Subida do Luto

Ando pela calçada
Uma enorme ladeira
Língua arrastando no chão
Um dia ainda vou morrer
Rua do cemitério
Conto baratas no muro
Minha distração
Tem aquela estátua que mostra o tempo
Eternidade para quem não está mais vivendo
O sol castiga demais
Maltrata minha pele
Não tenho protetor
Pelo menos ainda não descanso em paz

Do Pacaembu até Clínicas
Triângulo das Bermudas
Hospital, necrotério, túmulos
Na maca, na mesa, no caixão
O Arnaldo só anda de metrô
Já está no paraíso, era doutor

Minha praia, um asfalto quente
Na Paulista tanta gente
No alto de um prédio enxergo tudo
Do seu samba tão quadrado
Do seu povo cheio de orgulho
Somos felizes, apesar da cara de luto

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