue que não para de sair Ainda tenho um tempo Preciso ser rápido Segundos, minutos, horas Pode ser hoje, pode ser Pode ser agora Ou um dia talvez Nunca vou contar o que a gente fez

Não Sou Eu

  Eu não andei por onde você andou Eu não caminhei por onde você caminhou Não circulei, não parei Não fotografei Não passei por onde você passou Não rodei por onde você rodou Fiquei pelo caminho, fiquei Não ganhei seu abraço Não recebi um beijo seu Não dei nenhuma declaração Aquele corpo não era meu Não fique triste, não chore não Um dia vamos nos encontrar Realmente nos abraçar Juro até um aperto de mão Não fique triste O mundo é mesmo uma grande confusão Não estou em todos os lugares Infelizmente não estou Mas pode pensar sempre em mim Em esquinas, ruas vazias Ou nos piores bares

Na Cara

  Cena de amor Amor explícito Na cara de todos Na cara de todo mundo Braços apaixonados Beijos no pescoço Multidão de olho Inveja, muita inveja Cheiro de podre pelo ar Muita gente quer Mas não tem coragem Falar mal O esporte dos covardes De todos os caretas Daquela turminha sem sal De todas formas Com qualquer corpo Desejo é quente O tesão é fogo Boca na boca Lágrimas de sangue Um odeia, outro faz drama Quem é de luz Não perde tempo com cama

Materno

  Água é leite materno Da mãe natureza Rios, lagos, mares Seios fartos, maré cheia Terra que faz brotar semente Deita para renascer Mata fome, engole Pronta para vida Pronta para morrer Ar é sangue Sem cor, invisível Vitamina comestível Tempero do corpo Pouco, rarefeito Sem gosto, sem cheiro Fogo que passa por cima Atropela sem dó Laranja, chama Queima, refresca Luz que liberta Solidão de um só Água, terra Ar, fogo Elementos O que faz falta Partida Noite, dia Caldeirão, bruxaria