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Mostrando postagens de junho, 2020

O Tempo

O tempo que machuca, só machuca O tempo que maltrata, só maltrata Não faz bem, o tempo não faz bem Só estraga o que parecia ir mais além O tempo tão cruel não tem dó Desfaz o sorriso inocente do menino Que lembra um tempo tão bonito Vou amarrar os ponteiros Jogar toda areia da ampulheta no mar Rasgar calendários, girar o planeta para trás Que tempo é esse? Ficar parado não vai adiantar Nem fechar os olhos Toda foto está no passado Todo passado é uma história Por pior que seja, sempre tem um momento de glória

Pai

Do outro lado do espelho Por outro caminho Sei que está tão perto Mesmo longe dos olhos Não, não fique triste por aí Você não vai voltar, eu sei Eu sei, eu sei que logo vou até você, te encontrar Então prepare o terreno, abra espaço Vamos brincar com o tempo Vamos correr contra o vento Juntos, sempre juntos Naquelas suas visitas Em meus sonhos mais estranhos Como era antigamente Saudade desse tamanho Juntos, sempre juntos _ "Casou no dia de São Pedro Morreu no dia de São Pedro Descansa no cemitério São Pedro E o nome dele era Alcides"

Imaginário

O retrato está crucificado na parede Não é uma foto, é um desenho Olhos azuis olhando para mim Tenho respeito, mas também tenho medo Medo, medo, medo Desce aqui, quero você no chão Aqui comigo, ao meu lado Venha ser meu amigo imaginário Imaginário, imaginário, imaginário Quem tem fé, Tem um amigo imaginário Vou procurar o soldado desconhecido Ficar em silêncio para escutar o grito Eu acredito naquilo que não vejo Mas ainda tenho medo Quem tem fé, Sempre tem um amigo imaginário

Maestro

Som que invade minha sala Meu quarto, toda minha casa Minha alma O som dos dedos, do movimento Um robô com coração Robô também tem coração Uma nota, umas notas Nada mais importa Regente da minha canção Na varanda, Vento que refresca Meu rosto, memória Converso com plantas, conto histórias Trilha sonora, canto dos pássaros Música ocupando o espaço Até o anoitecer, anoitecer E quando vem o silêncio, sofrimento Teclas de um piano Sabedoria, cabelos brancos Aplausos, choro Homem também chora Quando o maestro vai embora

Ela

Eu sigo os seus passos Atravesso seu caminho Viro capacho para os seus saltos Grito aqui sozinho Perco minha voz, minha fala Diante da sua beleza Fico sem jeito, um pouco sem graça Mas logo passa, tudo passa Só não passa meu amor louco por você, É certeza, pode crer Uma música simples e direta Para explicar toda complexidade do seu olhar Que vive invadindo meu corpo Deixando um gosto, um sabor de mar Vamos, vamos brisar Toda chuva que cai, um pingo de vida, esperança Vou para rua ficar molhado Esperar você na próxima esquina Fazendo charme, fumando um cigarro Adoro esse seu ar de menina Vou destruir todo seu jardim Quebrar os seus vasos Quero tomar bronca Ouvir palavrões saindo da sua boca Ser apresentado aos seus pecados

Gil do Brasil

O sangue em suas veias Sangue de todo brasileiro Sou fã, sou freguês, sou ouvinte Bom gosto, cheio de requinte O brilho das estrelas, sua estrela Fé que nunca falhou, nunca vai "faiá" Da janela mando um abraço Gosto de ver o seu moço indo trabalhar Sítio amarelo, refazenda Olho para o céu e vejo palco Meu artista favorito, o seu grito, emoção Drês ou Drão, Super-Homem, uma canção Não choro mais, vivo de paz Pra você guardei amor Um domingo qualquer Em um parque do meu Brasil Vou em procissão Dançando xote, ouvindo Gil

Condenado

Fui condenado Agora vou pagar em liberdade Vou ser dono dos dias Não vou passar vontade Estou solto, completamente solto O que fazer? Preso nesse mundo louco Grades imaginárias Os carcereiros estão no poder Tenho todo o tempo Que não cabe em minha mão Tempo que eu não vejo Mas sinto ele passando, Voando Os pássaros também são livres Sou um pássaro sem asas Rastejando por todos os caminhos Acompanhado de solidão Toco minha flauta, junto todos os ratos Ratos são sujos, mas sabem o caminho da salvação Quem explica o inexplicável? Ser dono dos sonhos E não ser dono de nada Sempre tão difícil, Contar os segundos em horas quebradas

Dias Estranhos

Dias contraditórios, estranhos Todo dia tem cara de domingo Esquisitos como um erro de português Que parece tão normal Meu pensamento é o caminho de um peixe E aqui divagando percebi Peixe quando nasce bebe água, não toma leite Fiz tanta gente chorar Hoje sou eu quem chora Agradecimento Minhas lágrimas não secam Nem com o sol, nem com o vento Gosto de mostrar os dentes Para os homens bons Nas capas dos discos Os meus melhores rabiscos Escritos de mais uma canção Tenho medo de tanto ódio Desses anônimos linchadores Sou da paz, mesmo não criando paz Confundo perguntas, falo palavrões Não sou tão bom como o Pelé Com o perdão da rima fácil Não sou cristão, mas tenho fé

D2

Quero um mundo melhor Mas nem sei se existe Quero tanta coisa Ou apenas sorrisos O amor dos meus filhos Acreditar em Deus Que Deus? Será que ele também existe? Sou descrente, sou assim Mas não sou triste Plantei de tudo nessa vida Agora vou colher O que se planta dá Muita coisa está verde Melhor assim, eu vou fumar Cometi meus erros Em um passado distante Parece até que foi ontem Na base da porrada, aprendi Apesar do medo, sorri Medo que fez eu mais forte, fez eu correr Minha história vou contar Em livros e discos antes de morrer

Yuka

Quem fechou seus olhos? Quem levou sua luz? Vítima, eu sou vítima Todo mundo é vítima O culpado não é Deus O pecado está ao lado Do seu lado, do mesmo lado O sonho sepultado, mais um filho que morreu Festa dos penetras Dos que estragam o prazer Sua arma está dentro de você Pare de apertar o gatilho O sonho não é proibido É preciso renascer Lágrimas de sangue Vida de mãe também é chorar Rezar de joelhos, pedir, implorar Remédio contra sofrimento Nem o tempo, nem o tempo

Modinha

Não sigo moda Não gosto de moda Não sou da moda Não confunda moda com tradição Moda passa, tradição fica Moda vira vergonha Tradição vale para o outro dia Minha roupa rasgada Meu cabelo despenteado Minha boca cheia de palavrão Já não é mais moda É tradição Flores, Flores para sua tradição de morrer Todo dia um pouco Moda é sobreviver Nesse mundo louco Na passarela da vida Vários destinos Você pode até chorar Não fique no quase Aprenda a lutar

Portas

Muitos olhares, muitos sorrisos Portas abertas, portas fechadas Corpos sem almas Mistérios, gritos do coração Zumbis atravessando ruas Quem vê cara, Não imagina o tamanho da confusão O vento leva, empurra Todos para o fim do caminho Veneno, tiro ou precipício Quem morre nunca vai sozinho Não solte minha mão Ainda existe uma chance, não custa tentar Desistir de tudo é fugir sem sair do lugar Parecia tão bem Algumas palavras Depois o silêncio Depois do silêncio, nada Como não percebemos sua luz apagada? O fim sem anúncio, mas com hora marcada

Pena

Pena de morte Pena, uma pena Perpétua luta do pobre Que morre todo dia E acorda pensando ser mais forte Em todo lugar felicidade Mas nem toda felicidade é igual Nem todo mundo tem motivo para sorrir Sorrir sem motivo é fundamental Para distrair o medo, deixar o tempo Afastar o temporal Por todos os lados Esquinas, quebradas Flor que nasce no chão rachado, asfalto quente Poder de adaptação Coragem é mais do que obrigação Mais uma cerveja É fim de semana No domingo macarrão com frango Cenas de periferia Muito papo, pouco pano Alguns "Eu te amo"

Herói?

Eu falo o óbvio Viro herói Falo o que todo mundo quer ouvir Sou aplaudido É fácil, muito fácil convencer Falar bonito, sem um grito Sou especialista em enganar Só mostrar os meus dentes brancos É como jogar milho aos pombos Milho aos pombos Abraços falsos e sorrisos amarelos Agora é a vez do mais esperto Granada, Puxo pino e não olho para trás Consigo meu objetivo e não quero mais Mais, mais uma turma enganada Agora é ensaiar mais um discurso Falar mentira com cara de verdade Alinhar o terno, arrumar minha gravata Duas ou três palavras Você cai como um pato, um patinho Todo safado tem um cúmplice Ele nunca está sozinho Cuidado! Cuidado! Cuidado com papinho furado O tiro de misericórdia Está na ponta da caneta Assinando o decreto, o contrato Eles gostam mesmo da intriga, da discórdia Uns estão na praia e outros estão no mato

É Chico

Driblando censuras e censores Falando de lutas, amigos e flores Do Brasil, seu Brasil, o Brasil Da língua, sua língua, professor Poeta de junho, letrista, cantor Cantou o canto do seu país Daqui ou de lá, pátria Viagem forçada é viagem que o corpo não quer chegar Seu olhar com cor de bandeira Tristeza que vai passar, já passou Alma livre e leve igual o amor O sonho resiste, e quem não desiste Sabe que a luta não acabou Nunca Poesia sem grito É Chico, é Chico

Minha Voz

Nem sempre gosto de ouvir minha própria voz Repetindo frases que eu mesmo escrevi Falando desse meu coração vago Da saudade que causa lágrimas E nada é tão ruim do que ficar longe de casa Da pessoa amada Falar português na terra do inglês Cansei de pagar para ver Minha indecisão agora é certeza Amo você Vou cantar embaixo da estátua da Liberdade Para lembrar que não estou preso Mas quero ficar ao seu lado Bem acolhido e guardado Dentro do seu peito Eu amo você

Canastrão

Um ator canastrão De um filme de quinta Cheio de pose, fumando um cigarro Fazendo cara de coitado Em qualquer esquina Uma história mal contada Um plano não revelado Tudo baseado em fatos reais, Tudo baseado Durante o dia mira o sol Pela noite acha que é estrela É apenas mais um, qualquer um Que não tem brilho, Nem eira e nem beira Embaixo do seu tapete vermelho Muita sujeira Embaixo do seu disfarce Da sua pose de bom moço Um vilão de mau gosto Sua sede pelo poder É veneno que engasga Maltrata, mata por dentro Você está morto faz tempo

Morrer

Eu quero morrer Depois de ouvir um eu te amo Eu quero morrer Depois de ver o brilho dos seus olhos Repartir felicidade Já posso morrer, agora posso Depois de escapar dos seus braços Envolventes e perigosos Reze por mim Morrer depois dos seus beijos É terminar em paz Com o dever cumprido, sem trauma Sem nada mais E quando eu morrer Todo mundo vai perceber Um sorriso no rosto Morrer com o gosto Com o sabor do prazer Morrer e renascer Todo dia um pouco Um pedaço de mim Alma que sai do corpo E vai morar em seu coração

Minha Cadeira

Minha cadeira anda fazendo tanto barulho Tudo está tão diferente Quarenta dias agora são três meses Estou perdido no tempo Eu sempre tão analógico, digital algumas vezes O disco da semana passada Virou plataforma de lançamento É tanta coisa, tanta coisa Que nem mesmo eu entendo Live de um vivo mudando de vida Sem plateia, sem aplausos, mas ainda com vida O meu som atravessando fronteiras, atravessando telas Com traje de gala, roupa fina Aventura virtual, real Parece cena de novela Vou cair em sua prova de vestibular Sou uma das alternativas O assunto fora de contexto Vou alegrar você, sou o remédio Enquanto uma vacina não chegar Vou proteger seu corpo, seu lar

Eu Te Amo

Já falei "eu te amo" De todos os jeitos Alguns mais sinceros Outros nem tanto Hoje eu tenho mais cuidado Com que eu falo, Eu falo Algumas vezes eu grito Até me precipito Mas o que seria de um romântico Sem lua, sem pranto Sem chão para mergulhar Hoje, Primeiro pego na mão Pergunto se quer voar E no cair da noite Cruzamos olhares No céu, por todos os mares Amo quando você ama Quando você deixa eu te amar Eu amo Não importa o barulho O som do mundo Vivemos em nosso mundo Mundinho fechado Só nosso Nada melhor do que sonhar acordado

Ferida

Porta trancada, pesadelo O amor ficou do lado de fora Junto com o cidadão de bem Medo de quem? Quem tem medo? O belo virou fera, animal Dor do corpo, dor da alma Lar sem paz, Lar sem paz não é lar Ela só quer viver, sobreviver Qualquer tapa é morrer Morrer um pouco por dia, Covardia Na saúde ou na doença Dia que não termina, Noite que não acaba Desgraça sem fim Juras, Onde estão suas juras? Conviver virou tortura O dedo na ferida, ferida Sorriso falso, beijo no asfalto O gosto é o mesmo, gosto amargo Lágrimas, São tantas lágrimas Que lavam o rosto O desejo é roxo Sonhos agora são monstros

Meu Filho

No fim encontrou paz Agora não chora mais De olhos fechados enxerga seu filho Ainda tão bonito, encontro de sorrisos, Beijo de mãe Não precisa mais gritar Morte é amor, Para quem morre, não para quem matou Flores do jardim Pisoteadas, maltratadas Mas deixando no ar Cheiro de liberdade Perfume que ninguém controla Não adianta proibir Porta aberta para entrar sem bater Por enquanto é saudade Prato vazio, toalha no chão Quarto ainda igual Música que nunca parou Roupas espalhadas pela casa Recolher, reclamar, pensar que nada mudou Mãe, Amor de mãe Só quem é mãe Sempre vai ser mãe O reflexo no espelho O filho sempre primeiro

Pão

Acordo bem cedinho Pois sei que meu caminho Não é fácil, nada fácil Não sei voar, não sei Ruas, estradas, obstáculos Nunca deixei de lutar Meu destino é logo ali Só dobrar duzentas esquinas Mas um dia eu volto, volto aqui Trens sobre os trilhos, Sol que já está ardendo O sonho de buscar um sonho Indo contra o vento, movimento Nesse deserto cheio de gente estranha, dor tamanha Mesmo assim tudo tão lindo Enquanto existir infinito Vou indo, indo, indo Nem todos que eu vejo estão vivos Somos todos filhos Cigarros e discos Cenas em preto e branco O pão já está ganho

Capuz

Já não enxergo como antes Não tenho mais tanta força Saúde fugiu do meu corpo Toda noite o mesmo grito Mais um soco no estômago Ainda vejo o mundo de ponta cabeça Minha vida ficou ao contrário Não sou mais o mesmo Angústia se mistura com medo Sobrevivo e não faço mais aniversário Gosto amargo, cheiro de morte Triste é não poder sonhar Na pista sem pista, aeronaves Passagem para o inferno Sofrer antes de chegar Banda tocou, mãe chorou Mais um filho sem lar, sem paz Na frieza dos porões Falsos patriotas sem corações Não existe luz embaixo do capuz

Cento e Doze Ideias

Uma ideia, várias ideias, muitas ideias Cento e doze ideias Mirabolantes, fora do comum Ideias diferentes, ardentes Com sorrisos e planos, são ideias Uma lista delas Na mente e no papel, ideias Uma mais louca do que a outra Ideias novas, ideias velhas Vamos para Marte? Uma semaninha ou um bate e volta Ou você tem uma ideia melhor? Pense alguma coisa Escreva a lápis para depois apagar Caso queira reescrever os sonhos Pois todo sonho brota de uma ideia Que brotou de algum lugar Temos milhões de planos Dos mais ousados até os mais simples Podemos escrever um livro em alemão Ou uma poesia sem rimas Aprendemos com o diabo O jeito certo de amassar o pão

Bala de Hortelã

Bala de hortelã, dia de médico Mamãe puxando pelo braço Melhor correr, estamos atrasados Vamos de ônibus Criança não paga passagem Mamãe fala da vida Enquanto filhinho cochila Um doce na volta da viagem Mãe e seus passos largos Menino parando por tudo Bronca não adianta Abraça cachorro, conversa com plantas Chegamos tão tarde Já é quase hora da janta Papai com fome reclama Xinga, mas diz que ama Briga de casal, tão natural Inocentemente só sei sorrir Agora quero meu brinquedo Um copo de leite antes de dormir Lembranças de um passado, tão bom Deitado naquele banco, olhando o céu azul O chão rachado, meus pés descalços Futebol com qualquer bola Na rua sem asfalto Fazer um gol e correr para o abraço

Rimas

Gosto de rimas fáceis Lixo com luxo Dor com amor Não gosto de palavras difíceis Eu não arrisco Não sou Caetano, nem sou Chico Vou abrir o dicionário Em uma página qualquer Entender o significado da vida Depois procurar saída Seguir com minhas pobres rimas Poesia para agradar mulher Já disse que não sou Buarque Não sou bom nessa arte Fazer o difícil ficar fácil Cantar paralelepípedo Sem tropeçar, sem engasgar E nem perder o ritmo Vou desafinar canções Rasgar o verbo, todos verbos Queimar cartilhas Vou tirar seu nome da minha lista Quem sabe apenas um papo reto

Contrários

Você ama Eu odeio Você odeia Eu amo Você é tão diferente A gente é tão diferente Assim mesmo a gente se entende Gosto do doce Você do salgado Sou do fast food Você da comida no prato Nosso amor é assim Somos apaixonados Não somos iguais Nem precisamos ser Sigo pela direita Você do outro lado Respeito é o segredo O segredo está no contrário Flor ou bombom? Noite ou dia? Carro ou bicicleta? Cachorro ou gato? Garrafa cheia ou vazia? Não andamos em linha reta

Fromer

No ônibus do destino Indo e vindo, uma festa Festa medieval, amigos Saudade sinônimo de amor Amizade que não se compara Que falta faz, que falta você faz Uma dupla, uma banda, uma equipe Nossos cabelos coloridos na torcida É gol de time campeão Gol do nosso time Palavras nos jornais, nos papagaios Palavras certas, nas horas certas Talento nato para o drible Correndo para o abraço do irmão Ideias não usadas também são importantes Suas ideias estão anotadas Guardadas com sua letra feia Junto com os discos na estante Bem no meio da sala Até quando esperamos derrotas Aconteceram vitórias Inesperadas, mas comemoradas Fomos para rua de mãos dadas com o Mestre Relação interrompida, alegria guardada Dentro de mim, sempre dentro de mim O tempo que passou não importa Mais uma vez vou falar de amor, atemporal Iguais todas nossas glórias Somos o sol da manhã Dois velhos, dois velhos titãs

Silêncio

Não gosto do silêncio Quanto maior pior Não gosto do silêncio da sua boca Nem de quem cala sua voz Como diria o poeta Silêncio é medo, causa medo O grito entalado na garganta Engasga e tira todo o ar Toda vontade de viver Som é luz, é caminho certo Grade que se abre Liberdade antes de morrer O silêncio é cinza Tão solitário, solidão Nada solidário, amargo Retrato três por quatro Triste de alma e coração O silêncio do irmão Machuca meu ouvido Cega quem não enxerga Ganância que atropela O sonho do menino