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Mostrando postagens de agosto, 2021

Vida Fácil

  Calça rasgada para provocar Pronta para amar, sem beijo Seu preço é alto, muito alto Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta Quem prova sempre volta Na esquina sob o luar Vida fácil para quem não está em seu lugar Muitas vezes acompanhada Muitas vezes sozinha Mesmo acompanhada Tão sozinha Cabelo bonito, bem tratado Seu corpo nem tanto, cansado Quem vê cara não vê coração E quem conhece seu coração Sabe o peso, o medo De cada sim e cada não O perigo é um fetiche Mas seu prazer é voltar para casa Abraçar seu filho Amanhã tem mais, mais Instrumento de trabalho, sagrado E quem protege, quem Nossa Senhora do Pecado

Anjo do Fogo

  Seus segredos, meus segredos Poucas palavras, quase nenhuma Na hora marcada estamos juntos Depois sem pressa, sem essa Um jogo sem regras Anjo do fogo Do céu vermelho Da mais profunda tentação Anjo da noite Do asfalto quente Silêncio quebrado por um beijo, desejo E o tempo parado lá fora De joelhos, jogado aos seus pés Esperando o fim, seu último ato O toque da sua boca Sua boca espalhando pecado Um brinde para eternidade Para nossas fraquezas O vício e a doença O combinado é não ter saudade Anjo do céu vermelho O inferno não tem espelho

Música

  Movimento em fúria Remédio da alma O som da natureza Terra, ar, água e fogo Trilha sonora do destino Eu brinco de música Eu sou música Para uma dor imensa Música Para alegrar Música Para quem já está alegre Música Para coração partido Para brincar com o filho Música para balançar o vestido E quando quero falar com Deus Oração Mas para tocar em Deus Música O mundo na palma da mão Tudo mais perto, muito perto Quando fecho os olhos E canto uma canção Música para ter um amor Um amor sempre tem uma música Nenhuma despedida é em silêncio Tem barulho bom por dentro Chorar ou sorrir Música para qualquer tempo

Esquina

  Em uma esquina qualquer Está tocando Cazuza Voltei no tempo O tempo não parou Hoje vejo seu rosto indefinido Sua falta de sorriso Sempre foi assim Eu prefiro assim Hoje entendo Lulu E o tão falado bel-prazer Ando por lugares repetidos Os mesmos caminhos Adulto que vira criança Brinco em árvores, beijo plantas O sol está tão forte Ainda tenho dor de cabeça Cresci com todas as incertezas Com medo de gostar, gostar De todos os presentes, todos Que recebi da mãe natureza Vou e volto, volto e vou Para todos os lados Lado contrário, de lá Idas e vindas, tentativas Boas e tristes lembranças Gosto bom, ainda hoje, na garganta

Imperfeito

  Gosto do imperfeito Nada de roteiro Da pergunta inesperada No meio do choro Uma gargalhada Gosto de não saber o caminho Andar sem destino Não deixar pegadas Barco à deriva Sem bússola, sem guia Coração sem GPS Quando quero voar Viro pássaro Quando quero sonhar Acordo Sou do mundo, sou de todo lugar Fã liberdade Livre, solto Nado dentro da onda de uma canção Viajo nas páginas de um livro Sou amigo de todos, qualquer um Vivo de abrir portas E não sofrer com a solidão Minha regra é não seguir regras Quer dizer, só algumas Umas e outras, poucas Saber que existe o amanhã Mas deixar ele para depois Meu tempo é curto, curto, muito É viver para não morrer

Minha Vida

  Vou falar da minha vida De muitas tristezas De poucas alegrias Vou falar da minha vida Do braço quebrado Do choro apertado Do nariz escorrendo Tempo de criança Infância inesquecível Pés descalços, sem camisa Futebol na rua, dedão na guia O sonho de ser invisível O mais quieto da escola Medo da professora Mão para cima, posso ir ao banheiro? Ladrão de giz, recado na carteira Bomba na quinta série Nota zero em geografia Na merenda, comida ou besteira Adolescência Mais uma espinha Muitas dúvidas Nenhuma ousadia Corpo que vira e mexe Corpo que cresce Não existe noite, muito menos dia Ser adulto não é fácil Cada segundo fica pior Um piscar de olhos e... Tudo acaba, tudo acaba em nada Não adianta ter vontade Viver é um drama Qual é o peso da idade?

Olhar Preto e Branco

  Acabei de conhecer o seu olhar Em um lindo retrato preto e branco Seu poder agora está Aqui dentro pulsando E eu vou ficar, vou ficar Por um tempo, um bom tempo Em silêncio admirando Vou esperar suas palavras Primeiras palavras Convocando, ordenando Querendo saber meus segredos Todos os meus planos Um café ou qualquer outra bebida Em um encontro sem engano Você fazendo pedidos Pensando nos pecados Eu apenas pagando Agora é controlar Toda minha ansiedade Minha vontade de você Olhando do alto, salto no asfalto Só querendo ter prazer Vou esperar, estou esperando Sua boa vontade, o seu querer Acabei de conhecer o seu olhar

Papel de Bala

  Um papel de bala sem bala Dentro de uma gaveta Penso no sabor, o seu sabor Seu garrancho em um bilhete Depois de uma linda sexta De bom papo e talvez amor Música boa não envelhece Vive dentro da cabeça Igual todo e qualquer líquido Que sai do corpo quente Criando perigo, totalmente inesquecível Lembranças, todas lembranças Aquelas flores ainda estão no vaso Guardei sua foto, seu retrato Juro que vou mandar um três por quatro Filme do passado Perfume de saudade Pequenos detalhes, gestos Distantes, gigantes Ter boa memória é um defeito Mas que eu adoro ter E já decidi É com você que vou morrer Papel de bala sem bala Em uma gaveta Agora trancada

Beijo das Flores

  Gente, muita gente Enorme invasão Gente sorrindo, chorando Cantando, dando adeus Pegando em minha mão Falando do meu encontro com Deus O cheiro das flores A cor do fogo Amor e fé Céu e inferno Todos aos meus pés Minha melhor roupa Para ir e não voltar Para ter vontade e não contar O mistério além da vida O fim é o fim, o fim De todo mal, de toda ferida Quase sorrindo, quase dormindo Mas não fiquei no quase Fui cedo, fui tarde Fui...

Beijo

  O nosso beijo Na tela do cinema O amor não precisa de legendas Na tela do cinema Nossas melhores poses Nossas melhores cenas Proibido para menores Com maiores detalhes O nosso filme em cartaz Explícito, maldito, bonito Causando inveja, trazendo paz Quem vê cara não vê roteiro Tesão e pouco dinheiro Estamos entre os melhores casais Um bom filme Duas taças e um vinho Cigarros para relaxar Vamos daqui para Hollywood História sem fim História que vai continuar Luzes acesas Voltamos amanhã Na sessão das dez Nosso caso virou sucesso Campeão de bilheteria Nossa cara estampada Na capa da revista Trilha sonora, qualquer tema Nosso beijo na tela do cinema

Estrada

  Pela estrada Olhando para os lados, os dois Chuva, vento frio Mas nada fica para depois Amigos vão caindo Ficando pelo caminho Choro um dia, mas logo vou Não posso parar, eu não quero parar Tudo tem um fim Mas sei que ainda não acabou Conheci o mundo Fui até o fundo e voltei Rezei, chutei o balde Não sou uma fraude Vou continuar andando Amanhã não sei Conheci a fama Ainda conheço Olhares curiosos Ainda gosto, ainda percebo Camas e dramas Retratos, gargalhadas Minha vida é uma dança Arma branca sem lança Livre de mãos amarradas

Meus Olhos

  O céu, o mar Noite, natureza Lua cheia, sua voz Seu olhar, o meu olhar Continuo sendo O que não sou Guiado por seu amor O melhor caminho Meu destino Mais um passo Nunca sozinho Beleza que eu não vejo Que você sopra em meu ouvido, alma Gostoso é o tempo Todo tempo com você Meus olhos, coração Cada instante, sua mão Simplesmente viver De todos sentidos Tudo faz mais sentido O próximo passo Na segurança do seu abraço Do seu braço, eu vou Nas asas da imaginação

Luz

  O dia não é um bom dia Quando o dia não tem luz Coragem que vem do medo Quando o medo que conduz Fugir, o sonho é fugir Ou simplesmente sobreviver  Correr é o melhor remédio O remédio é não morrer Gigante de asas Carregue meu corpo Não abandone seu irmão Veja o tamanho da ferida Tristeza é pandemia Morte espalhada pelo chão O futuro termina na próxima esquina Maldade é uma arma química Não existe rosto, mas existe lágrima Toda tristeza guardada Dor de um povo, um povo Que não tem culpa de nada Crianças brincando Crianças procurando Seus pais, seus amigos Mãe sem o filho O ser humano é um perigo

Página

  Mais uma página Mais um capítulo incendiado Da minha nada nobre vida Segredo do passado Hoje nem mais segredo é Eu adoro contar, falar Agora sou outro Dentro do mesmo corpo O novo que aprendeu com o velho O velho que não morreu comigo Gosto do silêncio da noite Gosto de imaginar o tamanho do grito Roupas rasgadas, transformadas Poucas, boas doses de virada Páginas em branco sendo escritas O mundo conhecendo minha alma Minha cara, cara de pau Eu sou o tal, sou um artista Coração leve, leve tudo Que o vento leve Os sonhos mais absurdos

Dor

  Eu tenho dor Estou vivo Cansado, mas vivo Até quando não sei Não sei se sobrevivo O peso da idade Nem tanta idade assim Corpo que já não responde Muito menos obedece O futuro é logo ali Tudo que sobe um dia desce E quando tudo virar alma Vou andar tranquilo por aí Também vou bater asas Observar o mundo lá de cima Nem vou dormir, eu não Curado de todo o mal Eternidade é uma dança Não cansa, é sobrenatural Flores na despedida O ponto de partida Para o além, muito mais além

Prato

  No mesmo prato Que você comeu Vou devorar sua beleza Mastigar sua língua Seu sangue vou beber Fazer uma oração Agradecer ao pai O alimento recebido Engolir antes de morrer Os seus pedaços Ocupando todos espaços Dentro dos meus olhos Vou guardar seu retrato Dos pés, dos dedos Seus lábios em um guardanapo Sou um faminto Faminto, canibal Sou o seu destino O último ato O momento final Amor, retalhos Picotes, recortes Fragmentos O mundo é cheio De gente sem tempo E com fome

Ansiedade

  Eu tenho tudo E não tenho nada São tantas opções São tantas jogadas Estou em mar aberto Boias, botes, navios Indecisão que mata Que maltrata o coração Controle remoto, dedo nervoso Tela que sobe, que desce Impossível decidir Ação, suspense, comédia Contagem regressiva Tempo que resta Mundo que roda, roda Minha cabeça vai explodir Tenho medo de não acordar Prefiro nem dormir Pulo para o último capítulo Quero logo descobrir o fim Nada mais perigoso Para um ansioso Do que esperar um sim

Tarcísio Rei

  Noite e brilho Luz do sol Astro rei Pelo caminho O destino Galã das seis Vida de novela O melhor papel Realidade ou ficção Cada expressão Capítulo de amanhã Todo dia é dia Dia de ser galã Uma história sem fim Luz, câmera, ação Emoção Silêncio que fala Olhar que fala Várias caras Um só coração

Padre

  O Padre não gosta de rock Não gosta de pop Mas gosta do Papa O Padre não gosta de música Não vai para praia Mas gosta de pobre O Padre é solteiro O Padre não tem medo Vive sozinho Não gosta de barulho Não fica no muro Troca água por vinho O Padre não come carne Não faz tatuagem Não ouve Legião O Padre não grita Não gosta de política Mas precisa apertar a mão O Padre é fiel Promete o céu Para quem se perdeu O Padre é humano Tem o comando Mas não é Deus

Som

  Gosto de ouvir o som O barulho bom do seu coração Que bate tão diferente do meu Gosto da sua alma Andando pela casa Puxando minha mão Gosto de cada palavra Que sai da sua boca Sua língua envergonhada Do seu abraço de boa noite Tudo em você, de você em tudo Aqui dentro de mim De trás para frente De frente para trás Gosto de qualquer jeito Gosto sempre um pouco mais Aqui dentro de mim O barulho das suas palavras Minha alma envergonhada Seu abraço, sua mão Sua casa é dentro Dentro do meu coração Gosto de ouvir o seu som

Pequeno Gigante

  Estou armado Indo em sua direção Com minha língua ferina Para falar todas e boas Para sangrar meu coração Vou pisar em seu pé Seu calo, eu não me calo Você vai ouvir, vai ouvir Minhas últimas palavras Todo o meu desespero Antes do meu corpo cair Vou dar um nó em seu coturno Um soco em seu saco Indignado, não é revoltado Sou pequeno, mas não sou fraco Eu também sou da guerra Eu também sei lutar Engula todos seus enganos Não acredite em minha cara de anjo Tenho apenas dez anos Mas sei bem o meu lugar Estou armado Indo em sua direção

Profetas

  Na tela do cinema Cenas do passado Para envergonhar os presentes Um filme sem fim Direto, sem rodeios O ser humano é um equívoco Um enorme fracasso O pior projeto O chamado erro crasso Vou levar flores Para o meu túmulo Arrependimento mata Eu já estou morto Morra você também Para depois nascer de novo Céu ou inferno Seu lugar está reservado No trono de Deus Ou no caldeirão do Diabo Todos em fila, mãos para cima Sangue saindo do rabo O miserável na miséria O salvador e o falso profeta Quem sempre viveu da desgraça Alimentando com veneno Quem nunca teve nada

Mar

  O calor do mundo Sob meus pés No chão de areia Açougue de Deus Mãe natureza Turma da fumaça O gosto da caça Prazer de escolher Sal que alimenta O prazer Filhos do sol Braços abertos Mar de sensações Pouca roupa, boa Beijos e saudações Praia, casa Cada lugar Gente abusada Deliciosamente quente Hora de entregar Ao som do vento Dunas, movimento Não canso de olhar O seu olhar Sorriso de maresia Som da noite O tesão é guia Rima da nossa poesia De amor O calor do mundo

Solteira

  Mãe que também é pai Que entra no lugar Daquele que fugiu Mãe que agora é pai Que ocupa o lugar Do safado que não assumiu Mãe que vale mais Que qualquer pai Pai que não quer mais O nome disso É qualquer coisa Qualquer coisa menos pai Mãe solteira, simplesmente mãe Super, super, super mãe Pai de enfeite, pai ausente Melhor sozinha, sempre Do que ao lado de um fantasma Em forma de gente Pai de uma noite não é pai Filho qualquer um faz

Mulher Natureza

  A natureza é uma mulher Com seu vestido verde Selvagem e delicada É preciso respeitar Pedir licença para tocar Entender o sim, entender o não Cachoeira de emoções Sangra, chora Brilha na escuridão Água, água Água doce, perfume Salvação do planeta Rios e lagos Tempo e espaço O furacão é o vento Sem controle, fazendo estragos Árvores de braços abertos Galhos abraçando o céu azul Força de um corpo nu Curvas e montanhas, beleza Toda reverência, mãe natureza Chão que abre sob seus pés Reino, Rainha, mulher

Dedos

  Irmãs de corpo e de alma No labirinto dos prazeres Numa esquina quebrada Dedos de namoradas Passos, passes e oração Gritos de uma noite sem perdão Carinhos e caminhada Juntas de mãos dadas Elas Elas enganaram um menino bobo Enganaram os seus olhos inocentes Enganaram por uma vida inteira Elas Atrás da cortina de fumaça Um amor e duas raças O desejo proibido, escondido Doces máscaras Flores do mesmo jardim Agora e depois do fim Mais além, muito mais além Da imaginação para o sonho Lábios hoje tão risonhos Em qualquer lugar Onze mil virgens Liberdade para amar

Imperfeitos

  Quantas palavras escrevi E não aproveitei Quantas poesias fiz E não publiquei Quantas músicas ouvi Não suportei, desliguei O som do rádio Numa viagem de carro Pensando em você mais uma vez Eu sempre soube Que não daria certo Dois seres imperfeitos Procurando perfeição Somente em conto de fadas Ou na tela da televisão Mas, talvez tenha faltado um algo mais Um pouco de insistência Um beijo fora de hora Uma conversa sem pressa Qualquer coisa Agora é tarde Estou indo embora Acelerando para voar Para o infinito, para o mar Sem meio termo, sem volta Sem nenhum medo Choro lágrimas que não tenho Dou adeus e vou, vou Rumo ao desconhecido, decidido Agora sim acabou