Lixo
É toda dele, sempre dele
Quem suja minha cidade
Quem picha parede
O invisível que invade minha casa
E joga tudo no rio
Não é culpa minha
É culpa da puta que pariu
Água suja que escorre
Sujeira que morre
Embaixo do meu tapete
Mundo um pouco mais doente
Meu telhado de vidro
Vou esconder o paralelepípedo
Eu tenho nome
Sou conhecido como cidadão
Pacato, outras vezes revoltado
Quase sempre sem razão
Na calada da noite
Eu mostro minha cara
Saio pelo buraco que entrei
Sou rato, sou bicho
Sou o errado que ninguém vê
Aqui nasci, aqui vou morrer
No lixo, no lixo
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