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Céu

  Seria tão triste Não ter céu, Não ter vida Depois do fim Seria triste Não ter nada Em cima do azul Não ter recomeço Encontros, reencontros Nem abraço, nem beijo Triste Não ter luz O túnel ser escuro Não ouvir vozes Atrás da parede Do outro lado do muro Acabar assim Do nada Sem hora marcada Sem chegada Que decepção Não rever pai, mãe Amigo, irmão Saber que fui enganado Que o outro tinha razão Minha teoria era furada Criei esperança Fui atrás da pessoa errada Não, espero que não

Simples

  Um dia sou simples No outro tão complexo Frente e verso, amor Vivo com fome, com sede Vivo com vontade de devorar Contar até três, Ou no dois dizer já Sou como qualquer um Mas também sou único O filho, o fruto Do passado sombrio Corra enquanto é tempo Sou leve, sou do movimento Sou calor em tarde de frio Sou confuso Igual meia-noite, igual meio-dia Mas caio em qualquer papo Caio em seu papo Qualquer lábia, uma boa lábia Não precisa nem armadilha Gosto de boas notícias Seja minha boa notícia Por favor, não desista Sei que não é fácil, nada fácil Um dia sou simples No outro tão complexo

Voltas

  O mundo deu tantas voltas O meu mundo mudou tanto Tudo volta para o mesmo lugar Tudo voltou, tudo volta Matei saudade do seu sorriso Sua alegria, seu riso Não resisti e falei Não resisti e contei Segredo, segredo E nem era tão segredo assim O perfume das flores Remédios para nossos males Todas nossas dores Assuntos proibidos Nossas conversas rendem um livro O tamanho do seu sonho É o tamanho do meu sonho Não tem hora, nem lugar Gostamos de imaginar Agora eu já sei Sua cor favorita, sobre sua vida Minha Rainha, eu sou Rei O destino nunca nos abandonou Nunca, nunca, nunca Nem eu vou te abandonar

Amor de Mãe

  O mar está tão agitado O mar agora está tão calmo A praia é o meu quintal Meu divertimento, minha brincadeira Sou amigo dos pobres, amigo dos ricos Sou o verdadeiro carnaval Observo ondas, mergulho Tiro areia dos pés Como biscoito, tomo chá Corpos deslizando, desfilando Água de coco, picolés Menino virou adulto Adulto com alma de menino Menino E lá na pedra Um cigarro, um beijo Um "eu te amo" nada sincero O pôr do sol é tão bonito Seu sabor de infinito É o que eu sempre quero Descontraído, amoroso Despojado, bronzeado Filho do sol, amante da noite O tempo não parou Passou como uma brisa Loucuras de um anônimo artista Acabou, acabou Hoje moro dentro dos olhos Dentro do coração No amor infinito de minha mãe

Não Sou Eu

  O som do lápis no papel Escrevo cartas de amor Textos misteriosos, recados Textos sobre o passado A mão é minha, Mas não sou eu o autor Será que é jovem, velho Ou um homem que virou mulher? Todo mundo tem o que dizer Espere na fila, em ordem Daqui a pouco é hora de descer Sou uma palavra amiga Um alento, fim do tormento O aumento da curiosidade Porta-voz dos curados, dos malditos Os incompreendidos, dos filhos Caminho mais curto O real encontrando o outro lado Olhos fechados, palavras Amor em mais uma carta Sou ponte, sou atalho Um intermediário Alto-falante de quem já está calado

Cara Pálida

  Cara pálida Cansada de sofrer Ando sob sol Para secar minhas lágrimas Cansei de derreter Cansei de ser travesseiro Amassado, jogado Que fica apenas com o cheiro Ruas cada vez mais longas Já não dou mais conta Paro no meio do caminho Para tomar um ar Chorar mais um pouco, respirar Para tirar todos os espinhos Todos param, todos olham Meu sofrimento é visível Tão longe da linha de chegada Tão perto de não ganhar nada Minha tristeza é tão crível Desisto do dia Viro refém da noite No escuro sei que não sou visto Apenas observo Esse mundo esquisito Pessoas que torcem pela desgraça Pareço morto, mas estou vivo

Comigo Mesmo

  Nunca estou sozinho Estou sempre comigo mesmo Muito bem acompanhado Escrevo músicas, escrevo cartas Penso no passado recente O que passou no último ano Reconheço minhas qualidades Meus abusos, minhas limitações Principalmente os meus defeitos Abraço o meu abraço Prendo minhas mãos Para não gastar com o que não preciso Não é fácil, nada fácil Não é fácil ser um cara esquisito Gosto de saber que eu não sei Que não sei de todas as coisas Sou igual meu pai, igual minha mãe Sou filho da insônia, da solidão Sou da tribo da raiva Mesmo com um bom coração

Poesia do Belchior

  Quero morar na poesia do Belchior Nas palavras certeiras de sua canção Na mensagem direta e sem curva Na sua busca por solidão Quero morar, eu quero Uma ideia na cabeça Pensamento no papel Aperte minha mão, aperte Mostre o seu sorriso Vamos viver para depois sonhar Vida de Belchior É para quem sabe amar Um tango em Paris Uma noite em um cassino O som de uma ópera Sua voz em meu ouvido E quando eu ficar calado Que você entenda meu silêncio E quando eu tiver medo Fique sempre ao meu lado Sou um Belchior apaixonado Quero deitar em seu corpo quente, quente

Malas Prontas

  Malas prontas Tudo no carro É hora de partir Sempre tão lindo Crianças sorrindo Vamos fugir O céu está ficando azul Tudo blue, tudo blues Pelo caminho uma canção Alegria que ninguém explica Família no coração Serra ou mar? Não precisamos decidir agora Vamos para onde Deus quiser E ele quer, quer, sempre quer Nada mais gostoso Do que o gosto do vento no rosto Nossa Fusca, uma aventura Nada mais gostoso Pense positivo, nada negativo Viva e seja feliz A vida é curta Acaba por um triz

  O doente tem fé Mesmo perto do fim É paciente e tem fé Abraça, diz adeus Segue com sua fé Em algo, em alguém Nem ele sabe bem Desejo e confiança Amanhã é outro dia Mesmo sem esperança Morre o homem, Só não morre sua fé Página em branco de um livro Destino que não está escrito Fé, um pouco mais de fé Portas fechadas O melhor caminho Fé Atira no que vê Acerta no que não vê É não ter certeza de nada Apenas acreditar, acreditar Andar no escuro Transformando tudo em luz Tudo em fé

Pedaços

  Quero um pedaço Um pedaço de prazer Bem fatiado, temperado Qualquer pedaço de você Minha fome, minha sede Vontade de ser Sobremesa sem mesa Em uma cama pra morrer De tanto amor Escolha suas armas Seus talheres O melhor prato é o vazio Vazio e sujo Depois de satisfazer Devorar até amanhecer Próxima refeição Seja almoço, janta Água na boca Corpo, alma, pão Eu sou o pão Quem vai pagar essa conta? Vou ficar devendo Suaves prestações Lavar louça todo dia Limpar o pecado da gula Nem tão pecado assim Roubar para comer Não vai ser dessa vez O meu fim

Silêncio

  Gosto do silêncio dos seus olhos Do barulho do seu sorriso Do mistério do seu juízo Gosto de imaginar, pensar O que está por trás dos seus planos Qual caminho você prefere seguir Quando apenas quer sonhar Não sei muito sobre sua vida Enxergo apenas o limite, seu limite Uma linha tênue Ousadia e timidez Fale um pouco de amor Explique só mais uma vez Quem mora em seu corpo? Quem invadiu sua alma? Somente alguém privilegiado Devidamente autorizado Por favor, suas respostas Sobre seu jeito refinado O bom soldado sabe como agir Diante de um retrato Pequeno três por quatro Não precisa fugir, não Aplausos para o seu destino Incerteza que virou convicção Gosto do silêncio dos seus olhos