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Mostrando postagens de julho, 2025

Inocência

  Eu choro de beleza Choro pelas palavras finas Lindas de um poeta Que já partiu Eu choro de beleza E tenho pena Um dia vou crescer Vou perder toda inocência Não quero não O cantor da minha infância Ainda canta, ainda dança E eu aqui chorando Querendo ser criança Um poema perdido Num caderno do passado Riscos e rabiscos Desenhos coloridos Giz de cera quebrado Eu choro de beleza

Tarde Demais

Quantas palavras não ditas Encontros adiados Oportunidades perdidas Nem chegadas, nem partidas Hoje não Amanhã talvez Agora é tarde Não vai ter outra vez Quero tomar em seu copo Quero olhar em seus olhos Quero deitar em seu colo Não posso mais Vou doar suas roupas Guardar suas lembranças Abrir seu cofre E os seus segredos vão ficar aqui Aqui dentro de mim Uma fila enorme Estranhos conhecidos Gente lá fora aos gritos Todos estão atrasados

Nosso Segredo

  Segredo bom Compartilhado Segredo bom Prazer imaginário O gosto O gosto do lado errado E você sabe Tudo, quase tudo O suficiente O que a gente sente Você sabe como é Você sabe muito bem Nossa alegria Que não é compreendida O que isso importa? Nós gargalhamos Enquanto o mundo chora Nem tudo tem preço Mas o que tem eu pago Qual é o preço das boas memórias? Por você tudo eu faço Nosso segredo Um sorriso tímido no retrato

Teto

  Conto rachaduras no teto Observo lâmpadas, insetos Vivo, sobrevivo esperando o fim Sim do infinito O momento mais bonito Um dia mais que especial Cante para mim Cuide dos meus pés Fale do passado Vamos sorrir Só mais uma vez Pela última vez Na janela vejo um pássaro Um avião Penso nas melhores palavras Escrevo versos Derradeira canção Nem fome, nem sede Um pouco de medo Sou areia da ampulheta O que resta de tempo Contagem regressiva para outra vida

Partidas

  Fico aqui pensando Lembrando Dos que não estão mais aqui Dos que eu vi partir Isso sim é saudade Gente de perto Não tão perto Gente do coração Conhecidos, desconhecidos Amigos de outra encarnação O mundo acaba Para quem morre Quem fica vive e sofre E lembra, e pensa E tenta entender Eu juro que tento Só não sei esquecer Sorte que ainda posso sonhar Com olhos lindos Olhos que estão em outro lugar E eu continuo aqui pensando...

Ator

  Um bom ator Em seu melhor papel Disfarçando vontades Criando personagens Nuvens escondendo o céu Duas caras E mais algumas outras Outras coisas O que ninguém imagina Poucas e boas Disfarçando a alegria Mocinho, mocinha Galã e vilão O bonzinho, o canastrão Várias faces de um artista O palco e a vida E só você sabe De tudo, cada detalhe O pano suave que desce Corpo que estremece O que dá prazer E por isso, só por isso Eu pago para ver

Tela em Branco

  Viver é um drama Que infelizmente chega ao fim Viver é um monólogo Um show solo Não existe bis Viver é não ter paz Nenhum descanso O mundo é cruel Não existe Santo E por tudo isso é bom É muito bom Uma tela em branco Obra prima Romero Britto ou Michelangelo Quadro sem moldura Risadas e prantos Viver é beijar a face de um estranho Viver é correr Mesmo sem nenhuma pressa Para chegar onde não interessa

Elefante

  Eu lembro de tudo Não esqueço nada Desde sempre Desde minha chegada Nesse mundo estranho Nesse mundo cheio de palavras Lembro de cada frase Ditas, bem ditas Algumas mal ditas Eu lembro de tudo Lembro também de gente De tanta gente Que passou e ficou Que só passou Que apenas olhou Eu lembro Pode acreditar que eu lembro Memória de elefante Que vive e guarda Cada instante Que recupera o passado Para usar no momento exato Então, já vou avisando É melhor tomar cuidado

Espelho

  Não sou o seu retrato Sou o seu espelho Toda sua coragem O seu medo Sou exemplo O que você deve ser Escute o que falo Veja o que faço Preste atenção Agora pode ir E quando quiser voltar Volte, estou aqui Juro que também vou escutar Em dias normais Pode contar comigo Em todos os outros Muito mais O caminho mais bonito Nem sempre é o melhor Siga o que eu digo Quero seu bem Sei que você tem um destino Mas tenho tudo a ver com isso

Conexão

  Nosso silêncio fala muito Fala tudo E ninguém percebe Nossa conversa é no mudo Nossos olhos alegres Você diz sim Eu respondo também Você olha assim E hoje tem Amor por telepatia Amor de Wi-Fi Nossa conexão é mais que sintonia Estamos atentos aos sinais Nenhuma palavra Separados pela paz (Que não existe) Um belo sorriso Explica o que não tem explicação O que ninguém pode ouvir Gritos do coração

Vange

  Antes que o sol apague Antes que seja tarde Vou declarar o meu amor Antes que o vento leve Antes de um até breve Para sempre seu protetor Nos jardins das nossas casas Na nossa rua Lembranças felizes Apesar de dias estranhos Alguns até tristes Na escola jogo de bola Você dando o fora Guardando minha culpa Nossos discos na vitrola O medo de ir embora Na noite preta de chuva Janela aberta Trinco quebrado Espalhando sua força Sua coragem, seu legado Choro olhando os nossos retratos

Banquete

  O faminto não precisa de um banquete Um copo d'água já mata sua sede Quem tem pouco não quer muito Quer apenas sobreviver A pior dor do mundo Dor de quem tem fome Doença silenciosa Corpo que não dorme O invisível que todo mundo vê Enxerga e não quer saber O melhor alimento O que está dentro Do corpo da alma E que o tempo Acabe com o sofrimento O faminto não precisa de um banquete Divide o pão O amor com tanta gente Ainda fome Ainda sede

Ana Cañas

  Céu aberto Luz Solidão por perto Minhas escolhas Desejos e roupas Aprendendo viver O brilho das ruas Asfalto quente São só meninas Saltos e esquinas Aprendendo viver Entre os carros Sonhos e ratos Vida louca Poucas e boas Na frieza dos fatos Na loucura dos atos O pecado E hoje tudo que sei Billie Holiday E se um dia cantei Billie Holiday

O Seu Olhar

  Você fala com o olhar E diz muito Palavras de ordem Qualquer ordem E claro que eu escuto Engulo seus absurdos E gosto muito Você mostra o que quer Dentro do seu silêncio Suaves movimentos E eu entendo tudo Faço tudo No exato segundo Sei como agradecer Sei cada palavra que vou usar Que posso usar Sei o que você aprova O que mais adora O que ama ganhar Para bom entendedor Eu já entendi Adoro essa nossa forma de amor Você fala com o olhar E que olhar

Copacabana

  Colocou seu vestido de noiva E foi ao supermercado Escolheu umas frutas Comprou mistura Pagou com uns trocados Colocou seu vestido de noiva E foi para a praia Pegou ondas Deixou rastros E também algumas pegadas Colocou seu vestido de noiva E foi andar de bicicleta Enfrentou ladeiras Correu nas retas Colocou seu vestido de noiva E foi procurar um amor Olhou para os dois lados Mas nada encontrou O sonho não acabou Colocou seu vestido de noiva Foi para Copacabana Respondeu um anúncio Não teve tempo para mais nada Nem um adeus Simplesmente morreu

Uma Canção de Amor

  O tempo continua passando O tempo não dá trégua Passa feito foguete Atropela Diferente de você O tempo não para de viver E mesmo depois de tanto tempo Você ainda lembra de mim Não esquece jamais Com ódio ou amor Pensa, ainda pensa Sou sua falta de paz Não sei o que você entendeu O que está pensando Mas essa é uma canção de amor São palavras de amor E quando você dorme É meu rosto que não some O tempo continua passando E passando, passando

Asas

  Passarinho morreu Agora é livre para voar Para o infinito Para um novo lar Um lugar mais bonito Passarinho foi Para outros cantos Cantar outros cantos Cantar em outros cantos Apenas foi, e foi E aqui em meu silêncio Escuto sua despedida Sua viagem pelo tempo Asas cortando o céu Céu de toda cor Cor do luto Da paz, do amor O ferimento fechou Cicatrizou O passarinho agora é do mundo Dos mundos Outros planos

Pé na Porta

  Pé na porta É o poeta que chegou Trazendo palavras Algumas falas Poesias de amor Parece música Uma súplica Histórias bem contadas Uma oração narrada Os verbos, os versos Quase uma serenata O encanto de quem escuta Quem flutua nas emoções O que faz bem para a alma Suaves sensações Uma rosa por uma estrofe Um sonho que nunca morre Pé na porta O poeta tem nome Tudo vira poesia O pecado da noite quente O prazer da noite fria

Tragédias

  O amor é uma tragédia Um crime sem solução Obra de Nelson Rodrigues Um beijo no asfalto Rugido de um leão O amor é uma faca Cega, enferrujada Corta e machuca Algumas vezes mata O amor é uma calça jeans Confortável, mas toda rasgada Chama atenção E não protege nada O amor é um banheiro sujo Com cheiro de urina Mendigos em uma esquina Sujando, atrapalhando a via O amor é nojento...

Amanhã é Cazuza

  Minhas fotos pela sala Pequenas molduras Sou recordação em vida Saudade antes da partida Boas lembranças Péssimas lembranças O que vai ficar O que vou deixar Um pouco de mim Em cada coração O que vão falar por aí Um filme triste Uma taça de vinho Poemas ousados Artista no palco O que ninguém vai apagar Respeite quem tem dor Quem está sofrendo Quem ainda não acredita Quem também está morrendo Minhas fotos pela sala Saudade morando em casa

Uma Tarde de Cazuza

  Uma tarde tranquila Deitado na rede Olhando o trabalho das formigas Uma tarde tranquila Sem dinheiro Mas de bem com a vida Uma tarde tranquila Sem febre Sentindo a brisa Em berço esplêndido Longe do movimento Short, chinelo, camisa Tarde tranquila Quem é de paz Sempre precisa Cigarro e uma bebida Venha ser minha companhia Apareça qualquer dia Abrace meu abraço Pede daquele jeito que eu faço Em uma tarde tranquila

Nuvem de Cazuza

  Moro em uma nuvem Meio cinza, meio branca Na número quatro Perto do sol Perto dos outros astros É lá que eu moro Sou anjo torto Sou o vento, sou a chuva A raiva contida Um viajante e suas partidas Poeta que não morreu O beija-flor em seu jardim O que sopra uma canção Sou tudo, só não sou o fim Vou sobrevoar cabeças Incomodar acomodados Decretar sentenças Estou sempre presente Estou por todo lado Um brinde para quem sabe ser feliz (Quem soube) Um brinde para mim Tim tim

Vidas

  Onde eu estava antes dessa vida? Para onde eu vou? O que vem depois da saída? Onde começa? Onde termina? Quando acaba? Acabou Acredito desacreditando Em nada, algumas coisas Até em seu Deus estranho Em suas palavras Profecias vazias Anjos e Santos É preciso respeitar Quem acredita no céu Quem acredita no oitavo andar Vou num disco voador Para saber toda verdade Volto para contar tudo Inventar mais algumas coisas Confundir o mundo E que triste vai ser Fechar os olhos e não te ver

Medos

  Tenho medo do escuro Que a sombra provoca Tenho medo do silêncio De quem grita atrás da porta Tenho medo dos malucos Que querem coisas estranhas de volta Soturnos e os seus coturnos Sufocando sonhos Nem todos gostam das flores O prazer e suas dores Inimigos são bonitos Sádicos e cruéis Os piores instintos Minha voz não fala algumas línguas Minha boca não beija outras vidas Minha noite procura o dia Palavras malditas Discursos indecentes Loucos em palanques Governantes doentes Tenho medo de escuro...

Boas Ideias

  Qual é sua boa ideia Brigar pela paz Ou viver sempre em guerra? O mundo é cheio de contradições Ou aceita ou enlouquece Ou dá ou desce O inferno está cheio De pessoas bem intencionadas Palavras desnecessárias Ditas em horas erradas A entrada do labirinto É estreita e logo fecha Tem que ter cuidado Não precisa ter pressa A saída está logo ali Mas é melhor para quem erra Pedir silêncio gritando Um problema e tanto Mais um dia acabando E qual é a sua ideia?

Túmulo

  O túmulo mais visitado É de um morto Que viveu de qualquer jeito Foi feliz enquanto teve tempo Mas agora é apenas um morto Velas que acendeu Soprou Hoje não apaga mais (Nenhuma) Não tem sede Não tem fome Apenas dorme Depois de tanto acordar Muitas certezas Depois de tantas incertezas O nome completo Uma foto Duas datas Uma frase bonita Aqui jaz o início de outra vida A melhor roupa Uma elegância fria Hoje é sozinho Não tem mais companhia O túmulo mais visitado É de um morto

Carnaval

  Cartas de amor Bilhetes quentes Tudo vira canção Nas mãos de um poeta Um vadio, indigente Um pobre coitado na solidão E qualquer caso vira história Qualquer história vira nota Uma nota no jornal Um disco inteiro Falando de um casal Uma banda fazendo um som Cantando para uma multidão Intimidades na boca do povo Um povo cheio de tesão Cuidado com suas falas Com todas suas palavras Não abra todo o jogo Esconda o principal Ou vai virar sucesso Ou marchinha de Carnaval

IA

  Inteligência artificial Sem alma Não é nada Inteligência nasce Não é programada Nada substitui o talento O homem ainda é A máquina mais perfeita A melhor de todos os tempos Robô não chora Não dá risada Não tem sentimento Não deixa pegadas Só quem é humano sabe A emoção de receber flores Quem tem coração entende De paz, guerra e amores

Fada

  Riscos, rabiscos Folhas em branco Desenhos coloridos Um diferente sorriso Tão bonito Tempo passando Emocionando Na cara de todo mundo A felicidade do espanto Fada Está na hora Pode levar embora Que outro vem aí Muito mais forte Fada O amor é permanente Para sempre Não acaba Os anjos vão crescendo Ganhando asas Transformando nossas vidas Enchendo de alegria Nossos lares, nossas casas

Gente Estranha

  Você cobra opinião Posição Mas não aceita nada diferente Do que você quer Do que você gosta Do que você pensa Você acredita Eu não Eu digo sim Você não abre mão Essa sua democracia Tem cara de ditadura Quase uma censura Repressão É preciso respeitar Aceitar o outro lado O lado de cá Eu respeito o lado de lá Assim vamos vivendo Tudo tem seu tempo Ainda somos humanos Você é tudo que você reprova

Delírio

  O prato não está vazio Está cheio de lágrimas Mas também com esperança E o futuro é um caminho torto Quase morto O fim de uma estranha dança E simplesmente é viver cada dia Dentro do mesmo dia Sem saber como começa Muito menos como termina Realidade também é delírio O que sobrou do brilho Noites de prazer Dormir e esquecer Instantes de paz Pouco antes de morrer O prato continua vazio O grito não tem força O medo é sombrio E a vontade louca

Panos

  Sou um pouco de tudo Um pouco você Qualquer coisa O que dá prazer E toda inspiração Um olhar sem culpa Vontades absurdas Sei o que vou fazer Pedaço de pano Retalhos Seres humanos Sigo os passos Os traços Sei o que faço Espelho Meu espelho Quero ser igual Desejos e defeitos Alguns medos Ao natural E quem explica o que não tem explicação?

Mistérios

  Vida que tem os seus mistérios Que nunca vão ser revelados Nunca vão ser descobertos Vida que não quero Mas não tenho que querer É seguir tateando no escuro Sem saber o que vai acontecer E quem acha que sabe tudo Não sabe nada Nada de nada Chegou agora no mundo Já quer dirigir na estrada Nem tudo tem explicação Então não tente entender O mais difícil você já conseguiu Simplesmente sobreviver E o que vem depois Fica para depois Um livro bem escrito Mas longe de um final Ou não Ninguém conhece o último capítulo Apenas alguns recortes de jornal