Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Deixo Para o Fim

  Você conhece o melhor de mim O pior eu deixo para o fim Faço caras e bocas Finjo que engano você Minhas loucuras e dramas Escondo, não deixo transparecer Será? Aos seus pés sou um Santo Pelas costas um demônio Atrás da porta eu fico Espiando, criando conflito Você conhece o melhor de mim O pior eu deixo para o fim Minha cabeça na parede Minha boca com sede Raiva guardada, camuflada Veneno na mente Pétalas pelo caminho Facas e espinho Trapezista sem rede O perigo nunca está sozinho Olhar penetrante, inferno de Dante Você conhece o melhor de mim O pior eu deixo para o fim

Festejos

  Começaram os festejos Balões soltos pelo ar Eu te amo Desde o terceiro olhar Mais um ano, mais um Escrevendo histórias Nossas memórias Aqueles longos telefonemas Teorias e teoremas Na Praça da Árvore sem árvore Um beijo confirmando tudo Contando tudo Eu queria altar Você pensava em fugir Casamos, juntamos Fotografamos cada detalhe Mãos dadas, filhos Madrugadas Beijos, amor, separação Distância também é lição Nem sempre juntos Mas sempre de braços abertos O bom de ficar longe É depois correr para perto Melhor do que falar É poder sentir

Todo o Tempo

  O tempo Como diz o poeta Não para Maltrata, isso sim O tempo Um carro desgovernado Passa por cima Volta e atropela de novo Com todo o gosto O tempo Conta-gotas da vida Cada pingo uma partida E quem fica é devorado Tempo voraz Ontem é sempre um nunca mais O tempo É o vento que não faz curva Que chega e derruba Traz e leva toda sabedoria Máquina que arrasa, tritura Viver não é fácil Mas pode ser uma boa aventura Boas lembranças Outras para serem esquecidas Pessoas queridas, despedidas O tempo é um cisco no olho do mundo

Festa

  Quando eu morrer Quero festa, muita festa Quero mentiras sinceras Sorrisos falsos, choro escandaloso Crianças pedindo biscoito Todos falando bem do morto Quando eu morrer Minha melhor roupa Aquela que eu nunca usei Sem um puto no bolso Muita gente, muita Enterro só depois das seis Quando eu morrer Vou conhecer minhas qualidades Saber que fui um gênio Um talento fora do normal Pena que em vida Só escutei o silêncio Um silêncio sepulcral Quando eu morrer Juro que compareço De corpo presente Depois pode chegar, venha visitar Eu vou estar, juro Sempre no mesmo endereço Naquele lugar Amanhã, Já não sou mais ninguém Vou fugir dos pensamentos Vou ser esquecido por muito tempo Talvez lembrado por alguns Mas é assim que acontece Um dia morre, depois amanhece

"Mim" Amigo

  Homem de brinco Cara de índio Menino do asfalto Pelos e cabelos Pelo jeito, todo jeito Gosta de dançar Uma dança estranha Perturbando meu olhar Apitando o perigo Trazendo o aviso Hoje vai ter disco Animando florestas Festas, parando guerras Eu gosto dessa tribo Movimento do mundo Tudo é som, tudo tão bonito Toda cor, toda dor, alma de índio O sentido real da vida Viver e não machucar ninguém Não criar ferida Homem de brinco Cara de índio "Mim" amigo

Praça Sem Graça

  Nessa praça sem graça Pombos, crianças Mulheres e guardas Nessa praça sem graça Velhos brinquedos Agora minha nova casa Rodei o mundo Fiz minha vida por aí Já tive cabelo colorido Fui pai, fui mãe, fui filho Hoje danço essa dança Da tristeza, da solidão Nessa praça sem graça Animais e plantas O meu coração Chuva, lua, sol Meu teto, meu céu Hoje ainda sou atração Artista sem palco Quadro sem parede Sou calor que brota do chão Já fui um sonho Eu ainda sonho E tento sobreviver

Inocente

  Tão inocente Descobrindo malícia Frases bonitas Que eu nunca imaginei Louco da vida Agora eu já sei Tudo, sei de tudo Segredo revelado Nunca mais vai ser Daquele jeito, jeito Que era antes de eu nascer Posso, posso morrer Feliz, mas querendo voltar Quando não sabia Não entendia Essa malícia em seu olhar Menino, menina E o sabor da fruta Na cama, no céu Quem sabe até na rua Suas palavras sensuais Na letra de uma música Estou olhando o dicionário Sinônimos e rimas Para disfarçar todo desejo Para ninguém perceber Muito mais do que o beijo

Canção de Amor

  Uma canção de amor Também é uma canção triste Um velho doente Esperando um milagre Ou um velório cheio de gente Existe, isso existe Uma canção de amor Nem sempre fala muita coisa É gravata apertada No pescoço de uma girafa Toda carta de despedida Também é bonita Quantos "eu te amo" Você ouviu e acreditou? Pense rápido, muito rápido É tão estranho o tal do amor Melodia doce, palavras duras O silêncio é escuro Uma rosa sozinha ou com suas primas Coroas, flores, enigma Amar não cansa, não cansa Todo mundo sabe disso Até mesmo uma criança Uma canção de amor É uma canção triste

De Amor

  Um choro sofrido Mais que o normal Lágrimas em cima de um piano O pranto natural De quem não conhece o amor Várias cicatrizes No corpo, na alma No coração uma espada Vida completamente sem cor Todos os dedos Marcando o rosto Vergonha que não tem fim Não é medo, não é nada Eliminando marcas, manchas Trama de terror Não conhece o amor Muita vontade De não ter vontade Morrer para esquecer Fechar os olhos, dormir Faca, revólver, veneno O contrário de parir Para ficar na memória Para virar exemplo Por todo o tempo Lágrimas em cima do piano Lágrimas de sangue Tinha apenas um plano Conhecer o amor

Como a Gente Quer

  Mirou a paz Acertou a guerra Mirou o fim Iniciou o conflito Deu adeus Mas ainda está vivo Nem tudo é Como a gente quer Nem tudo é Quer dançar Mas não tem par Quer fugir Não tem para onde ir Tentou correr Tropeçou antes de vencer Nem tudo é Como a gente quer Nem tudo Plantou amor Colheu tristezas Jogou moedas Ficou devendo Pensou no céu Acordou no inferno Tem fome Mesmo comendo Nem tudo é Como a gente quer Nem

Fantasma

  Tenho medo de fantasma Mas adoraria ver o meu amor Que partiu sem dar adeus Foi embora e não mais voltou Tenho medo de fantasma De alma penada Mas daria qualquer coisa Por mais alguns minutos Para observar seus olhos lindos Esquecer o luto Pode chegar, pode entrar Não precisa nem bater Vou acordar com sua luz Não repare se eu chorar Quando você descer Vamos cantar uma canção Conversar com a alma Abraçar com o coração Tenho medo de fantasma Mas também odeio a solidão Conto com sua presença Usando branco, flutuando Pés longe do chão Não precisa ser todo dia Pode ser um sim e outro não Um dia serei o seu fantasma

Meu Carnaval

  Mês do Carnaval Brilho sensual Todo charme, todo drama Os sinais de uma dama Passarela da vida Nas noites frias No quente dos seus olhos Gosto da maldade A flor da sua idade O livro dos nossos dias Todas as versões de você Todas as canções e o prazer Sua voz em meu ouvido Suas palavras dentro de um vidro Para guardar e ouvir, ouvir e beber Embriagar e morrer Morrer em seus braços de Pietá Sob seus saltos de Pinah Em seus doces lábios Sou um qualquer ao seu dispor Sou um fraco

Geração

  O tempo passou Aquela nova geração A boa geração Ainda não chegou O tempo passou Nada mudou, nada O mundo anda tão preto e branco Os ratos beberam toda água Um vento, um sopro Um gosto de liberdade Somos observados Todo o tempo, o tempo todo Não acreditamos na maldade No túmulo da vida Eu sou apenas uma flor Uma lágrima perdida Vivo dentro da dor Algemas nos pés e nas mãos Estamos nus Com vergonha dos olhares Com medo das reações Seguimos todos os padrões O tempo passou E nada mudou

Beleza

  Sua evidente beleza Água do mar, céu azul Seu olhar que atropela Faz o norte virar sul De ponta cabeça, minha cabeça Uma explosão de ideias Minha melhor ideia Namorar seu reflexo Em noite de lua cheia O sol que rouba seu brilho Mas nada é mais bonito Que o original Que brota de sua alma Que agita qualquer calma Cinza que vira carnaval Sua torcida é tão fanática Grito de gol da arquibancada O mesmo charme De um belo gol de placa Uma música boa O balanço da rede Tudo tão suave, tão leve Com você é tudo tão leve Líquido que mata a sede

Defeito

  Qual o meu melhor defeito? Qual você mais gostou de consertar? Qual eu nunca vou melhorar? Diga, diga logo, diga para mim Quanto tempo demorou Para você decidir? Quanto tempo você pensou Antes de dizer sim? Sei que muitos alertaram Colocaram uma pulga atrás de sua orelha Admiro sua coragem Amar uma pessoa cheia de erros Muitos e muitos erros Ninguém é perfeito Sou um quase nada Com você agora sou tudo Nos completamos, nos ajudamos Somos os melhores do mundo Nossa imaginação é fértil Nosso caso cada vez mais sério Flores e bombons Para quem faz o outro feliz Entre lutas e guerras Tristezas e festas O maior dos sentimentos O amor com lente de aumento Gratidão

Coração Partido

  Coração partido Um grito sem voz Estamos a sós E não podemos nos tocar Coração partido Dor que nunca vai passar É luto, escuro, fora do lugar Sem rumo, dor Até um novo amor Quase morte Com o corpo quase vivo Arrependimento é castigo Entender o erro e perceber Não repetir, nem magoar Quem ainda ama você Um gole para ter coragem Coragem de mentira Não acredito no céu Mas daqui vejo o inferno Paixão que ressuscita Montanha-russa da minha vida Um coração partido Precipício, suicídio Canção com assunto definido Coração partido

Cor do Sol

  Não conheço a cor do sol Mas gosto de sentir Seu poder pela manhã Seu charme antes de dormir Entrego meu corpo O arder do fogo Triste é a noite sem seu brilho Mas ele vai voltar, eu sei Depois da madrugada Ele vai estar lá Todo lindo no mesmo lugar Minhas costas, meus braços Qualquer pedaço de mim Salve Deus sol! Salve quem diz sim Universo que conspira Que faz eu continuar caminhando Viva o ar, viva a vida O calor sob meus pés Até o frio chegar Mesmo assim ele está lá Todo lindo no mesmo lugar Quem é o Rei Da selva, dos homens, do céu? Estou aqui, aqui Meu sol, meu farol

Édipo

  Édipo cansou da mãe Agora ama Suzane Que ama Narciso Que ama o espelho Vida é assim Nem sempre é fácil Nem sempre é desespero O amor é tenso O amor é penso O amor é líquido O amor é corpo O amor é pó E tenha dó, tenha dó Quem ama não é amado O amado também é coitado Pedindo beijo, pedindo trocado Nem tudo é perfeito Nem tudo é Nem tudo é perfeito Édipo, Suzane, Narciso e o espelho E mamãe? Mamãe ainda com medo

Garrafa

  Estou preso dentro de uma garrafa Virei bebida, virei cachaça De boca em boca, algumas mesas Na mão de um pobre homem Em uma rua, em uma praça Estou preso em uma garrafa Meu mundinho é tão fechado Enxergo tudo, não toco em nada Sou o vício da pessoa embriagada Não sou sólido, sou líquido Deixo qualquer um mais bonito Dois ou três goles de mim Dia vira noite, noite não tem fim Sou água, aguardente Mato a sede De quem quer ficar quente Agora sou alegria do alegre A coragem do corajoso O gosto amargo que desce Estou preso em uma garrafa Dando risada de piada sem graça

Dor

  A pior dor É a dor do outro Não posso sentir Mas consigo perceber Pena não ter o poder De tocar e curar Tocar e tirar Toda dor que machuca Pena não ter o poder De aliviar seu sofrimento Ser o bálsamo, o remédio Um chá milagroso A pior dor É a dor do outro Quero ser o seu sono perdido Sua paz, seu sorriso O seu dia mais feliz Eu apenas queria ter A mão de Deus, de Deus Para você parar de sofrer Feche os olhos, relaxe Tudo vai melhorar Amanhã vai ser outro dia Amanhã vai ser mais suave E quando a dor apertar Pegue em minha mão Cada um do seu jeito Vamos juntos rezar

Choro

  Ando chorando Por qualquer coisa Por qualquer motivo bobo Vivo emocionado Por qualquer música História de amor Até mesmo uma piada Ando chorando Por qualquer coisa Por quase nada Choro do corpo Choro da alma Choro que cura Choro que mata Ódio e amor Dentro da lágrima Chorar de rir Rir até chorar Choro de tanto viver Choro depois de sonhar Chorar não é fraqueza Fraqueza é não transbordar Quando o sertão virou mar