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Mostrando postagens de novembro, 2021

Mês Vinte e Três

  Mês vinte e três Dia cinquenta e dois São sete luas, três sóis Gente que chegou depois Tudo diferente Noites quentes, óbvio Beije minha boca É o último dia Não temos mais vida Não existem mais flores O futuro é um passado Sem nenhum motivo Estamos perdidos No tempo, no espaço Não vamos morrer Apenas acabar, sim Deixar de viver Parece tudo um sonho Mas ninguém pode provar Capítulo de um livro Página repetida para decorar O som das nossas vozes Em palavras e estrofes Mês vinte e três Dia cinquenta e três

Amor de Almério

  O amor Nunca sai de moda Antigamente ou agora Música para os meus ouvidos Falo eu te amo aos gritos Ou nos versos de uma canção De um poeta morto Viveu muito em poucos Anos dentro de uma paixão Amor Sem cor Com todas Forças do céu Do mar que vem Que vai Na areia da praia Na base do olhar É minha forma de amar Amor É dedo na ferida Chegadas e partidas Nem tudo são flores Mas eu adoro assim, adoro Um trem desgovernado Sou eu apaixonado O amor É uma mentira bem contada Eu nunca cobrei a verdade

Brinquedo

  Brinquedo roubado Dinheiro trocado Tudo faz chorar Relógio atrasado Beijo negado Tudo faz chorar Revolta, desgraça Tapa na cara Doença rara Vida amarga Eu vou chorar Toda lágrima é salgada Tristeza explode na madrugada Quando não existe mais palavras Eu só sei chorar Nem tudo é alegria Nem tudo é risada O que vem depois da gargalhada? Vaso sem planta Música do Nando Feijão no pote de sorvete Morte do mocinho Falta de carinho Adeus em um bilhete Quero ver não chorar

Desejo

  Do seu lado eu vejo Quantos lados têm um desejo Passos largos eu dei Todos em sua direção Agora que alcancei Sei o quanto é bom O bom de estar sempre Ouvindo sua voz Sentindo suas mãos Quanto tempo vai durar Isso eu não sei, não sei O importante é aproveitar Nos braços, no colo do amor Um amor Vai do zero até o prazer Nas noites quentes Nas noites frias que ficam quentes Um cigarro para relaxar Depois um pouco mais O fogo que está na gente Do seu lado eu vejo Quantos lados têm um desejo Quem não sabia Agora sabe Quem não conhecia Agora conhece Todo encontro É um encontro marcado Agenda do destino Tudo programado

O Tempo

  Na janela fico olhando o tempo Por um instante passa tão devagar Olho seus cabelos brancos Que não param de chegar Sinto o sopro do vento Continuo olhando o tempo Em silêncio gosto de observar Seu sono, sua paz Lá fora está tão frio Sopro meu café quente Fico aqui esperando Seu despertar, seu sorriso O amor é sempre motivo Para continuar vivo No rádio aquela canção Que você não consegue ouvir Eu também não É choro na certa Lembro cada festa Importante é estar ao seu lado Antes que seja tarde, tarde demais Carinho sempre é bom Amanhã pode ser nunca mais Já virou noite Hora de dar boa noite Daqui a pouco eu volto Para olhar se está tudo bem Está tudo bem Ainda bem

Bala de Mimimi

  Bala de hortelã, de iogurte Bala de fuzil Gosto amargo de Brasil Sempre fui alvo, a mosca Nunca chorei, quase nunca Mas não desisti Nem fiquei de mimimi Guarde sua esmola Não sou coitadinho Na quebrada sou forte Fora dela também Não fico reclamando de tudo Sou filho, sou fruto De toda sorte para seu azar Bala de hortelã, de iogurte Bala de fuzil Gosto amargo de Brasil Meu textão é na prática Poucas palavras, fé e raça Não seja o chato O mundo não vai mudar Tire essa bunda do lugar Ninguém falou que seria fácil E assim é muito melhor Nem precisa ter dó Bala de hortelã, de iogurte Bala de fuzil Gosto amargo de Brasil

Meninos

  Os meninos estão correndo Fazendo vento, o vento Os meninos estão lutando Tentando segurar o tempo São meninos, apenas meninos Agora estão brincando Fazendo revolução Sempre existe um plano Tomando sonho no gargalo Rosto sorrindo, retrato Não, não é pecado Movimento, estão em movimento Os meninos estão correndo Fugindo da guerra, aprendendo Água, bolinha de sabão Qualquer brinquedo Os meninos são passarinhos Não sabem de nada Mas adoram ficar sabendo São meninos, pequeninos Futuro incerto, tão perto Vai ser assim, por toda vida Meninos gostam de aventuras Brincadeiras de rua Guris e Cazuzas Meninos, são meninos Troféu de menino é um sorvete Jogar bola no gol sem rede

Paredes

  Atravessando paredes Com flores nas mãos Solidão em noite quente O beijo é uma ilusão Momentos de tristeza Morto que ainda tem um coração Um caminho sem volta Sem chão, sem resposta Quero viver das glórias Que nunca vou ter Mas não custa nada querer O próximo passo Sempre tão desconhecido Sempre tão necessário Cada dia tão pequeno Para tanto espaço Estou ferido Eu fui ferido Faca sem ponta Em meu umbigo Atravessando paredes Estou correndo perigo

Estátuas

  Não brigo com estátuas Muito menos esculturas Não sou louco Não cheguei aos pés da loucura Não persigo o perseguido Não chuto cachorro morto Não ofendo pessoas Nem rabisco o touro Essa gente é tão estranha Essa gente é esquisita Finge gostar de pobre Mas prefere capa de revista Não quero saber De falso bonzinho O solidário sem pecado O perfeito certinho Vilão e herói Herói de hoje É o vilão de amanhã Depois tudo muda Vice e versa É tapa na cara Chute na bunda

Lua Mãe

  Lua cheia Luz Cheia de luz Mãe Acabou de nascer O mundo é azul É todo seu Filho de Deus De qualquer Deus Leve o amor Todo o amor Abra seu coração Lute com força Seja força, paz Verdadeiro irmão O fruto Vida própria Toda glória Seu caminho Destino O fim sempre está Atrás da porta Quando apaga Nada fica Apenas lembranças Alegrias e feridas Nada em vão Nada foi em vão O mundo é azul E o universo é todo seu

Crime e Castigo

  Crime com cara de acidente Marcas de um amor indecente Deixamos muitas pistas Culpados sem culpa Filhos da enorme loucura Embaixo da roupa A faca do queijo A droga em um beijo Beijo louco de língua Eu quero sempre mais Nós queremos todo dia Dinheiro que não vale nada Mas paga muita entrada Portas arreganhadas Corte de navalha O sangue já não é mais vermelho Perdeu o sabor e o cheiro Eu aceito o seu desespero O tiro desmanchou o seu cabelo Nosso pacto está desfeito Você morreu primeiro

Ódio

  No espelho o desejo Vontade que faz sofrer Seu ódio, sua raiva Matar para morrer Sangue nos olhos Sangue nas mãos Desalmado Para o ódio não existe perdão O grito em silêncio O silêncio do coração O arco-íris tem só uma cor Para quem não conhece o amor Motivo é não ter motivo Desejo assassino Lágrimas de crocodilo Felicidade que incomoda O problema é estar vivo Arco-íris monocromático Pare de ser problemático O amor é qualquer cor

Vontades

  Todas suas vontades Eu tento, eu faço Eu corro, eu morro Para fazer suas vontades Todos seus desejos Faço loucuras, sou louco Muito louco E ser louco é pouco Você pede flores Eu mando um jardim Você pede dinheiro Eu mando um cofre Você pede palavras Eu sou um dicionário Faço tudo, tudo Tudo que agrade O seu agrado Sou mais que religião Sou fé Força que protege Seu corpo, sua alma Que faz seu sorriso sorrir Por isso estou aqui Aceitando, obedecendo Vontades e caprichos Até mesmo os seus castigos Para todo choro Existe um lenço Aqui em minhas mãos

Zumbido

  Você não sabe Mas eu sei voar Por todos cantos Por cima do mar Disfarço minhas asas Com uma camisa de força Que os homens de bem Escolheram para eu usar Toda dor do mundo É curada pelo céu azul O cinza tem seu charme Mesmo não sendo blue Noites são escuras Sem nuvens, sem avião Estrelas e suas pontas Em cada ponta um coração Saiba que eu sempre vou estar Sobrevoando sua cabeça Seu pensamento pecaminoso Eu vou, vou Ser um zumbido em seu ouvido Você não sabe Mas eu adoro voar Por lugares desconhecidos Vejo gente rica E um povo sofrido Um dia levo você comigo

Roda-Gigante

  Na roda-gigante da vida Todos os seus olhares Sempre por cima, do alto Do alto de um salto quinze Todos os seres do mundo No fundo são seus escravos Não precisa falar duas vezes Não precisa nem falar É muito fácil entender Eu já entendi Sei o que você fala com o olhar O tamanho do seu prazer Eu sei, juro que sei Faz ventania com seus tapas Sua suave mão pesada Seu tiro molhado em minha garganta Sou tudo que ela sempre quis Estátua, vaso e planta Na ponta dos pés Uma dança sensual Meu corpo para o seu corpo Bailar, desfilar, deslizar Daqui do chão O céu parece distante Mas está mais baixo que o seu poder

Cañas

  Ana Anda sobre os trilhos Desafiando o trem Brinca de ser bailarina Fala tudo com rima Pura e Santa Muito louca também Ana Canta Belchior Grita poesia Sua linda risada Nem sempre é alegria Gosta da maldade Toda noite, todo dia Sua vida é novela Nas horas vagas é vilã Procuro Ana no mapa Acordo seis da manhã Saio em disparada Sou o rei da caça Vontade que não passa Sorte ou azar Azar de quem não está Sob os seus pés Ana Diaba, maltrata Perfume de mulher No carro um cigarro Sexo e um trago Com quem ela quiser

Flor de Caetano

  Fio da navalha Carnaval ou valsa Garfo ou colher Filho do meu filho Menino e o mar Nos braços do avô Caetano em Salvador Fio da navalha Dinheiro ou cartão Gil usando branco Cantando sua canção Ateus não dão adeus Na manjedoura nasceu Pobre viveu Fio da navalha Livro ou revista Dica de amor Foice ou martelo O bom professor Foi Foi em Guadalupe O som apagou Nunca mais tocou O tiro errado acertou Anjo negro morreu Fio da navalha Para onde eu vou?

Pena

  Pena que não é para sempre Pena que o para sempre Não vai ter você e o seu sorriso Pode ser hoje, amanhã Ou quando Deus quiser E ninguém sabe quando ele quer Pena que não é para sempre Seu jeito de olhar e dar bronca Um dia vai virar saudade Apenas uma lembrança boa Mas ainda dá tempo É preciso correr Não esquecer que o amor Ainda vale, ainda está valendo Antes que seja tarde Nunca é tarde Para quem ainda está vivendo Faça de um fato Uma linda história Faça de um momento Algo inesquecível na memória Seja alegria, seja inesquecível Vida é curta, muito Então curta, muito

Árvore (Imaginei Nando Reis e Marília Mendonça cantando)

  O relógio biológico despertou Já estou olhando no espelho Meu amor verdadeiro O cabelo não está mais como antes Muitos fios estão em minhas mãos Lá se vão cem anos Sem que eu tenha dado um passo Tem dia que sou do beijo Em muitos outros, muitos Eu preciso mesmo de um abraço No jardim plantei uma árvore Hoje está tão gigante Gosto de outras plantas Rosas e algumas orquídeas Terra, água, semente Tudo que vou deixar é vida Fortaleza também cai Com o sopro do dragão Tem hora que é fogo Mas o fogo é o alimento do coração Eu sou o tempo, imortal Reino do céu, natural

Nosso Sol

  O mesmo sol Na nossa pele Nenhuma queimadura é igual Você morde, fere Instinto animal Corpo que arde Muita maldade Quem não gosta Não conhece o prazer De enlouquecer Uma história bem contada Nem precisa muita lábia Apenas alguém disposto Não vire o rosto Deixe o sol queimar Nunca estamos no mesmo lugar Todo beijo tem um objetivo Bem claro e definido Todo astro tem o seu brilho Sua luz faz o meu caminho E quando tudo virar noite Seja lua, maré cheia

Entender

  Vou contar meus passos Na areia branca de uma praia Em uma manhã de outono Vou conversar com Deus Agradecer, tentar entender Sei que tudo tem um porquê O som do mar como resposta Pássaro que passa e não volta Você está em cada vento que sopra O sal para curar feridas O tchau nunca foi uma despedida Quando busco palavras, emoção Quando o tempo maltrata, oração Quando a saudade machuca, lágrimas Qualquer instante de solidão Sua presença aqui dentro Na memória, no coração Meus braços estão abertos Caso um dia queira voltar Ou então espere, espere Logo eu vou chegar Ofereço rosas e versos Todo meu amor eterno Vou contar meus passos Na areia branca de uma praia

Sonho

  Fiquei esperando Milho aos pombos Você passou e eu corri Escorreguei, não alcancei Você passou Tentei, não consegui Por que tanta pressa? Vai tirar o Paul McCartney da forca? Qualquer assunto, preciso falar Sobre todos estes anos Você está sempre em meus planos Eu vou, Vou esperar No mesmo lugar No mesmo sonho Nessa vontade de estar Esperando você chegar Cor do seu cabelo Cor indefinida Imagem não nítida Nunca corri tanto Vou continuar esperando Sem medo Vou contar segredos

Cabelo e Unha

  Guardo cabelo e unha Guardo o tempo Todo o tempo que passou Guardo meu reflexo Guardo noites tristes Todo o medo que ficou Eu não quero esquecer de mim Eu não quero Eu não quero esquecer de tudo Esquecer é ponto final É o fim, é o fim Meus erros, meus acertos Minha louca história Último fio de memória Tristeza é uma droga Confundo palavras, nomes Qual é o seu nome? Vou perguntar só mais uma vez Depois de novo, de novo Quantas vezes já nem sei O vazio é branco Parede sem porta, sem janela Ter e não saber

Sorrir

Bombas explodindo O céu tão vermelho Crianças feridas Briga por comida Motivos para chorar Mas ainda prefiro sorrir Não sei para onde correr Não sei para onde ir Mas eu ainda posso sorrir Feras soltas pelas ruas Sangue pelo chão Doentes morrendo Bandeira sem nação Mas ainda posso sorrir Eu prefiro sorrir Mesmo sem ter para onde ir Árvores tombadas Mar engolindo a cidade Chuva de areia Gritos de desespero Tristeza e medo Mas eu posso sorrir Sorrir eu ainda posso Essa é a realidade Mesmo sem saber para onde ir

Morri

  Sinto informar Mas eu morri Foi em uma noite quente Um acidente Eu não resisti Sei que já não gostava Tanto assim de mim Mas agora eu morri Pode falar bem É assim que todo mundo faz Depois de morto Todo pecador vira Santo Toda moça é boa O safado vira um bom rapaz Quem diria, eu morri Perdão não ter avisado antes Mas foi tão de repente Fui pego de surpresa Morrer assim não é todo dia Da próxima vez, eu juro que aviso Prepare sua melhor roupa Venha sem pressa Vai ter choro, piada E muita conversa Morri, eu morri Foi num instante Janela fechada, porta aberta Não volto tão cedo Agora tenho todo o tempo Tempo de outro mundo Eu morri

Cigarro

  Rosa, preto, verde Minhas cores na parede Também sou da guerra Vermelho sangue Anjo, animal feroz Fogo que não apaga Vou sambar em sua cara O seu sofrimento, sua dor Minha gostosa tara Mais um cigarro Juro que é o último Devoro plantas e frutos Quantos dramas, quantas camas Noites no escuro Um filme sem legendas Idioma indefinido Sou uma Torre de Babel O inferno é o meu céu Dia cinza é tão bonito Não queira entender Você não vai conseguir Sou um cofre Aqui o Santo é forte Você pode dar até mil passos Que eu vou alcançar Não cumpro promessas Dá mais um cigarro aí

Cinza

  Flores em minhas mãos Flores tão lindas Ninguém merece receber Pessoas mortas nas esquinas Sigo meu caminho Por tardes frias, tão frias Em bares e padarias Pingas e vitaminas O verde na cidade Tem sempre um tom de cinza Vejo fumaça lá na frente É fogo criminoso O criminoso está solto Apenas almas vivas Acabou uma família Pai abraçado com sua filha Para ter sangue É preciso ter corte Para viver um pouco mais É preciso ter sorte Quem não tem oportunidade Está mais perto da morte Não tenho motivos Para sorrir, prefiro fugir Cada lágrima que cai Um anjo que vai O inocente que perde perdão Morre para servir de lição Flores em minhas mãos Ninguém merece receber