Gritos


Escuto gritos de um lado
Escuto choro de outro
Parado no corredor
Não sei em qual porta eu devo entrar
Não sou bom com palavras
Muitas vezes respiro errado
Vivo em silêncio e sem ar

Sou sempre muito observador
Escuto risada, imagino gemido
Vejo sensualidade em tudo
No dedo molhado que muda página de um livro,
No beijo da reconciliação
Toda certeza me irrita, o acho não
_
O bom de ensinar é desaprender
Conhecer estraga o que eu gosto
Prefiro o mistério das pessoas inteligentes
Esperar é saber ser paciente

Quando eu morrer
Que seja em uma rede
Para o meu balançar confundir
Mas se eu cair em uma calçada
Não quero jornal velho sobre meu corpo
Prefiro os versos de um maldito
Com frases riscadas e sublinhadas
E que ninguém espante os pombos

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