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O Sol

  Gosto de olhar o sol Que vive atrás dos seus olhos Observar detalhes escondidos Sua beleza sem filtros Realidade nua e crua Como tem que ser O mundo real é assim Nem tudo é perfeito Sou fã e gosto, muito De todos seus defeitos Imperfeições Nem toda obra de arte é bonita Toques e retoques do artista Quadro sem moldura O auge da loucura O mundo real é assim Traumas e dramas Eu entendo sua mente Eu aceito, aceite você também Nem todo dia é um bom dia Nem toda nota é de cem Eu sei, juro que eu sei Não tenho dúvidas Jogo nas duas, na cabeça Toda aposta tem um risco É preciso errar para ter certeza Gosto de olhar o sol Que vive atrás dos seus olhos

Brilho da Primavera

  Coloco meus óculos Para ver o brilho da primavera Flores e florestas Apenas mais uma noite para morrer Azul escuro, lua vermelha Noites quentes, frias Noites tão belas Toda beleza e resplendor Natureza do ódio e do amor Nas mansões ou nas favelas Mais um dia bom para morrer Mãos sujas com sangue Sangue de Cristo, do meu filho Desejos delirantes Nada mais será como antes Estação das flores, das dores Corpo cansado, resignado Primavera maldita Já não sou um qualquer Sou conhecido, mas não sou artista Todas minhas qualidades Reunidas no chão de terra Engolindo poeira, comendo formiga Acabou, já era

Promessas

  Quantas promessas ficaram pelo caminho? Quantos sorrisos eu acreditei? Será que fui burro ou inocente? Ou apenas uma pessoa legal Que não enxerga maldade Que não conhece o mal?   Não vejo defeito em tudo Graças a Deus! Sou verdadeiro e puro Passageiro do futuro O que quase desistiu antes da hora Mas no fim da história sobreviveu   Mudar? Melhor não Não sou o errado Nesse mundo maluco Prefiro ser ao contrário O contrário é o certo Então venha para o meu lado Procurar defeitos, encontrar defeitos Em qualquer lugar, nos outros Enfrentar o medo, todo o medo   Engula sua maldade Morra com seu próprio veneno Seu abraço eu não quero Não quero facada nas costas Prefiro dar adeus, prefiro ir embora Embora, pra sempre   Quantas promessas ficaram pelo caminho? Já não acredito mais, não mais

Relógio

  Sigo tentando controlar O incontrolável tempo Enquanto tenho tempo Tento segurar, prender entre os dedos Mas sei que não tem jeito Areia da ampulheta, força do vento Está passando, passando Tic tac, bomba relógio Contagem regressiva Tudo, tudo está acabando Vejo dias, meses, anos Tudo está passando O fim já não está tão longe É preciso aproveitar, é preciso amar O poeta que tanto amou Também não teve tempo Mas pelo menos aproveitou Hoje já não tenho tanta pressa Penso duas vezes antes do próximo passo Quando dou o próximo passo Sou mais carioca do que paulista Não uso mais gravata, nada Agora é vida de artista Olhar o tempo faz o tempo ser mais devagar Mas sou um distraído, perdido O relógio não para de rodar

Vida Fácil

  Calça rasgada para provocar Pronta para amar, sem beijo Seu preço é alto, muito alto Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta Quem prova sempre volta Na esquina sob o luar Vida fácil para quem não está em seu lugar Muitas vezes acompanhada Muitas vezes sozinha Mesmo acompanhada Tão sozinha Cabelo bonito, bem tratado Seu corpo nem tanto, cansado Quem vê cara não vê coração E quem conhece seu coração Sabe o peso, o medo De cada sim e cada não O perigo é um fetiche Mas seu prazer é voltar para casa Abraçar seu filho Amanhã tem mais, mais Instrumento de trabalho, sagrado E quem protege, quem Nossa Senhora do Pecado

Anjo do Fogo

  Seus segredos, meus segredos Poucas palavras, quase nenhuma Na hora marcada estamos juntos Depois sem pressa, sem essa Um jogo sem regras Anjo do fogo Do céu vermelho Da mais profunda tentação Anjo da noite Do asfalto quente Silêncio quebrado por um beijo, desejo E o tempo parado lá fora De joelhos, jogado aos seus pés Esperando o fim, seu último ato O toque da sua boca Sua boca espalhando pecado Um brinde para eternidade Para nossas fraquezas O vício e a doença O combinado é não ter saudade Anjo do céu vermelho O inferno não tem espelho

Música

  Movimento em fúria Remédio da alma O som da natureza Terra, ar, água e fogo Trilha sonora do destino Eu brinco de música Eu sou música Para uma dor imensa Música Para alegrar Música Para quem já está alegre Música Para coração partido Para brincar com o filho Música para balançar o vestido E quando quero falar com Deus Oração Mas para tocar em Deus Música O mundo na palma da mão Tudo mais perto, muito perto Quando fecho os olhos E canto uma canção Música para ter um amor Um amor sempre tem uma música Nenhuma despedida é em silêncio Tem barulho bom por dentro Chorar ou sorrir Música para qualquer tempo

Esquina

  Em uma esquina qualquer Está tocando Cazuza Voltei no tempo O tempo não parou Hoje vejo seu rosto indefinido Sua falta de sorriso Sempre foi assim Eu prefiro assim Hoje entendo Lulu E o tão falado bel-prazer Ando por lugares repetidos Os mesmos caminhos Adulto que vira criança Brinco em árvores, beijo plantas O sol está tão forte Ainda tenho dor de cabeça Cresci com todas as incertezas Com medo de gostar, gostar De todos os presentes, todos Que recebi da mãe natureza Vou e volto, volto e vou Para todos os lados Lado contrário, de lá Idas e vindas, tentativas Boas e tristes lembranças Gosto bom, ainda hoje, na garganta

Imperfeito

  Gosto do imperfeito Nada de roteiro Da pergunta inesperada No meio do choro Uma gargalhada Gosto de não saber o caminho Andar sem destino Não deixar pegadas Barco à deriva Sem bússola, sem guia Coração sem GPS Quando quero voar Viro pássaro Quando quero sonhar Acordo Sou do mundo, sou de todo lugar Fã liberdade Livre, solto Nado dentro da onda de uma canção Viajo nas páginas de um livro Sou amigo de todos, qualquer um Vivo de abrir portas E não sofrer com a solidão Minha regra é não seguir regras Quer dizer, só algumas Umas e outras, poucas Saber que existe o amanhã Mas deixar ele para depois Meu tempo é curto, curto, muito É viver para não morrer

Minha Vida

  Vou falar da minha vida De muitas tristezas De poucas alegrias Vou falar da minha vida Do braço quebrado Do choro apertado Do nariz escorrendo Tempo de criança Infância inesquecível Pés descalços, sem camisa Futebol na rua, dedão na guia O sonho de ser invisível O mais quieto da escola Medo da professora Mão para cima, posso ir ao banheiro? Ladrão de giz, recado na carteira Bomba na quinta série Nota zero em geografia Na merenda, comida ou besteira Adolescência Mais uma espinha Muitas dúvidas Nenhuma ousadia Corpo que vira e mexe Corpo que cresce Não existe noite, muito menos dia Ser adulto não é fácil Cada segundo fica pior Um piscar de olhos e... Tudo acaba, tudo acaba em nada Não adianta ter vontade Viver é um drama Qual é o peso da idade?

Olhar Preto e Branco

  Acabei de conhecer o seu olhar Em um lindo retrato preto e branco Seu poder agora está Aqui dentro pulsando E eu vou ficar, vou ficar Por um tempo, um bom tempo Em silêncio admirando Vou esperar suas palavras Primeiras palavras Convocando, ordenando Querendo saber meus segredos Todos os meus planos Um café ou qualquer outra bebida Em um encontro sem engano Você fazendo pedidos Pensando nos pecados Eu apenas pagando Agora é controlar Toda minha ansiedade Minha vontade de você Olhando do alto, salto no asfalto Só querendo ter prazer Vou esperar, estou esperando Sua boa vontade, o seu querer Acabei de conhecer o seu olhar

Papel de Bala

  Um papel de bala sem bala Dentro de uma gaveta Penso no sabor, o seu sabor Seu garrancho em um bilhete Depois de uma linda sexta De bom papo e talvez amor Música boa não envelhece Vive dentro da cabeça Igual todo e qualquer líquido Que sai do corpo quente Criando perigo, totalmente inesquecível Lembranças, todas lembranças Aquelas flores ainda estão no vaso Guardei sua foto, seu retrato Juro que vou mandar um três por quatro Filme do passado Perfume de saudade Pequenos detalhes, gestos Distantes, gigantes Ter boa memória é um defeito Mas que eu adoro ter E já decidi É com você que vou morrer Papel de bala sem bala Em uma gaveta Agora trancada