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Mostrando postagens de setembro, 2024

Cadeiras

Verde pegando fogo O céu engasgado Cansado, desabando Por pouco E enquanto isso No reino dos sem juízo Cadeiras estão voando O final é cinza Verdade é mentira Meia-noite é noite Mas já é bom dia Será? E amanhã O que vai ser Do amanhã? Vai ser Vai ser difícil Vai ser difícil sobreviver Saudade do azul Saudade de quando tudo era azul Enquanto isso O planeta quase parando E cadeiras voando 

Suas Coisas

  Uma fotografia perdida Entre tantas outras Entre várias esquecidas Foto sua sorrindo, feliz Nem parecia ser o fim Fiquei com suas coisas Algumas poucas coisas Queria tanto devolver Entregar em suas mãos Nem sei como vai ser Livros, histórias Memórias Um pouco de você Discos e CDs Seus óculos de sol Poesias e receitas Suas frases feitas Seu cheiro no lençol Os dias estão longos Longuíssimos Objetos pela sala Todos com sua cara Mas por aqui Sua voz ainda fala

500 Páginas

  Sou um livro de quinhentas páginas Página que você volta para reler Sou um capítulo longo Com frases grifadas Trechos para não esquecer Sou o seu autor predileto O poema direto e reto Uma história sem fim Uma história real Enredo repetido Nada original Sou uma capa bonita Um grande mistério Um clássico Engraçado e também sério Faça um resumo Estude tudo, tudinho Leia todas linhas Entrelinhas Vou cair em sua prova Vou morar em sua vida

Bêbados

  Descalços Passos lentos Dois bêbados Quarto de hotel Lua sem mel Lábios em movimento Por um instante Um momento Felizes Taças quebradas Garrafas Nossas gargalhadas Risadas sem motivo Ninguém sabe Quando é dor ou prazer Nossos gritos Sóbrios Caídos Destruídos Cansados Pelados Dinheiro jogado Pó espalhado Maço de cigarro Viciei Beijo molhado Tudo outra vez

Muro Invisível

  Longe dos meus olhos Nem tão longe assim Atrás do muro invisível Aqui tão perto de mim Embaixo do meu chão Por cima do céu azul Canto uma canção Nossa canção Estrelas são peixes Na constelação Rio que você gosta de nadar De costas, borboletas Livre para voar Leve desespero Entendo Sei o que está acontecendo Palavras gravadas Últimas palavras reveladas Sopro de uma vida Viver é saber que tem despedida E todo vento que bate Penso que é você Acho que é Atrás do muro invisível Um sonho incrível Minha fé, toda minha fé

Cordeiro

  Vamos para o Rio... De janeiro, fevereiro Outros meses também Beijar os pés do Cristo Olhar o céu azul A olho nu Simplesmente dizer amém Vamos tomar um banho De Rio, de mar Vamos viver um pouco mais Vamos procurar nossa paz E tudo é uma questão de encaixe Você sabe, como sabe Sabe muito bem Somos abençoados Somos o retrato Do amor que deu certo Já deu No infinito uma paisagem Desejo, mãos dadas O brilho do sol Anunciando nossa chegada Intimidade é achar tudo natural

EstrelaNando

  Peguei carona Fui de passageiro para o espaço Estava precisando de espaço Fui conhecer outros quintais Outras ruas de terra Você vai receber notícias Nos jornais, nos portais Fique atento aos sinais Vou escrever cartas Também levei minha Polarid Daqui de cima vejo o cinza Mas eu prefiro azul Todos os tons de blue Não comprei passagem de volta Vou ficar dando voltas Deixar o tempo passar Vou fazer um pouco de hora Não sei qual é o meu lugar Entre estrelas e astros Um show marcado O Nando está cantando Nenhuma luz, nenhum farol Ainda estamos procurando O falado segundo sol

Mentirinha

  Eu amo você De mentira Eu amo você Do meu jeito estranho Diferente Sei que confundo Mas eu amo E com todo cuidado Eu te amo Do tamanho exato Sou assim Sempre sou assim Para sempre assim O amor é uma história Sem nenhuma lógica O fim não está no fim Adoro confundir Mexer com sua cabeça Amor e suas incertezas Eu amo você De mentirinha

Todo Dia

  Você foi embora Junto com sua memória Toda sua história Fez chorar, emocionar E voltou tão falante Naturalmente falou Disse que não tinha o que dizer Só foi resolver O que sua mente mandou Seu olhar de estranheza Nem foi tão estranho Seu mundo é desse tamanho O que vai ser? Como vai ser? Seus filhos na moldura Pregados na parede Ocupando espaço Poucos espaços Sorriso engolindo o choro Ainda não estamos prontos Vamos soprar em seu ouvido Dia nublado também é bonito Todo dia o mesmo dia Frases repetidas Leve uma blusa Essa madrugada vai ser fria Leve uma blusa Não esqueça da blusa Já pegou sua blusa? Todo dia o mesmo dia

Cotidiano

  Um espirro Acompanhado de outro O cotidiano é fogo Todo o bom gosto Um disco na vitrola Meninos jogando bola Já é hora do almoço No agasalho Cheiro de naftalina Não tem televisão na sala Agora fica lá em cima Uma família moderna Como antigamente Papai reclamando Mamãe plantando semente No carro Um cigarro esquecido O Júnior está com pressa O trânsito está terrível Daqui a pouco tem palestra Vamos escrever cartas Pregar quadros na parede Andar de bicicleta O cachorro está com sede Onde está minha blusa Vermelha e preta? Não está na gaveta

Um do Outro

  Nunca ninguém viu A gente longe um do outro Um é extensão do outro Estamos sempre juntos Um único ser E para sempre vai ser Assim vai ser Madrugada que encontra o amanhecer Tesão que termina em prazer Seu abraço, meu abraço Filhos do antigo e moderno amor Um laço Unindo o que nunca quebrou Aliança, Que prende Por livre espontânea vontade Na hora do sim O sim, sim Mera formalidade Não existe nenhuma dúvida Quem está feliz Nós Não nos desgrudamos Falamos No olhar, no silêncio Olhos fechados Guardados em sono profundo Qualquer parte do mundo Almas gêmeas

Ser Dia

  Cansei de ser noite Quero ser o sol do meio-dia O amor, toda alegria Abraço apertado Poesia Vento que soprou Balançou meu cabelo Vento que levou meu perfume Meu cheiro Tudo podia ser mais leve Sem suas neuras Seus medos Seu fetiche Meu sentimento Sua brincadeira Meu tempo Sua fantasia Minha realidade Pode não parecer Sou de verdade Não sou objeto Do seu ato sexual Mate sua curiosidade Longe do meu Carnaval Cansei de ser noite Venha clarear o meu dia

Obrigado

  Sou vulnerável Sou do seu tamanho Somos iguais Somos normais Também erro Sei que erro Nós erramos Nos desculpamos Hoje estou vivo Eu sobrevivo Graças ao amor Hoje eu choro Hoje imploro Peço por favor Segure minha mão Deixe meus pés no chão Mais um dia limpo Sem nenhum conflito A terrível solidão Uma canção para abençoar Abraçar, alimentar Ingredientes de uma receita Apenas duas letras Vamos nos emocionar Ainda vivo Ainda limpo

Palavras de Cazuza

  Minhas palavras quentes Nas páginas frias de um livro Minhas poesias Sou uma máquina de escrever Falo sobre o que todo mundo enxerga Mas quase ninguém vê Sou do século passado Sou tão atual Uma trilogia Outra língua Sou o desejo carnal Gravata que não combina Com minha camisa de força Sou a voz de tantas bocas Ainda sou uma voz Mais que uma lembrança Um vulcão adormecido Adormeceu mas não morreu O grito do excluído O luxo e o lixo Ainda sou novidade no museu Minhas palavras quentes...

Livramento

  Melhor do que achar É perder O lado bom do amor Pode estar no final Depois da despedida Após algumas brigas No momento do tchau Opostos, contrários Distantes, separados O bom passo É o que leva para longe Cama de solteiro Boca seca sem beijo Um bom travesseiro Só para mim Um grande erro Antes só do que.. Nem deveria ter começado Papo bobo de paixão Um belo chute no saco Vítima do próprio golpe O fim é mais que sorte Bom livramento Perde hoje Para ganhar hoje mesmo O bom e velho tempo

Janela

  Pela janela observo minha sorte Conto os minutos, os poucos Estou quente, muito quente Tenho febre, calafrios Mais uma vez estou doente Da janela eu vejo... O sol tentando brilhar A chuva que não refresca O céu é o meu espelho Realmente está feio E quando chegar O inevitável dia chegar Você vai saber Um vento que sopra Um copo que quebra Um dedo que corta Você vai saber Vou mandar sinais Um estranho arrepio Uma estranha paz Todo sonho é verdade É tudo real Realidade aumentada Para você nunca esquecer Jamais esquecer de mim Pela janela observo...

Luz

  Chegou setembro Já enxergo o fim Do ano, do meu plano De vida, toda vida Que deixei em suas mãos Enquanto viajei Por todo o calendário Dias pretos, dias vermelhos Os muitos que chorei Já chegou o mês nove Meu número de sorte Uma gestação Criança abraçando o papai Noel, no céu Mas ainda não acabou Setembro chove E também tem vento Reta final do livro Perto do último capítulo O que resta de um grito Só mais três, conte até três Conte tudo outra vez Está chegando Velas apagando Um fio de luz