Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2025

Mané

  Eu choro, grito Depois dou risada Sou uma planta Sou uma besta quadrada Faço escândalo Sou um escândalo Um estranho qualquer Um quase nada Realmente nada Insignificante Mané Meus erros absurdos Acabando com o nosso mundo Admito minha culpa Sei que isso não ajuda Mas é o mínimo que eu posso fazer Agora vou embora Sei que você nem chora Minha partida Não vai ter despedida Mas quem sabe um dia Eu possa voltar Para os seus braços O meu lugar

Cidade de Leoni

  Cidade grande Gigante E eu aqui uma formiga Olhando para cima Amarrada com barbante Mas não subestime Minha força Minha vontade de acertar Sei virar fera Sei bem o meu lugar Cidade grande Capacete para proteger Tenho fome Sou um faminto Mesmo depois de comer Faço silêncio Diante do barulho Sou o farol Que explode o escuro O movimento contrário Uma frase escrita no muro Grão de areia Cegando quem está na ventania

Despedidas

  Tenho medo de despedidas Das tristes partidas Da frieza dos fatos Dos que vão para nunca mais voltar Medo de simplesmente ficar Aqui tão só Conheci tanta gente De todos os tipos Bons amigos Cheios de histórias Mas que resolveram partir Sem olhar para trás Apenas ir Vento que leva Que não devolve nunca mais Onde estão todos? Onde todos foram parar? Tão triste esse papo de paz Fecho os olhos para enxergar Lembrar de cada um Cada olhar Dos que conheci Dos que tanto amei Onde estão? Não sei

Infinito

  E tudo que vejo Tudo que olho Só enxergo poesia No amanhecer tão lindo No azul infinito Tudo é poesia Nas pedras do caminho No sorriso do menino Até em gritos de dor No bailar de uma dança O último fio de esperança É poesia, é amor O segredo bem contado Língua no ouvido Sabor dobrado Tudo é poesia No olhar do apaixonado Eu quero mesmo É ser Belchior Cronista da cidade Que foge da realidade Nem de longe o melhor Mas bem distante do pior

Encontros

  O gosto bom de um encontro Marcado, por acaso Um encontro Olhares, nossos olhares Muitas palavras Sempre estamos prontos E quem dera todo dia Nossas alegrias O brilho dos sorrisos Apenas amigos E vamos de novo Tudo de novo Temos assuntos Todo o tempo do mundo De surpresa Ou com hora marcada Muitas e muitas Muitas risadas Falando mal Falando bem De qualquer um De alguém Somos artistas Da arte do encontro

Aquário

  O sonho do peixe É do tamanho do aquário E qual é o seu sonho? Uma volta pelo mundo Quatro cantos Um mergulho profundo Nas profundezas do oceano E tudo que não é visível Também está nos planos O ouro Que brilha, reluz Mexe com tantas cabeças Nem sempre é tesouro Engana os tolos Uma sentença Riscos e rabiscos No asfalto quente Palavras de incentivo Curando os doentes O poder nas mãos Nas mãos de tanta gente O sonho do peixe É do tamanho do aquário

Copo Americano

  No copo Americano Cerveja caseira, brasileira Cor de sol Um brinde para os amigos Para os inimigos Os que partiram cedo demais Paul na vitrola Jogando conversa fora Na mesa de bar Intelectuais unidos Molhando palavras Acalmando os aflitos Poetas declamando Suas poesias malditas Cantores cantando Suas canções esquecidas Aproveitando o tempo que resta Os melhores últimos dias de nossas vidas Crucificados Dentro de uma garrafa Atordoados Cheirando fumaça Copo Americano Sempre melhor que taça

Mais Que Boa Sorte

  Eu não tenho sorte Eu sou a sorte Sou vida Uma prova viva O meu sorriso é uma dança Uma criança feliz Correndo para os braços da mãe Cheia de amor e esperança E falando em amor A gente cria A gente inventa Para melhorar Disfarçar o sofrimento E eu adoro sofrer de tanto amar Sou do mato Da mata Sou uma floresta inteira A voz que canta, encanta Brasileira Sou o ai ai ai da sorte

Na Praia

  Tudo começa e termina Na praia, na praia Tiro o tênis, piso na areia Curo minhas feridas Faço minha graça Na praia, na praia Vejo poetas Cantores, amores Vejo minha linda mãe Na cidade do sangue O sol que castiga Abriga o meu coração Faço birra, mostro a língua Deito no chão Sou mais que um retrato Sou um fato Sempre falado, escutado Exageradamente exagerado Tudo começa e termina Na praia, na praia...

Destino

  O final é conhecido Mesmo antes de acontecer É o nosso destino Viver para morrer Tem dia que chove Em outros faz sol Todo dia é um bom dia Para despedidas Para ficar só Devorado Coração, olhos e boca Seu ego Sua vergonha Bem apresentável Vermes comendo sua melhor roupa O que você escreveu Nada vai apagar O futuro não chegou Tudo ficou para trás O nosso destino Viver, viver e acabar

Cada Um Com Sua História

  Imagino cada história O que ficou na memória Como foi em vida Toda vida Fracassos e glórias Uma boa pessoa Ou quase isso O que fez de bom O que não deu tempo de fazer O que era antes O que virou depois de morrer Aqui jaz Aqui o ponto final O fim dos pecados Fim dos erros Ao natural Será que ainda está aqui Ou em algum outro jardim? No calor ou nos braços De um ser sagrado Virou caso, virou lenda Um retrato bem falado Aqui jaz Um pobre, um coitado Um covarde O sem fé e o milionário

Parabéns

  Hoje seria seu aniversário Hoje é o seu aniversário Feche os olhos por aí Que eu fecho os meus aqui Vamos rir como antigamente Vamos dançar como antigamente Vamos sonhar Sonhar e lembrar dos velhos tempos Os nossos melhores momentos Onde tudo era tão simples E a gente era feliz Feliz Felicidade que não acaba Mesmo distantes Sigo molhando nossas plantas Cuidando do jardim O amor não termina no fim Os dias são lentos Alguns outros rápidos demais O que realmente não entendo Sua partida Mas hoje é Mais um capítulo da sua vida

Nosso Lar

  Cadeira no quarto Porta-retrato na cabeceira Amor intenso Traumas e medos Já é dia claro Som dos carros O pecado tem cheiro Classe e elegância Nossa humilde casa Onde tudo acaba Nossa esperança Disfarçamos os fatos Dos inimigos, da vizinhança Roupas escuras Almas nuas Cuidamos do jardim Nosso lar é assim Tristes Escondemos os filhos Somos tão bonitos Vamos chegar Até o último dia Não vamos ser descobertos Somos mais espertos O veneno é silencioso O contrário do gozo

Desgraça

  O amor Algumas poucas vezes lindo Outras muitas vezes não Fere, machuca Até mesmo mata O amor é uma desgraça Muita gente enganada Sofrendo pelos cantos Chorando nas madrugadas Coitado de quem ainda acredita Em histórias românticas Nessas bobas mentiras Paixão Um golpe do coração Mas tem ainda quem cai Nesse papo furado Nesse jogo roubado Amor Arma engatilhada O telhado esperando uma pedrada É melhor nem tentar Entre viver e correr o risco Prefiro a frieza da solidão Amor O olhar atrapalhado por um cisco

Djavan

  Não deixe para amanhã O "eu te amo" de hoje Acompanhado de flores E um cartão Todo dia é um bom dia Para ouvir palavras bonitas Coisas do coração Pressa Tudo passa rápido É preciso ter pressa E ir logo ao que interessa Ser feliz Um dia tudo acaba Aí pode ser tarde demais Pode ser nunca mais Escolha o alvo Mire e atire Acerte em cheio Bem no meio Pé na porta Antes de ir embora Não pense o que vão pensar Não pense no mundo lá fora Não deixe para amanhã Faça poesias, declarações Cante uma canção Cante Djavan

Incoerências

  Show de rock Em um convento Festa à fantasia Em um velório Choro de despedida Na chegada O sol batendo forte Na janela fechada Nem tudo faz sentido Nem tudo é bonito O jardim tem flores Mas também tem bichos O sucesso e o fracasso Andam lado a lado Repartindo sonhos Como cartas de um baralho Os espantalhos Não são inimigos dos pássaros São aliados Apenas ocupam o mesmo espaço Agora esqueça Essas ideias loucas Poucas e boas

Luiza

  Sou tudo e mais um pouco Tudo menos hipócrita E o que não gosto O que não faz bem Fica atrás da porta Encontrei todo mundo Mas não encontrei quase ninguém Incoerências dessa vida E nessa vida vou sempre muito mais além Quem melhor me vende Sou eu, sou eu Conheço bem o sucesso Não é bem o que quero E nem o que preciso Prefiro o tal de Jesus Cristo E todo dia escolho caminhar Mesmo sem saber onde vou chegar Só quero ser feliz Eu sou, eu sou A prova viva do amor Eu não estou só Hoje tenho voz

Carnaval

  Nem sempre sou igual Uns dias choro Nos outros faço Carnaval Brindo com copo de plástico Comemoro datas erradas Sou o maluco da pesada O que topa umas paradas Nem sempre sou igual Nem sempre sou legal Estudo o dicionário Para usar palavras certas Nas piores horas Gosto de pensar no ontem Porque não entendo o agora Cansei de tanta alegria Dos outros e da minha E esse negócio chamado vida Sou apenas mais um artista

Os Passos do Poeta

  Vou seguir os passos do poeta Vou para o Leblon Vou invadir uma festa Dançar com o garçom Quebrar garrafas Fazer uma cena Beijar velhas interesseiras Convidar para um cinema Vou sair sem dar tchau Declamar poesias em ruas escuras Vou para praia ver gente nua Observar o amor e outras loucuras Vou rasgar um blues Uivar nos telhados Tocar minha gaita Namorar retratos Vou fingir costume Viver longe do anonimato Vou ouvir o poeta E suas frases diretas Quebrar o gelo Vou ficar no meio Entre curvas e retas

Filho Meu

  Meu filho é Muito melhor do que eu Nem tem comparação Tem a calma que eu não tenho Nunca tive Tem o mundo na mão Meu filho Conhece o melhor caminho Traça seu próprio destino Sabe tudo que eu não sei O que nunca vou saber É tudo que sonhei Meu filho Encanta conhecidos Sorri para desconhecidos Amigo dos amigos Sabe conversar Não precisa de grito Não precisa gritar Meu filho Tem a bondade dos anjos Não tem vergonha do pranto Só sabe ser feliz Meu filho Ainda uma criança Mesmo namorando Não cabendo na cama

Sem Fé

  Não ter religião Ter fé E ser o que quiser Cada uma das cores Os bons amores O que a gente é Amor é afeto Múltiplo, sincero Trabalho em dupla Em grupo, sem consulta Honra ao mérito O pecado está nos olhos No mau hálito da alma Ninguém é culpado Paixão de apaixonado O ouro que é do tolo Já não brilha tanto Não sai do seu quadrado Acreditar Crer naquilo O impossível não existe Ousadia é amar Beijar Escapar do medo De mãos dadas É assim que a gente resiste Mesmo com cara de segredo

Ritmo Perfeito

  Pela rua Olhando céu Caçando estrelas Procurando lua Lua de mel E no fundo uma canção Trilha sonora Quem ouve chora Nossa emoção Uma flor por um beijo Sua voz no silêncio Amor desafiando o tempo E quem não acreditou O destino contou Toda verdade Toda nossa verdade O ritmo perfeito Ainda temos o direito De viver em paz Na beleza da paz E todo mundo sabe Tudo que a gente faz

Primeiro Olhar

  Quero sentir de novo O delicioso prazer De olhar seus olhos Como na primeira vez Vou voltar no tempo Para o exato momento Que o amor invadiu A paixão tomou conta O mundo cinza coloriu Tudo é bom Tudo é muito bom Mas nada se compara Nada tem a mesma graça Destino com hora marcada Nem tenho boa memória Só lembro dia, mês e ano O que tinha em cada canto A cor da sua roupa O tempo que parou Cada gesto seu Mas não tenho boa de memória Vivo voltando no tempo O primeiro encontro Quando nasci, renasci Fiquei sem palavras Quando apenas tive certezas Que a vida é uma caixinha de surpresas

  Da janela lateral Vejo uma esquina Uma criança tímida Plantas e animais Vejo nuvens chegando Meu povo cantando Vejo Minas Gerais O vento que sacode meu cabelo Balança seu vestido cor de girassol E essa dor aqui em meu peito É todo medo de um dia ficar só Vamos montar um clube Criar canções Escrever nos muros Procurar o trem azul Nos trilhos das estações Aqui é América do Sul De Milton, Borges e mais alguns Das mais lindas paisagens Das mais belas poesias Os heróis não envelhecem Nem os sonhos, nem os mestres Da janela lateral...

Amargos

  Reunião de amigos Os inimigos da sociedade Os mais odiados Abençoados na maldade Uma casa nada Santa Almas armadas Espinhos da planta Gritos na escuridão Acompanhados, juntos Dentro da mesma solidão O beijo tem gosto amargo Ordens que vem do alto Cortina de fumaça O tempo de vez em quando passa Protagonistas Segunda categoria Morte ou vida Noite e dia Liberdade esquecida Celas e grades Cada um com sua verdade

Luz

  Como eu queria Um abraço Mais um dia Ao seu lado Como eu queria Olhar seus olhos Sua alegria Sua mão na minha Não sei explicar saudade Mas sou especialista em sentir Mistura de tristeza com vontade De encontrar mais uma vez Só mais uma vez E mesmo que em silêncio Um, dois ou três Minutos com você Ainda bem que posso sonhar Ter seu rosto na memória Escutar suas palavras Amor que não foi embora Aqui está escuro Mas consigo enxergar Seu brilho, sua luz Que nunca deixou de iluminar Um dia vamos nos reencontrar

Em Cartaz

  Nossa história de amor Na tela do cinema Nosso caso Muito bem falado Um retrato três por quatro Uma boa história Nossa música nas melhores cenas Algumas quentes Outras ingênuas Dez minutos de aplausos Somos artistas Amados pela crítica Nosso tesão não é ficção É o outro lado da vida Comédia, romance Aventura Oscar de maior loucura No barulho dos nossos beijos Desejos e efeitos Ditando moda nas ruas Ainda estamos em cartaz

Analógico

  O amor é analógico É complexo Os seus mistérios O amor... Não tem inteligência Nem real, nem artificial O amor é burro É completamente irracional E lidar com o amor não é fácil Uma guerra de nervos Uma lista de recados Quem sofre sempre é O mesmo pobre coitado O coração Bate, apanha Como era antigamente Acertando os ponteiros Como qualquer noite quente O amor é analógico...

Rabiscos

  Cadernos que rabisquei Folhas que arranquei Versos que escrevi Lápis sem borracha Letras e palavras Tudo que gosto de ouvir No silêncio da infância Na solidão dos medos Tudo registrado O futuro lá no passado Não conheço todos os segredos E continuo escrevendo O que sinto, o que vejo Registrando o tempo Poesias virando canções Melodias criando movimento Não sou bom com outras línguas Procuro apenas algumas rimas Sou um cantor popular Faço alegria do povo Só sei cantar

Fim

  Todo dia despedida Todo dia fim da vida Finalmente sonhei com você E foi tão bom Fiz mais uma canção Lembrando do seu olhar Tudo que vivemos O que ficou para trás Frases roubadas dos livros Conflitos e sacrifícios Nunca vivemos de paz Também não entendo O motivo da distância Quando tudo mudou Quando viramos plantas Ainda temos tempo Para só mais uma vez Para minha última vez Sei minha hora Daqui a pouco Logo depois do agora